Uma das coisas que me entristesse neste estado que me adotou como filho e que só a muito pouco tempo comecei a entender é a baixa auto-estima do seu povo Negro.
No próximo dia 02 de fevereiro estaremos refletindo e questionando o centenário do holocausto ocorrido com o povo praticante das religiões de matriz africana neste estado: Uma onda de violência que começou em Maceió e se expandiu por todo o estado, com a conivência das autoridades estaduais da época, tinha como alvo os terreiros de Xangô (como eram chamados os templos das religiões na época) que foram invadidos e seus líderes e seguidores expostos as mais diversas formas de humilhação. A maior delas era vê seus objetos sagrados serem violados, pilhados e destruídos em praça pública.
Os praticantes das religiões eram apontados e achincalhados por onde passavam e muitos deles fecharam os seus templos e fujiram para a Bahia ou para Pernambuco. Os praticantes, na sua grande maioria, eram descendentes de africanos que tiveram neste acontecimento, suas vidas totalmente modificadas começando por esconderem e, em muitos casos, negarem a sua religiosidade.
O "Xangô rezado baixo" era a denominação usada para identificar os praticantes resistentes que continuaram seus rituais na clandestinidade sem o uso dos atabaques (instrumentos musicais ritualísticos que com seu som levam o chamamento dos praticantes aos Orixás). Enquanto na Bahia, em Pernambuco e até no Maranhão a religião se tornou motivo de fortalecimento da dignidade e auto estima do povo negro. Aqui em Alagoas o contrário aconteceu: A religião era motivo de vergonha e humilhação e como a cor da pele era um elo com esta religião o negro alagoano passou a se "morenizar" e a perder a sua auto estima.
Este pequeno relato foi para resgatar uma história que foi "varrida para debaixo do tapete" para a maioria dos alagoanos e reafirmar a minha indignação, como adepto do candomblé, pelo fato ocorrido ontem nas praias de Maceió: O que o povo negro de alagoas precisa é de ações afirmativas e não de ações preconceituosas e separatistas.
O culto a IEMANJA (YÈYÈ OMO EJÁ - A mãe cujos filhos são peixe) em Maceió deve ser tão antigo quanto a cidade que hoje (09.12) completa 172 anos e não são algumas autoridades que deverão determinar o horário e o espaço onde este ritual deverá acontecer. Uma determinação como esta deve ser resultado de uma grande discussão, em nívem estadual, envolvendo representantes do povo de terreiro e de todos os seguimentos da sociedade, já que muitos terreiros do interior vêem à Maceió para esta grande celebração, e, apartir daí, tentar solucionar este problema que, ao meu ver, é de poucos e não comtempla a grande maioria da população.
O que presenciei ontem na praia de Pajuçara foi uma celebração diminuída, confusa e tumultuada.
Não quero um novo QUEBRA e acho que a grande maioria da população também NÃO QUER!!!!!!
AXÉ!!!
IGBONAN ROCHA
Contatos: (82) 9982-8377 ou 8854-7758 / http://igbonanrocha.com.br
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