Ir ao hipermercado com a família fazer compras é uma situação cotidiana de milhões de brasileiros e brasileiras. Ter um carro, um emprego fixo e estável são situações cada vez mais comuns entre várias famílias brasileiras.
Januário Alves de Santana se enquadraria nesse perfil. É funcionário da Universidade de São Paulo - USP, costuma ir às compras com a família e tem carro - um EcoSport que está sendo pago em 72 parcelas de R$ 789,00.
No dia 7 de agosto de 2009, Januário foi com sua esposa, dois filhos, irmã e cunhado fazer compras no Carrefour, na loja da Avenida dos Autonomistas, em Osasco. Foram de carro e o estacionaram no amplo pátio do hipermercado. Algo além de uma situação cotidiana? Não.
Januário é negro, situação cotidiana no Brasil, onde a população negra é maior do que a denominada branca. Mesmo em nosso país, onde a maioria da população é negra e onde negros ou brancos são mestiços, frutos da mistura de várias raças e etnias, Januário foi vítima de mais um entre os inúmeros crimes de racismo que ainda acontecem no país.
Januário foi torturado por motivação racial na dependência do hipermercado Carrefour, vítima de dois crimes hediondos enquadrados na constituição e nas leis 9.455/1997 e 719/1989 (Lei Caó). Seguranças "brancos" do hipermercado viram Januário no estacionamento entrando em seu carro (o EcoSport, que está sendo pago em 72 parcelas de R$ 789,00) e movidos pelo racismo, suspeitaram que Januário estava roubando o carro, aliás, tiveram certeza, pois como racistas, jamais imaginariam que o carro poderia ser (e era) dele. Januário Santana foi levado a uma salinha da loja por cerca de cinco seguranças e foi espancado com socos, cabeçadas, chutes e coronhadas, ao mesmo tempo em que ouvia impropérios relacionado a sua raça.
A pergunta é: e se Januário Santana fosse "branco"? Provavelmente seria considerada uma situação cotidiana fazer compras de EcoSport com a família. Como ele é negro, foi vítima de uma triste situação, também cotidiana, que é o racismo, de crimes cometidos há séculos em nosso país, seja de racismo velado ou brutalmente explícito como o ocorrido.
O fato é que com a chegada da Polícia Militar ao local, o crime contra Januário ficou ainda mais grave. Durante o atendimento, tornarem-se cúmplices do Carrefour, com afirmações do tipo: "Você tem cara de que tem pelo menos três passagens. Pode falar. Não nega. Confessa, que não tem problema".
Pois bem, isso evidencia que nas estruturas oficiais de nossa Segurança Pública ainda impera o principio da criminologia lombrosiana, onde o negro ocupa o lugar de suspeito padrão e que o racismo institucional ainda está fortemente presente nos principais órgãos do Estado Brasileiro.
Os crimes que foram cometidos são de inteira responsabilidade do Carrefour, já que o hipermercado é responsável pela contratação da empresa de segurança; por permitir que seguranças trabalhem sem farda; pela versão da nota divulgada que vergonhosamente afirma que o ocorrido não passou de uma briga entre cliente. A nota explicita em sua a intenção de omitir o crime. O hipermercado só recuou devido à grande repercussão do caso na mídia, pela não prestação de socorro à vítima e pela gerência da loja se manter omissa durante todo processo.
Além dos crimes cometidos contra Januário, outras denúncias enquadram o Carrefour como uma empresa que viola os Direitos Humanos de seus clientes e não raro de seus funcionários.
Diante disso, entidades dos movimentos sociais, entre elas, a Central Única dos Trabalhadores, realizam um ato de desagravo no dia 11 de setembro às 15h00 em frente á sede nacional do Carrefour.
As entidades também prepararam um documento que será encaminhado ao hipermercado e aos Setores de Segurança na Cidade e no Estado de São Paulo.
Caso sua organização nos autorize a colocar seu nome com uma das apoiadoras do documento, favor encaminhar os dados da Organização para o endereço: jassrs@gmail.com
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As assinaturas estão sendo colhidas até o próximo dia 12 de setembro.
Favor reproduzir em suas listas de contatos pedindo que as autorizações sejam encaminhadas para o endereço grifado para serem colocados no documento oficial.
Fonte: CUT Nacional
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