Por: Helciane Angélica
No dia 15 de outubro, o auditório do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado (Sintep) localizado no bairro do Prado em Maceió, ficou apertado para receber o número de representantes do movimento social negro alagoano. O motivo do encontro foi a presença de Zulu Araújo, presidente da Fundação Cultural Palmares, que é interligada ao Ministério da Cultura. Aliás, não foi uma simples visita e sim uma convocação para discutir dois pontos importantes: a instalação do escritório da FCP na cidade de União dos Palmares e a programação político-cultural do mês da consciência negra.
A reunião começou às 18h30 e só foi concluída às 22h, no início foram destacadas as ações realizadas pela Fundação e os novos projetos que buscam ampliar os avanços das questões étnicorraciais para o país.
“A Palmares a partir de agosto quando completou 21 anos de existência, vive uma nova realidade, principalmente em relação às propostas. Estamos investindo na reestruturação, antes trabalhávamos de forma precária e tínhamos cerca de 2/3 do número de funcionários terceirizados, mas, agora temos 139 funcionários de carreira e até o final do ano queremos ampliar em 200. Além disso, iremos investir nas representações regionalizadas, nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Maranhão e Alagoas”, declarou Zulu. A escolha deu-se pela importância geo-política e pelo percentual do número de afrodescendentes; Alagoas é o único de âmbito estadual e que terá um escritório, com a principal missão de atender as reais necessidades da Serra da Barriga e a administração do Parque Memorial Quilombo dos Palmares.
Essa pauta foi bastante polêmica, pois a escolha do futuro secretário ou secretária estadual ainda não foi definida e vários nomes foram especulados para a disputa, como: Mestre Claudio, Djalma Rosendo, Arnaldo Barbosa, Neide Mitomari e Zezito Araújo – o resultado deve ser apresentado no próximo mês. Para o escritório, o imóvel já foi providenciado e terá a contratação de três auxiliares por meio de licitação: assistente administrativo, secretário(a) e serviços gerais. Em relação à programação festiva do 20, foram recebidos alguns projetos e considerados exorbitantes, por enquanto, o apoio que foi divulgado é a escolha de uma atração nacional para se apresentar e 10 ônibus que deslocarão ativistas, estudantes, professores e demais interessados de Maceió até a cidade palmarina, entretanto, outras propostas ainda serão discutidas.
No encontro, estiveram presentes vários grupos filiados ao Fórum de Entidades Negras de Alagoas (Fenal), capoeristas, religiosos de matrizes africanas e representantes da Associação dos Grupos e Entidades Negras de União dos Palmares (Agrucenup).
O curioso dessa história são os jogos de interesses, enquanto tem instituições que executam ações durante o ano inteiro, superando as dificuldades estruturais e financeiras; outras, só se preocupam em produzir projetos nas vésperas do Dia da Consciência Negra e principalmente com o cachê que podem “arrancar” nesse período. Aí, resta sempre a mesma pergunta: a consciência político-cultural e a resistência negra só existem em novembro? Críticas sempre presentes, apenas, para a reflexão e crescimento. Axé!
Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (20.10.09)
Esse Zulu continua com essa mesma história há anos, não? Nunca trouxe nenhum projeto aqui pra Alagoas e promete há 5 anos criar uma representação da Fundação Palmares aqui também.
ResponderExcluirEle acha que o povo negro só vive de festa é?
Pois concordo com você, Helciane,"enquanto tem instituições que executam ações durante o ano inteiro, superando as dificuldades estruturais e financeiras; outras, só se preocupam em produzir projetos nas vésperas do Dia da Consciência Negra". E uma dessas "outras" é a Fundação Palmares, que só sabe fazer festa, festa, festa. A vida é uma festa pra essa gente.
Cadê as políticas públicas pra melhorar a nossa situação de negro, de excluído?
Só digo uma coisa, essa reunião é mais uma balela! Precisamos de dirigentes públicos de verdade, interessados em nossa causa.
É bom deixar registrado que a Fundação Cultural Palmares é um órgão sério, que possui projetos/ações importantes, principalmente em relação às comunidades quilombolas. Não adianta ficar colocando a culpa na instituição para tudo de errado que acontece.
ResponderExcluirO problema é que muitos grupos políticos-culturais só se preocupam com as atividades apenas no mês da consciência negra e dependem exclusivamente da grana oriunda da FCP que é interligada ao Ministério da Cultura.
Em relação às festas, tem que ter sim ... o nosso povo também deve festejar os avanços conquistados e esquecer das dificuldades diárias.
É isso! Axé!