quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Escola estadual valoriza cultura e atrai atenção de TV Escola


O projeto da escola Maria Amália será tema de uma série de programas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)


Por: Ricardo Moresi


Beleza, graça, ritmo, percussão e ganzá. Estes são alguns dos atributos do Projeto “A África está em Nós” desenvolvido pela comunidade escolar da Escola Estadual Maria Amália, situada no distrito do ABC, em Fernão Velho. Nessa segunda—feira (29) a unidade apresentou o bumba—meu—boi a uma equipe de TV Escola/Salto para o Futuro. O projeto da escola será tema de uma série de programas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Segundo a gerente de Educação Étnico—Racial da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, professora Arísia Barros, o fato de a escola despertar a atenção deste grupo do Salto para o Futuro significa a consagração de um processo que vem sendo desenvolvido pelos estudantes desta unidade. O trabalho deles ganha visibilidade e reconhecimento nacional.

Esta atividade, além de unir o alunado, demonstra força para quebrar as barreiras do preconceito. Com o surgimento da Lei Estadual nº 6.814/07 — sancionada em julho de 2007, pelo governador Teotonio Vilela Filho, com o objetivo de dar extensão e efetividade no Estado à Lei Federal nº. 10.639/03, e criar as especificidades locais para o estudo da diversidade étnico-racial nas escolas alagoanas — criou-se uma base para que as escolas buscassem sustentação legal. Estamos no caminho certo. Só temos a crescer”, garantiu Arísia.

Já Vânia Carlos da Silva — diretora da unidade — garante que a atuação do projeto trouxe motivação para o aluno e, também, para a equipe da escola. “É motivo de muita alegria receber a TV Escola. Este reconhecimento vem em boa hora. Agora, temos a certeza de precisamos continuar desenvolvendo nossas atividades artísticas, culturais e pedagógicas durante todo o ano e, sobretudo, continuar fomentando a política do respeito às diversidades culturais e raciais. Estamos conseguindo envolver a comunidade escolar (professores e alunos) e o entorno da escola. Nosso projeto ultrapassa os muros do colégio”, afirma.

A professora Neide Vitor, educadora da disciplina de História e idealizadora do projeto, disse que esta ação faz uma fusão da cultura popular e da cultura afro. “Hoje, já sentimos uma maior auto—estima em nossos alunos, o respeito mútuo, a convivência pacífica. Até as famílias deles já aceitam, sem nenhum preconceito, que eles participem das atividades desenvolvidas pelo grupo. Estou feliz com o resultado”.

A aluna Juliane do Nascimento, 15 anos, estudante da 8ª série, e integrante do grupo há sete anos, disse que foi vítima de discriminação racial. “Ao entrar para este projeto descobri o meu valor enquanto mulher e negra. Eu tenho orgulho de ser da raça negra”, garantiu. Outro componente do grupo é Arauí Farias, 19 anos, morador da comunidade, que disse cultivar a cultura e dar o valor que ela merece. “Sinto atração por este tipo de atividade desde pequeno. Fui eu que me senti motivado para ingressar nesta ação”.

Aula de campo — Nesta terça (30), das 8h às 12h, a equipe da TV Escola/Salto para o Futuro vai registrar uma aula de campo na Serra da Barriga, no Parque Memorial Quilombo dos Palmares, em União dos Palmares. Este momento será acompanhado pela SEE através da Gerência de Educação Étnico — Racial.

A serra está situada há cerca de 100 km de Maceió. É um sítio histórico onde se localizava o Quilombo dos Palmares. Foi no interior do território alagoano que nasceu, em pleno século XVI, a primeira República Negra das América — a República de Palmares, onde hoje está plantado o primeiro complexo arquitetônico de inspiração africana no Brasil e o único projeto afro—cultural do continente americano: o Parque Memorial Quilombo dos Palmares.

De acordo com Arísia Barros, este parque étnico é um dos grandes ganhos da população afro—descendente alagoana. “A Serra da Barriga é um dos mais significativos exemplos de resgate da história dos afro—brasileiros com papel fundamental na reconstrução da trajetória da luta de libertação dos escravos” define.


Fonte: Agência Alagoas (30.09.08)

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