A Serra da Barriga localizada no município de União dos Palmares (AL) foi a sede administrativa do Quilombo dos Palmares, é considerada um palco da resistência negra no Brasil, e também, foi tombada em 1985 pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN) e é reconhecida como Monumento Histórico, Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. É um espaço que está sobre a tutela da Fundação Cultural Palmares, órgão vinculado ao Ministério da Cultura, onde toda a população alagoana deveria ter orgulho e os afro-descendentes zelarem para que ela seja preservada em toda a sua essência: fauna e flora nativa respeitada; execução de expressões afro-culturais; propagação da história; assim como, a manutenção do Parque Memorial Quilombo dos Palmares instalado em 2007 e que tem contribuído para o desenvolvimento do turismo étnicorracial no Estado.
A Coluna Axé desde janeiro de 2010, ou seja, antes mesmo da implantação do escritório representativo da FCP em União dos Palmares divulgou por diversas vezes a importância desse patrimônio afro e a necessidade de fazer a reforma dos espaços contemplativos, cuja cobertura vegetal anda seca e precisa ser trocada; placas sujas e algumas danificadas; assentos cobertos de musgos e a madeira ficando podre; os áudios em quatro idiomas que não estavam funcionando; o atraso na obra da estrada de acesso mesmo possuindo recurso federal disponível e ainda questionava a inexpressiva atuação do Comitê Gestor do PMQP.
No dia 17 de agosto, o blog A Palavra divulgou que a jornalista e ex-vereadora Genisete Lucena, assumirá a gestão do escritório da FCP em Alagoas nos próximos 30 dias, e foi uma indicação do ex-Deputado Estadual Paulão do Partido dos Trabalhadores (PT). Também traz denúncias pesadas contra o atual gestor Mestre Claudio destacando que ele teve atuação discreta na função e o acusa de omissão quanto à causa das comunidades quilombolas – por determinação judicial, a postagem não pode receber comentários. As críticas são necessárias, mas não podem ser personalistas e injustas!
Mestre Claudio foi uma das pessoas que mais ajudou a comunidade quilombola Muquém e outras dos municípios vizinhos durante as enchentes do ano passado, mesmo perdendo seus pertences pessoais na casa que residia, ele não se abateu, e continuou com o seu serviço, repassando relatórios para a FCP, levando os donativos para as famílias e reivindicando os direitos dos quilombolas nas reuniões com órgãos públicos.
Assumo aqui, o apoio para este homem simples e sem vaidades, onde fez o que estava ao seu alcance diante da burocracia que emperra muitas ações. No último sábado (27.08), estive no Parque e pude observar que os áudios tinham sido retirados para serem concertados e a limpeza estava impecável. O fato é que independente de quem esteja no cargo, os julgamentos serão sempre frequentes e a missão não é nada fácil.
As pessoas esquecem em analisar que um gestor ou gestora precisa ter uma equipe bem estruturada, recursos próprios e infra-estrutura adequada para o trabalho, senão, toda dedicação e compromisso social será em vão. Quando se trata da Serra da Barriga, todos nós temos o dever de cuidar e cobrar a valorização, mas, vamos manter o respeito com as pessoas.
Fonte: Coluna Axé - nº165 - Jornal Tribuna Independente (30.08.11)
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