terça-feira, 10 de novembro de 2015

Bandas afros alagoanas

Durante a década de 1990, elas eram uma sensação em Alagoas! Todo mundo queria participar, imitar e prestigiar as bandas afros inspiradas nos grupos afrobaianos.

Esses grupos se espalharam em vários bairros da capital alagoana: a pioneira foi a banda afro Mandela (Jatiúca), Zumbi (Jacintinho), Afoxé (Trapiche), Tambores do Trapiche (Trapiche), Timbatuque (Trapiche), Ilê Axé (Feitosa), Axé Zumbi (Vergel), Civilização Negra (Vergel), e ainda, foram criadas a banda Afrolozzi (Associação Pestalozzi de Maceió) e a banda afro Meninos da Praça, um projeto de inclusão social integrado ao Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua. Também foram promovidas várias oficinas de percussão, dança afro e expressão corporal em União dos Palmares, Viçosa e Pilar, que desencadearam a criação das bandas: Afro Revolução, Afro Dandara, Afro Zumba, Afro Gurgumba, dentre outras.

Todas, utilizaram as cores da identidade africana (preto, verde, vermelho e amarelo) nos instrumentos e para caracterizar seus figurinos; as canções destacavam a ancestralidade, a negritude, a beleza do nosso povo, história e riquezas culturais. 

O objetivo era cantar, dançar, batucar e espalhar o axé por onde passavam, seja nas festas particulares, shows ou até mesmo arrastões culturais que reuniam centenas de pessoas pelas ruas das periferias. Após a efervescência, boa parte dos grupos suspenderam suas apresentações ou concentraram suas ações no mês da consciência negra.

Há um ano, os tambores voltaram a entoar, os antigos percussionistas se reencontraram para relembrar a fase de ouro e como uma grande brincadeira retomaram os ensaios. A partir de setembro de 2015, as bandas afros Mandela, Zumbi e Afoxé protagonizaram o projeto Juntos & Misturados, um espaço de entretenimento e valorização da cultura alagoana.

Nesses encontros mensais realizados nos seus bairros de origem, puderam contar com a parceria do Centro de Estudos e Pesquisas Afro Alagoano Quilombo (CEPA Quilombo), boi Cobra Negra, grupo de capoeira Filhos de Angola, movimento hip hop, Zona Norte, Coletivo AfroCaeté e o Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô/APNs. De acordo com os próprios organizadores, isso foi um fato inédito e ousado, já que no passado a rivalidade criativa impedia a integração e o principal objetivo era superar uma as outras.

No próximo ano, a proposta é fortalecer os grupos e participar das prévias carnavalescas e contribuir nos blocos afros, e quem sabe, as três estarão juntas novamente para celebrar a união, o pertencimento étnico e animar o movimento negro alagoano. Axé!


Fonte: Coluna Axé – 366ª edição – Jornal Tribuna Independente (10 a 16/11/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

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