As inscrições já estão abertas
“Acho que muitas vezes, os temas relativos aos negros são suprimidos
do noticiário, de modo geral. No Brasil, há uma sociedade que não se vê na
negritude.” A declaração é do jornalista da TV Globo, Heraldo Pereira, que
participou do lançamento da 2ª edição do Prêmio Nacional Jornalista Abdias do
Nascimento. A iniciativa é da Comissão de Jornalista pela Igualdade Racial
(Cojira-Rio) e distribuirá R$ 35 mil em prêmios para reportagens sobre a
questão racial, em sete categorias.
Ao revelar que é preciso “pressão” para fazer reportagens sobre
desigualdades raciais e racismo, Heraldo Pereira disse que o Prêmio Abdias
estimula a discussão. “Esse é um debate complicado nas redações. Por isso, o
prêmio é importante, gera massa crítica. O jornalista fala para as massas”,
acrescentou em seu discurso, repleto de referências a personalidades da
imprensa negra como Luiz Gama, José do Patrocínio, Hamilton Cardoso e ao
próprio Abdias, que morreu ano passado, aos 97 anos.
“Devemos criar um ambiente discursivo, uma abordagem capaz de tratar
desses problemas [com foco na temática racial] nas redações. Isso não é
ativismo político. É um posicionamento em defesa dos direitos humanos. Acho
que é possível [nós, jornalistas] fazermos essa cobrança, como prêmio está a
sugerir”, disse o jornalista da TV Globo Heraldo Pereira, no Sindicato dos
Jornalistas do Município do Rio.
Durante sua apresentação, o jornalista citou a cobertura pelo Jornal
Nacional do episódio de racismo da Polícia Militar contra um estudante da
Universidade de São Paulo (USP), no campus da instituição, no início do ano.
Segundo Heraldo Pereira, nesse caso, a notícia era óbvia,
principalmente, devido a disponibilidade de farto material de vídeo produzido
por estudantes. Mas a não veiculação de casos “mais subliminares”
semelhantes, não é sempre justificável. “Um caso desses é um escracho, para
outros, é preciso mais boa vontade, pressão para sair”, afirmou.
Jornalismo com recorte racial
Ao sugerir temas que podem ser tratados pela mídia com foco na questão
racial, no âmbito do concurso, Fábio Nascimento, representante da
Oi, uma das empresas patrocinadoras do prêmio, lembrou a falta de
oportunidades para jovens das favelas, majoritariamente, negros. “A questão
racial não é secundária”, disse Nascimento.
Já Rui Mesquita, representante da Fundação W. Kellogg no Brasil e que
também patrocina o prêmio, citou a herança do sistema colonial aristocrata e
afirmou que persistem desigualdades entre brancos e negros. Para ele, apesar
da recente vitória das cotas nas universidades, no Supremo Tribunal Federal
(STF), há muito que avançar, a contar a participação da imprensa.
A coordenadora do Prêmio Abdias Nascimento, Angélica Basthi,
acrescentou que, para ajudar os jornalistas a superar as barreiras citadas
por Heraldo Pereira, foi pensada uma estratégia de divulgação do concurso nas
redações, com apoio das demais Cojiras (dos estados de Alagoas, da Bahia, de
São Paulo, da Paraíba, além do Distrito Federal). A meta é ultrapassar as 150
inscrições do ano passado.
Para a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do
Município do Rio de Janeiro, Suzana Blass, “o prêmio promove um jornalismo
que luta pela igualdade, pelo bem comum e é voltado para o interesse
público”.
O concurso conta ainda com o patrocínio da Fundação Ford, que enviou
pedido de desculpas por sua ausência no evento.
Abdias vive
Durante a cerimônia de lançamento da 2ª edição, a viúva de Abdias Nascimento
aproveitou para cobrar da Fundação Cultural Palmares proteção ao local onde
estão os restos mortais do jornalista e ex-senador. As cinzas foram
enterradas ano passado no antigo quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga
(AL), mas segundo ela, o local está “totalmente abandonado”.
“Formigas comeram o baobá e a lápide do Abdias desapareceu”, denunciou.
Inscrições abertas
As
inscrições para o Prêmio Abdias Nascimento estão abertas até 31 de julho.
Categorias: televisão, rádio,
internet, mídia impressa, mídia alternativa ou comunitária, fotografia e especial
de gênero.
O
prêmio para os vencedores é R$ 5 mil, totalizando R$ 35 mil.
Podem
participar jornalistas com registro profissional.
Entrevistas: Angélica Basthi
(coordenadora): (21) 9627-7633
Para
mais informações acesse: www.premioabdiasnascimento. org.br
Acompanhe
o prêmio em nossas redes sociais:
Orkut http://www.orkut.com.br/Main#Fonte: Cojira-RJ
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