domingo, 15 de setembro de 2013

Nova imortal tem gosto literário que abrange vários gêneros


Texto: Cleidiana Ramos
Foto: Margarida Neide

A Academia de Letras da Bahia (ALB) vai ganhar com mãe Stella uma integrante fascinada por literatura. Na adolescência, tornou-se fã de Érico Verissimo e Jorge Amado. "Sempre gostei de ler, pois leitura sempre traz conhecimento", afirma.
Além dos clássicos, ela gostava de romances e gibis, de forma que não possui um gênero favorito. "Sempre gostei de história, até por conta da nossa religião. Também gosto de simbologia", relata mãe Stella.
Diferentemente de quando recebeu o título de doutora honoris causa na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), quando foi aberto um precedente para que ela usasse uma beca azul-turquesa - cor de seu orixá, Oxóssi -, desta vez não haverá surpresas em relação à vestimenta.

"A ALB não tem fardão. É um colar. Acho bem interessante. Afinal, nós usamos no candomblé as contas, um tipo de colar como símbolo do orixá", diz mãe Stella.
Segundo ela, em seus sete livros - incluindo a coletânea de artigos publicados em A TARDE - está um tipo de literatura que transborda o que  sente. "É a fé que sigo e abraço em meu coração", acrescenta mãe Stella.
Produção - Mãe Stella é autora dos livros E assim aconteceu o encanto, escrito em parceria com Cléo Martins (1988); Meu tempo é agora (1992); Òsósi - O Caçador de Alegrias (2006); Owé - Provérbios(2007); Epé Laiyé - terra viva (2009);  além deOpinião (2012), coletânea de artigos publicados, quinzenalmente, em A TARDE.
São obras onde estão presentes suas experiências e reflexões sobre o candomblé.
"Mãe Stella sistematiza um corpus literário da tradição africana em uma linguagem de fácil acesso, sem invadir o âmbito do sagrado e do segredo", analisa o doutor em antropologia Fábio Lima.
Autor da dissertação intitulada Oyá-Bethãnia - os mitos de um orixá nos ritos de uma estrela, o antropólogo Marlon Marcos destaca que a posse de  mãe Stella significa  ruptura em uma ordem racista e sexista que predomina há séculos.
"Mulher, negra, baiana, culta, sacerdotisa que, ao se sentar em sua cátedra destinada aos letrados, dá assento às nossas ancestrais, muitas que não dominavam o código escrito vigente, mas que de outra forma também  exerceram suas lideranças sociais e intelectuais", diz.

Fonte: Portal A Tarde

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