sábado, 24 de dezembro de 2011

Funcionária é agredida dentro do Supermercado GBarbosa

A vítima que é uma mulher negra sofreu violência moral e física, e o gerente da loja evitou prisão em flagrante



Texto e fotos: Helciane Angélica – Jornalista/integrante da Cojira-AL


O Natal é considerado o período mais esperado do ano para as famílias e empresas, onde as pessoas pregam a paz, união e o amor ao próximo, além de irem às compras para adquirir os produtos das confraternizações e garantir a troca de presentes. Porém, a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL/Sindjornal) denuncia um fato lamentável que ocorreu na última quinta-feira (22.12) em Maceió.

Por volta das 10h30, no Supermercado GBarbosa localizado no bairro da Cruz das Almas na capital alagoana, a funcionária Cássia da Silva Nicandio, 37, foi covardemente agredida por outro funcionário chamado James das Neves Bernardes no próprio local de trabalho. Segundo a vítima, James era uma pessoa reservada e tranquila, mas nos últimos dias estava sendo grosseiro com todos, inclusive, com a encarregada do setor.

Eu fui conversar para saber o que estava acontecendo, ele tinha faltado e perguntei se estava doente, se estava tudo bem. Ele disse que tinha todas as doenças do mundo e que ninguém do trabalho acreditava”. Cássia terminou perguntando se aquilo era destinado a ela, e aos gritos James respondeu: “se a carapuça serviu o problema é seu”. Diante da resposta ríspida, pediu para abaixar o tom de voz e foi quando ele partiu para cima, ela se protegeu com um empurrão e depois foi atingida com uma lata de refrigerante na cabeça.

A partir daí, as agressões se multiplicaram sobre os olhares de outros funcionários e clientes. James tentou dar uma “gravata” no pescoço, jogou-a no chão, deu socos e pontapés, enquanto, as pessoas gritavam pedindo para parar e tentavam afastá-lo. Com a chegada do gerente, o ataque cessou e os demais funcionários queriam linchá-lo, mas, ele foi conduzido para o setor pessoal onde ficou um tempo, deixou seu atestado médico, e em seguida liberado.

A polícia não foi acionada e com a demora da SAMU, a vítima saiu desacordada em um carro de um amigo e foi atendida em um hospital particular. Posteriormente, seguiu para a 1ª Delegacia Especializada no Atendimento a Mulher; onde prestou queixa e o boletim de ocorrência, depois foi até o Instituto Médico Legal (IML) fazer o exame de corpo de delito.

Para a ativista do movimento negro alagoano, Filomena Felix Costa – Presidenta do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, entidade vinculada aos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs), onde Cássia também é integrante – sua amiga foi duplamente agredida. “Foi um absurdo o agressor não ter sido preso em flagrante. Se fosse uma cliente que tivesse sido espancada, ele seria liberado? E se fosse alguém que estivesse roubando a loja, mesmo que fosse um confeito também seria liberado? Onde estavam os seguranças? Esse caso não pode ser esquecido, temos que denunciar na mídia porque a empresa foi conivente durante o momento e também por se tratar de uma mulher humilde e negra, que foi humilhada e teve seus direitos violados”, exaltou.

De acordo com Cássia Nicandio, o gerente mencionou que pretende demitir o funcionário, assim como, afirmou que a empresa está à disposição dela para o que for preciso, e que ela junto à família fizesse o que estivesse ao seu alcance para denunciar o agressor. Neste momento, Cássia anda com dificuldades devido ao inchaço na perna e dores no corpo, e afirma está se sentindo envergonhada com o que aconteceu.


Assessoria jurídica

O advogado Alberto Jorge Ferreira dos Santos, conhecido por Betinho, que é Presidente da Comissão de Defesa das Minorias Étnicas e Sociais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Alagoas) está acompanhando o caso. Ele informou que entrará com uma ação de rescisão indireta de contrato de trabalho, pois a vítima encontra-se em estado de choque e sem condições de exercer suas funções no local, além disso, a omissão da empresa ainda pode acarretar em danos morais.

Em relação a James, o advogado comparecerá com a vítima na próxima terça-feira (27.12) às 9h na Delegacia das Mulheres para conversar com a delegada Paula Mercês da Silva e saber se a intimação referente à lesão corporal foi entregue e seguir com trâmites legais necessários para punir o agressor.

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