12.11.2017 - 8:48
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Na cerimônia de certificação da Serra da Barriga, em Alagoas, como Patrimônio Cultural do Mercosul, realizada neste sábado (11), o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, afirmou que esse reconhecimento internacional vai incrementar um importante vetor de desenvolvimento da região – o turismo.
"Este é um lugar que tem
todo um potencial para atrair turistas do mundo inteiro, pela sua
relevância tanto no campo simbólico, como no campo histórico. Isso pode
trazer desenvolvimento para a região e, sobretudo, desenvolvimento
sustentável", afirmou o ministro.
Para Sá
Leitão, a partir de agora, Serra da Barriga, além de turistas, vai
atrair também investimentos, com impacto positivo na geração de empregos
e renda para a comunidade. Dados oficiais indicam que 1% de aumento no
fluxo de turistas gera R$ 30 milhões na economia brasileira por ano.
Responsável pela gestão de Serra da Barriga, a Fundação Cultural
Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), articula com as
universidades Federal de Alagoas (Ufal) e Estadual de Alagoas (Uneal) um
projeto para desenvolvimento do turismo no local. No próximo ano,
deverá ser lançado o calendário de visitas guiadas no Parque Memorial
Quilombo dos Palmares, espaço na Serra da Barriga que reproduz as
edificações do período de resistência na região.
A cerimônia de certificação, neste sábado, começou com uma visita
guiada ao Parque, conduzida pelo historiador Helcias Pereira, presidente
do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir).
Autoridades e convidados também assistiram a apresentações de capoeira e
afoxé e a um ritual de orixás, na Lagoa Encantada dos Negros.
Liberdade
Além do ministro da Cultura, receberam o certificado de reconhecimento
da Serra da Barriga o governador de Alagoas, Renan Filho, o prefeito de
União dos Palmares, Kil Freitas, e três representantes da comunidade
negra: Mirian Araújo Souza Melo (religiões de matriz africana), Cláudio
de Figueiredo (capoeira) e Amaro Félix Filho (quilombolas).
"O reconhecimento é um impulso para que vocês sigam trabalhando para
manter vivas suas culturas e suas raízes", destacou Gabriela Gallardo
Martin, da Comissão de Patrimônio Cultural do Mercosul.
A Serra da Barriga foi reconhecida, em maio deste ano, como Patrimônio
Cultural do Mercosul dentro da temática Cumbres, Quilombos y Palenques. A
serra ocupa uma área de 28 quilômetros quadrados, em União dos Palmares
(AL), e abrigou o movimento de resistência de escravos no Brasil. De
1597 a 1695, a República Livre dos Palmares abrigou cerca de 20 mil
pessoas, não só negros, mas também indígenas e brancos.
O ministro da Cultura ressaltou que a Serra da Barriga representa a
liberdade, que é "o maior valor que a humanidade tem". "Vivemos hoje em
um país democrático, onde há uma Constituição, livremente escrita e
promulgada, que consagra a democracia, o estado de Direito e a liberdade
como um valor fundamental dos brasileiros e das brasileiras", afirmou.
Sá Leitão condenou a intolerância e a perseguição a líderes de
religiões de matriz africana. "Ainda hoje, apesar de a Constituição
consagrar todas as liberdades, a de expressão, a de manifestação, a
religiosa, os representantes das religiões de matriz africana são
perseguidos, são vítimas de intolerância".
Preservação do patrimônio do Mercosul
O reconhecimento pelo Mercosul implica compromisso dos governos federal
e estadual, assim como da sociedade civil, na proteção, conservação,
promoção e gestão do bem. Até o momento, sete bens nacionais ou
regionais foram declarados Patrimônio Cultural do Bloco. Além da Serra
da Barriga, a lista inclui o Edifício sede do Mercosul, em Montevidéu,
inaugurado em 30 de dezembro de 1909; a Ponte Internacional de Barão de
Mauá, que liga as cidades de Jaguarão, no Rio Grande do Sul, e Rio
Branco, no Uruguai; a pajada, que é uma arte que mistura música e poesia
e que adquiriu grande desenvolvimento no Cone Sul; o Itinerário
Cultural das Missões Jesuítas Guaranis, Moxos e Chiquitos; o chamamé,
estilo musical tradicional da Argentina, e o cimarronaje cultural
equatoriano, imaginário de resistência visível em práticas rituais,
festivas, gastronômicas e musicais dos povos afrodescendentes do país.
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cultura
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