O Plano Municipal de Educação (PME) foi, mais uma vez, tema de discussão em uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Maceió, na última sexta-feira, dia 04 de setembro, marcada por intenso debate, com muitos protestos e palavras de ordem. É que apesar da amplitude do Plano e das inúmeras propostas, metas e estratégias em busca de uma educação inclusiva para o combate ao analfabetismo e à desigualdade, a maioria dos presentes estava mesmo interessada na polêmica criada pelos representantes das igrejas católica e evangélica, em torno do termo “identidade de gênero” previsto na versão inicial do plano.
A secretária Ana Dayse, ao defender o PME, reafirmou que o mesmo foi construído por uma ampla comissão formada por mais de 50 pessoas, e que trata do acesso das minorias à educação e do respeito às diversidades. Grandes desafios para os gestores municipais.
Para o representante do Grupo Gay de Alagoas (GGAL), Nildo Correia, o debate sobre a importância do Plano vem sendo ofuscado quase na sua totalidade pelo destaque atribuído, de forma leviana, à questão de gênero, diversidade e temas transversais. Segundo ele, em nenhum momento o Plano faz apologia ao sexo. Mas, os religiosos continuaram exigindo a retirada das expressões “estudos de gênero” e “promoção da igualdade nas relações de gênero”.
O deputado federal Givaldo Carimbão, que se declara da bancada religiosa na Câmara Federal, também esteve na audiência, para apoiar a retirada das expressões e pedir o voto dos vereadores. Entre os que fizeram a defesa do Plano na forma que foi construída pelos técnicos, incluindo a discussão de gênero, falaram o vice reitor da Uneal, membro efetivo do Conselho Estadual de Educação e vice-presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir), Clébio Araújo; o pró-reitor de graduação da UFAL, Amauri Barros e a vereadora Heloísa Helena.
A audiência pública foi solicitada pela secretária Ana Dayse, e encerrou um total de 18 audiências públicas com o objetivo de socializar o documento que vai nortear a educação básica no município de Maceió. Como disse o jornalista Ricardo Mota em seu comentário na TV Pajuçara, o que o plano propõe discutir é a tolerância e o respeito às mulheres, aos homossexuais, aos negros, aos índios, às pessoas com deficiência, o que sempre ou quase nunca exercemos no cotidiano, e sem hipocrisia.
Esperamos que os vereadores de Maceió reflitam sobre a realidade da educação no Município, os índices de exclusão e violência que atingem crianças e jovens de nossa Capital, e não contribuam para o retrocesso na educação.
Fonte: Coluna Axé - 358ª edição – Jornal Tribuna Independente (08 a 14/09/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com
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