sexta-feira, 25 de setembro de 2009

OAB e adeptos do candomblé denunciam ação da PM ao secretário Paulo Rubim

Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Alagoas, e adeptos da religião de matriz africana se reúnem nesta sexta-feira, às 9h, com a juíza Denise Lima Calheiros, para solicitar a devolução dos instrumentos de candomblé do Centro Espírita Africano, do pai de santo Francisco de Paulo Araújo, de 74 anos. Os atabaques foram apreendidos, na última terça-feira (22), por uma guarnição da Polícia Militar (PM).

Já no período da tarde, a partir das 14h, o mesmo grupo tem encontro com o secretário de Defesa Social, Paulo Rubim. O objetivo é discutir o fim dos casos de intolerância religiosa praticados pela PM. As duas mobilizações foram agendadas, na tarde de hoje, pelos presidentes de comissões da OAB/AL, Gilberto Irineu (Direitos Humanos), e Alberto Jorge (Defesa das Minorias) e a superintendente de Promoção dos Direitos Humanos, Josilene Lira, após terem sido procurados pelos adeptos do candomblé, que denunciaram o caso do pai Francisco.

O presidente dos Zeladores da Religião de Matriz Afro, Paulo José da Silva, disse que o caso de intolerância religiosa praticado contra o pai Francisco é o segundo protagonizado pela PM, em menos de quatro meses. Paulo Silva afirmou ainda que ficou surpreso quando soube que os policiais militares invadiram o terreiro de candomblé do pai de santo e levaram os instrumentos musicais da religião afro. Segundo ele, o comandante da PM, coronel Dalmo Sena, havia prometido em uma reunião ocorrida em julho que esse tipo de caso não iria mais acontecer. “Ficou até acertado que as religiões de matriz africanas passariam a integrar a formação dos policiais”

Ainda de acordo com Paulo Silva, os casos de intolerância religiosa já aconteceram nos bairros de Vergel, Ponta Grossa, Benedito Bentes. “O coronel Sena se comprometeu que iria orientar o todo o comando da PM para que não usar de abuso e violência, mas, no entanto estamos surpresos com o último acontecimento”, contou Paulo José. Já a superintendente de Promoção dos Direitos Humanos, Josilene Lira, classificou a invasão do centro espírita e a apreensão dos instrumentos do pai de santo pelos policiais militares como um “verdadeiro despreparo”, mas julgou o caso como um fato isolado.

Josilene Lira afirmou que o governo tem buscado introduzir nas instituições públicas o respeito a religião de matriz africana. “Buscamos fazer um trabalho para evitar que situações desrespeitem a pessoa humana sejam praticadas pela própria polícia”, disse. Para Irineu esses episódios são uma afronta ao Estado de Direito. “É um desrespeito e um cerceamento à liberdade de culto e de crenças”, ressaltou Irineu.


Fonte: Ascom-OAB (24/09/09)

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