Movimento negro alagoano reivindica ações políticas-culturais favoráveis para a Serra da Barriga e manutenção do Parque Memorial Quilombo dos Palmares
*Helciane Angélica
Jornalista (1102 – MTE/AL)
A Serra da Barriga situada na cidade de União dos Palmares, zona da mata do Estado de Alagoas, encontra-se a 500 metros acima do nível do mar, no então Planalto da Borborema e próximo ao Rio Mundaú. Também conhecida como Cerca Real dos Macacos, foi a sede administrativa do Quilombo dos Palmares, berço de liberdade para guerreiros e guerreiras quilombolas.
Jornalista (1102 – MTE/AL)
A Serra da Barriga situada na cidade de União dos Palmares, zona da mata do Estado de Alagoas, encontra-se a 500 metros acima do nível do mar, no então Planalto da Borborema e próximo ao Rio Mundaú. Também conhecida como Cerca Real dos Macacos, foi a sede administrativa do Quilombo dos Palmares, berço de liberdade para guerreiros e guerreiras quilombolas.
Considerada um palco sagrado e de resistência do povo afro-brasileiro, teve seu reconhecimento quando foi tombada em 1985 como Patrimônio Histórico, Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. Trata-se de um local de grande importância política-cultural – é o centro de homenagens, oferendas, pesquisas, encontros, romarias e grandes concentrações no Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro).
O Parque Memorial Quilombo dos Palmares, primeiro projeto paisagístico arquitetônico dentro da contextualidade afro-ameríndia no Brasil e o único no continente americano, vitalizou a região que antes era mais freqüentada no mês da Consciência Negra. Desde a sua inauguração no último 19 de novembro o número de visitantes cresceu diariamente, a exemplo, foram registrados no mês de fevereiro cerca de 500 turistas, além de excursões realizadas com escolas da região.
No entanto, o projeto arquitetônico que foi idealizado pelo Instituto Magna Mater, viabilizado com recursos do Ministério do Turismo e patrocínio da Petrobrás, possui incumbências administrativas pendentes que devem ser solucionadas pela Fundação Cultural Palmares – órgão do Ministério da Cultura responsável pelo patrimônio nacional, assim como, a fiscalização das irregularidades.
Descaso
A Serra da Barriga no decorrer dos anos vem sofrendo com a prática do desmatamento e até mesmo ocorrência de incêndios. De acordo com o agente florestal Diogo Palmeira, um incêndio no dia 09 de janeiro teve grande proporção e faltaram apenas 60m para atingir o Parque. “Aproximadamente 20 hectares foram destruídos pelo fogo, e plantas nativas como palmeiras, sabiá, murici, imbaúba, cabotã foram queimadas”, disse.
O incêndio teve início às 16h30 e só foi controlado às 02h da manhã do dia seguinte. Os agentes florestais trabalharam com recursos limitados, e contou com o apoio de alguns moradores até a chegada do Corpo de Bombeiros, que deslocou duas viaturas com 4.000l cada uma, porém uma delas quebrou no caminho e não pôde subir a Serra da Barriga. A Fundação Cultural Palmares foi informada sobre o fato, mas não houve um pronunciamento oficial.
Atualmente, os agentes florestais enfrentam dificuldades quanto a infra-estrutura para as condições de trabalho, como: o efetivo profissional é insuficiente; número reduzido de rádios amadores; ausência de equipamentos importantes como abafadores, lanternas modernas e motos potentes.
II Debate Estadual
Lideranças do movimento negro de Alagoas estão articulando o II Debate Estadual sobre a Serra da Barriga e o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, que será realizado no dia 29 de março para reivindicar ações políticas-culturais imediatas. O encontro in loco, acontecerá nas dependências do Parque com a participação de vários segmentos afros (capoeiristas, religiosos de matriz africana, grupos culturais, organizações políticas), pesquisadores, estudantes, gestores, quilombolas e sociedade palmarina.
Foi definida como programação o acolhimento afro dos participantes; leitura expositiva da síntese do relatório (1º Debate) e das cartas políticas produzidas pela Associação de Grupos e Entidades Negras de União dos Palmares (AGRUCENUP) e o Fórum de Entidades Negras de Alagoas (FENAL), que serão anexadas e entregues as autoridades; mesa redonda; almoço e visita a comunidade remanescente de quilombo Muquém.
O primeiro debate ocorreu em maio do ano passado e foi liderada pela organização não-governamental Anajô. Passado nove meses, o movimento negro de Alagoas e a comunidade em geral reivindicam soluções imediatas para as pendências administrativas, como: a escolha da instituição gestora do Parque; licitação para o funcionamento do restaurante; ampliação do efetivo dos agentes florestais; pavimentação do acesso; criação de um conselho consultivo; vitalização da Serra da Barriga com campanhas de reflorestamento e prevenção de incêndios; inserção nos roteiros turísticos e investimento publicitário; além da execução de atividades sócio-culturais durante todo o ano.
Na articulação do II Debate Estadual encontram-se o Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-AL), Ponto de Cultura Quilombo dos Orixás, Agrucenup, Centro de Cultura e Cidadania Malungos do Ilê, Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado de Alagoas (SINTEP), Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro e Conselho de Mestres de Capoeira de Alagoas.
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É Jornalista; Presidente do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; e integrante da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de Alagoas (Cojira/AL)
É Jornalista; Presidente do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô; e integrante da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de Alagoas (Cojira/AL)
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