Por: Helciane Angélica
Com colaboração da jornalista Valdice Gomes e o ativista Helcias Pereira
Nos dias 25 e 26 de
abril, no Distrito Federal, ocorreu no Plenário do Supremo Tribunal Federal
(STF) a votação sobre a política de cotas étnicorraciais para o ensino superior,
que teve como pioneira a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e se
propagou pelo país, inclusive, destacando-se na Universidade Federal de
Brasília (UnB) e na Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Para acompanhar o
processo de votação, um grupo
de advogados (Amicus Curie), lideranças da sociedade civil e representantes do
Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR/Seppir) passou uma
manhã inteira em um dos salões do anexo II do Senado, momento onde foram
debatidas e aprofundadas as formas e argumentações para que o STF fosse
sensibilizado a votar favorável. Por volta das 14h, ativistas se espremiam numa
fila para adentrar o portão de acesso a corte do STF, cujo esquema de segurança
demonstrava ter sido reforçado, porém, nem todos conseguiram
entrar no primeiro momento até o Pleno.
Cerca de 200 pessoas ficaram do lado de
fora, esperando esvaziar para poderem entrar. Após muita insatisfação e
sentindo a angústia das representações negras, o cerimonial providenciou televisores
para que todos pudessem acompanhar os debates. O lado positivo é que puderam
mostrar sua alegria, aplaudindo e vibrando conforme as falas dos defensores. Após muitos debates, os onze ministros aprovaram por unanimidade, e, julgaram improcedente a Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186, ajuizada na Corte pelo
Partido Democratas (DEM).
A Organização das Nações Unidas (ONU) se manifestou sobre a
questão, reafirmando apoio à política de cotas raciais nas universidades
brasileiras. Em nota pública, a organização reconhece os esforços do Estado e
da sociedade no País no combate às desigualdades e na implementação de
políticas afirmativas, destacando: “o Sistema das Nações Unidas no Brasil
reconhece a adoção de políticas que possibilitem a maior integração de grupos
cujas oportunidades do exercício pleno de direitos têm sido historicamente
restringidas, como as populações de afrodescendentes, indígenas, mulheres e
pessoas com deficiências”, diz a nota.
A sociedade brasileira acompanhou o
histórico julgamento pela transmissão ao vivo da TV Justiça e a cobertura dos
veículos de comunicação do Brasil, além de manifestar opiniões pelas redes
sociais. Sem dúvidas, a aprovação das cotas étnicorraciais
representam um avanço histórico para a população afro-descendente e contribui
efetivamente para a política de igualdade racial no Brasil, que durante séculos
defendeu a bandeira da “democracia racial”, enquanto mais da metade da
população afro-brasileira supera desafios cotidianos. Vamos em frente, a luta
continua!
Fonte: Coluna Axé - nº199 - jornal Tribuna Independente (01.05.12)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradecemos sua mensagem!
Axé!