A Comissão de Defesa das Minorias da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas, vai entrar hoje com representação no Comando-geral da Polícia Militar contra o capitão PM Carlos Coelho da Paz, pelo crime de racismo. O militar é acusado de fazer declarações ofensivas à empregada doméstica Neuza Maria dos Santos, 44, que é negra, e de agredi-la fisicamente. “Vou entrar com duas representações. Uma na delegacia pelo crime de discriminação racial e outra no Comando da Polícia Militar. Ele a chamou de negra vagabunda, ladra e disse que ela não procurasse a delegacia porque ele é poderoso e se ela fizesse isso quem seria presa era ela”, confirmou Alberto Jorge, presidente da Comissão de Defesa das Minorias da OAB.
Por telefone, a dona-de-casa relatou à Gazeta que no último dia 8 de fevereiro estava trabalhando na casa do capitão Carlos Coelho, no conjunto Santo Educardo, onde fazia serviços domésticos há seis meses, quando o militar pediu para que ela comprasse carne, bebida alcoólica e cigarro. "Ele me deu vinte reais para comprar tudo, só que o dinheiro não foi suficiente. Quando voltei do mercadinho e disse a ele que o dinheiro não tinha dado, ele levantou da cama e veio para cima de mim, começou a me xingar, disse que eu era uma ladrona, que estava sujando a casa dele por ser negra. Depois me empurrou e disse que todo negro é ladrão e vagabundo. Veio para cima e me deu um murro", lembra Neuza Maria.
Ela conta que nunca foi tão humilhada e resolveu prestar queixa na Delegacia de Mulheres, só que os policiais civis ainda estavam em greve. "Então me orientaram a procurar a OAB e fiz isso. Estava querendo denunciar. Quando ele deu um murro em mim fui para o meio da rua e muita gente viu o que aconteceu. Ele falou para mim que era a lei e que eu seria presa quando resolvesse denunciar a agressão à Polícia", declarou a dona-de-casa.
Quando retornou, poucos dias depois da agressão, à residência do militar, para receber o salário, Neuza foi novamente agredida. "Duas testemunhas viram tudo o que aconteceu e ela nem recebeu o salário que o militar lhe devia. Vamos denunciar tudo que aconteceu à imprensa, para que alguma providência seja tomada", reforçou Alberto Jorge.
A assessoria da PM informou que o capitão Carlos Coelho é clínico-geral, mas está afastado das funções em decorrência de graves problemas de saúde. "Ele tem sérios problemas de saúde e está sendo reformado por causa disso. Nesse caso, um processo deverá ser aberto, mas se for confirmada a denúncia, isso será um crime de natureza comum, que não tem relação com o fato dele ser militar", informou a assessora de imprensa da PM, major Fátima Ferreira. O presidente da Comissão de Defesa das Minorias vai reunir a imprensa hoje, às 9hs, na OAB, para denunciar o caso. A dona-de-casa vai falar sobre as agressões.
(Fonte: GAZETA DE ALAGOAS)
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