Texto: Ascom/Iteral
Fotos: Leto Santana – Mestre de Capoeira (CORTESIA)
Durante toda a madrugada dessa segunda-feira (6)
na Serra da Barriga localizada no município de União dos Palmares, zona da mata
alagoana, ocorreu a Vigília Afro “Honra e Referência aos antepassados”. A celebração
foi composta por caminhada, cânticos, reflexões e apresentações artísticas em
alusão ao dia do massacre e destruição da sede do Quilombo dos Palmares no ano
de 1694, e também, homenageou todos os guerreiros e guerreiras quilombolas que
lutaram por liberdade e contra o período escravocrata brasileiro.
Estiveram presentes cerca de 200 pessoas, demonstrando
uma ampla diversidade sociocultural e política: membros titulares e suplentes
do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir/AL);
pesquisadores e estudantes universitários; mestres, instrutores e professores
de capoeira; sindicalistas; babalorixás, yalorixás e adeptos das religiões de
matrizes africanas; evangélicos da Igreja Batista do Pinheiro; ativistas do
Movimento Negro e LGBT alagoano; lideranças quilombolas da comunidade
remanescente de quilombo Muquém; além de convidados oriundos de outros estados,
a exemplo, do Rio de Janeiro e Bahia.
A estudante de enfermagem, Yara Costa, de 25
anos, só tinha visitado à Serra da Barriga durante as festividades do Dia
Nacional da Consciência Negra (20 de novembro) e dessa vez levou seus
familiares para conferir a cerimônia afro. “Eu
achei que o evento conseguiu cumprir o seu papel de trazer a história de tudo
que aconteceu naquele espaço. Em cada parada, eu consegui entender melhor sobre
a data e a união deles [quilombolas], de
como a capoeira foi fortalecida e também sobre a religião. Eu me surpreendi
muito com a organização e com a acolhida, mesmo com o cansaço, a gente se
animou com a apresentação do grupo de dança afro e o teatro ”, afirmou a
jovem.
A programação recebeu o apoio do Governo de Alagoas,
por meio do gabinete civil, Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos
Humanos (SEMUDH) e do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral).
Também contou a colaboração da Fundação Cultural Palmares, vinculada ao
Ministério da Cultura; Prefeitura Municipal de União dos Palmares; Universidade
Estadual de Alagoas (Ufal); Sintufal; Uninassau; Movimento de Arte e Cultura
Popular de União dos Palmares (CELCAB); Espaço Baubá; Grupo União Espírita
Santa Bárbara (GUESB) e Adapo Muquém.
De acordo com Leone Silva, socióloga e assessora técnica
dos núcleos quilombolas e indígenas do Iteral, o evento consolidou o
engajamento governamental e proporcionou uma infraestrutura apropriada, com conforto
e segurança aos participantes. “A vigília
afro é de fundamental importância para o povo alagoano, porque acreditamos que
ela tem o objetivo de fortalecer e aproximar os segmentos afros, como também,
de perpetuar a história e cultura do nosso povo, incentivando os mais jovens
para o amor e o respeito à identidade afrocultural. Diante disso, o Iteral foi
um dos parceiros e garantiu o apoio com o transporte”, destacou Leone.
História
O Quilombo dos Palmares resistiu por aproximadamente cem anos,
chegou a ter uma população superior a 20.000 habitantes formada por escravos
fugidos, indígenas e brancos empobrecidos. Essa “república negra” possuía uma
organização sócio-política-militar, com mais de 10 mocambos (esconderijos) estratégicos
distribuídos na zona da mata, entre os estados de Alagoas e Pernambuco, e
ocupou uma área de aproximadamente 200km2. Já a Serra da Barriga – sede administrativa do
Quilombo – atualmente é considerada um templo sagrado e palco da resistência
negra; e desde novembro de 1986 foi inscrita no Livro de Tombamento
Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, e ainda, foi reconhecida como Monumento Nacional no ano 1988, pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
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