segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Artigo: A África que a gente não vê na TV


Texto: Emanuelle Oliveira
Fotos: Emanuelle Vanderlei
(Jornalistas e integrantes da Cojira-AL)


É difícil imaginar a Àfrica para além de doenças e miséria. Principalmente para aqueles que têm na televisão, sua principal fonte de informação.

A disseminação da idéia de que o continente é tão pobre a ponto de todos morrerem de fome povoa o imaginário de pessoas das mais diversas nacionalidades. Elas nutrem até um certo receio de se depararem com alguém que venha de lá.

Até os livros trazem consigo a marca desse preconceito, abordando apenas a África "animalesca" e dedicando pouco espaço para falar de sua cultura e é fato que os africanos nos trouxeram inúmeras contribuições.

No sangue brasileiro que é negro, na capoeira, nas comidas típicas e até em nosso vocabulário o espírito afro mantém-se vivo, apesar de matarem, pouco a pouco suas origens. Essa questão tem sido abordada durante a Semana de cultura africana, realizada no mês de outubro, simultaneamente ao Congresso acadêmico da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Lá, curiosos podem se familiarizar com as danças, os trajes, as comidas e mais ainda com a história, repleta de contrasensos.

Com os olhos tão vivos e a pele pintada de luz, homens e mulheres africanos que vieram estudar no Brasil através do Programa de Estudante – Convênio de Graduação (PEC-G), que é uma cooperação entre os países de língua portuguesa, mostram sua graça e beleza, reafirmando sua identidade.

Ensinam os passos do Zouk e do Funaná, empolgando uma multidão, que será responsável pelo início da mudança na forma de "pensar África". De repente, descobrimos que a TV esconde o patrimônio daquele continente. Nos países africanos fala-se o português e lá as pessoas não dependem de animais para se locomoverem, nem tão pouco vestem trapos e morrem desnutridas.

Existe sim, pobreza até mais do que em outros lugares, mas não tão intensa a ponto de suprimir a vida que ainda é capaz de trazer esperança para as gerações futuras.

Espoliados durante séculos - antes reis e rainhas - os negros continuam sofrendo discriminação. Não é apenas uma questão de cor é algo mais implícito. Geralmente não procuramos conhecer aquilo que nos mostram através de um espelho, que reflete ideologias que pretendem continuar com a escravidão, só que ela se manifesta no pensamento.

Não fechemos os olhos para as desigualdades que se perpetuam em pleno século XXI entre negros de todos os países. Somos todos iguais, com nossos defeitos e qualidades e afinal, África somos todos nós.
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Fotos tiradas dos objetos expostos na quadra aberta da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), dentre eles: banners, instrumentos musicais, trajes típicos, fotos e publicações. Além do registro fotográfico, durante a palestra ministrada pelo Embaixador de Cabo Verde, Daniel Pereira.

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