domingo, 11 de dezembro de 2011

Entidade faz protesto para denunciar caso da estagiária negra

O caso da estagiária Ester Elisa da Silva Cesário, 19 anos, que acusa a direção do Colégio Internacional Anhembi-Morumbi, do Brooklin, zona sul de S. Paulo, de obrigá-la a alisar o cabelo para se enquadrar aos padrões de boa aparência da escola, será o tema da manifestação convocada pela Uneafro-Brasil - União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora -, entidade que reúne militantes da causa negra, da luta anti–racista, da causa das mulheres, da diversidade sexual e do combate a outros tipos de discriminação e preconceito.

A estagiária disse que foi repreendida por uma diretora por causa do cabelo e pela forma como se vestia. “Como você pode representar o nosso colégio com esse seu cabelo crespo. O padrão aqui é cabelo liso e eu tenho que zelar pela boa aparência", teria dito a diretora.

De acordo com a estagiária, a diretora também teria anunciado que estava estava encomendando camisetas para encobrir os seus quadris "porque para onde os pais iam olhar". Ela disse que a única resposta que deu foi: "Eu não posso ser branca nem ter o cabelo liso”.

Queixa na Polícia

Depois de registrar queixa na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos da Intolerância, no último dia 24 de novembro, contou que foi isolada pelos colegas e transferida de função. Ao invés de atender ao público passou a trabalhar nos arquivos da escola.

Segundo a conselheira da escola, Mercedes Vieira, o Colégio Anhembi-Morumbi não tem preconceito e atribuiu o caso "a um ruído na comunicação". “A regra é prender o cabelo e usar o uniforme. Ela não entendeu direito", afirmou.

O advogado Clayton Borges, foi constituído pela estagiária para acompanhar o caso na esfera civil e criminal.

Manifestação

Segundo o membro do Conselho Geral da Uneafro-Brasil, Douglas Belchior, o objetivo da entidade “é construir condições de diálogo com o objetivo de alcançar ações reparatórias dirigidas à vítima do racismo, bem como a efetivação de ações pedagógicas no campo do combate ao racismo no campo da Lei 10.639, dirigida à Escola”.

Belchior disse que, apesar da Escola já ter se manifestado a respeito, assumindo compromissos com a prática da diversidade “é fundamental o diálogo com Movimentos Sociais que historicamente lutam por Justiça e cidadania para a população negra”.

“É nossa imensa intensão não deixar que este caso caia no esquecimento ou seja jogado na vala comum como apenas mais uma violência sem maiores conseqüências. Não entendemos tal acontecimento como caso isolado, mas sim, como parte de uma prática extremamente desumana e que deve ser combatida”, afirmou.

A manifestação está marcada para acontecer as 14h, em frente ao Colégio, na Rua Michigan, 962, no Itaim Bibi (Travessa da Avenida Santo Amaro).

Veja reportagem do Jornal Nacional da TV Globo, edição de 07/12/2011






Fonte: Afropress (09.12.11)

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