sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Alagoas no CONNEB

Por: Helciane Angélica
Jornalista / Integrante da Cojira-AL / Presidente do Anajô


Na última reunião do Fórum de Entidades Negras de Alagoas (Fenal) realizada na noite do dia 12 de janeiro, no Espaço cultural da Ufal, foram eleitos os delegados para representar Alagoas no Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil (CONNEB). Os participantes da reunião tentaram distribuir as vagas por segmento, com o objetivo de democratizar o acesso e atender as particularidades do nosso Estado, dividas da seguinte forma: sindical, ONGs, religiosos, capoeira, gênero, educação, juventude, quilombola e artistas.

Porém, ainda sobram 7 (sete) vagas, que devem ser preenchidas até amanhã (sábado - 17.01), para as categorias: religiosos, capoeira, artistas (Agrucenup) e quilombolas. Na segunda-feira a documentação deve ser enviada para a comissão organizadora - prazo final.

Na próxima quinta e sexta-feira (22 e 23.01), os representantes eleitos e demais interessados do movimento social negro alagoano se encontrarão na sede da Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro (Rua Miguel Palmeira, 1300, Pinheiro), para produzir o texto-base e elaborar as propostas.

O CONNEB acontecerá em Belém-PA, nos dias 30, 31 de janeiro e 1º de fevereiro – na ocasião será elaborado o Projeto Político do Povo Negro do Brasil. A atividade integrará a ampla programação do Fórum Social Mundial. Alagoas tem direito a 14 delegados, mas outras pessoas podem participar na condição de observadores. A maior dificuldade encontra-se no translado, mas a taxa de inscrição é de R$ 30,00 (trinta reais) para as despesas com alimentação e dar direito ao alojamento.


Mais informações: (82) 9975-7947 (Noelma) e 8807-1803 (Paula)

Santa MPB


Em Filus é Assim...

Arísia Barros (*)

Filus fica localizada no município de Santana do Mundaú e recentemente foi reconhecida pela União como comunidade de remanescentes quilombolas. O estado de Alagoas agora possui 23 registros de comunidades reconhecidas.

Em Filús é assim: a mesma água que os moradores banham os animais e a mesma água com a qual lavam as roupas que por sua vez é a mesma que usam para matar a sede e se alimentam. Condições precárias de higiene, sujeitos a epidemias, ou a pandemia do descaso institucional. Em Filús enxergamos a brecha-temporal entre 1888 e as muitas possibilidades de inclusão étnica-história do povo quilombola.

A realidade dos viventes de Filús nos lembra Vidas Secas de Graciliano: é uma realidade nua, crua e seca. Para chegar à Filús é preciso “comer” muita poeira, a água que deveria escorrer por entre as torneiras, escorre por entre os dedos de seus moradores, como uma metafora mortífera. Não há recursos para investimento nas terras agora reconhecidas. Dos casamentos consanguíneos entre negros Filus ganha uma população diferenciada de albinos. Nove albinos com câncer de pele.

O silêncio minimilista em relação às condições subhumanas da população de Filus é a celebração do racismo contemporâneo. Em Filus encontramos pessoas que na ausência de políticas públicas, vivem o horror da herança escravatura, mas,ousam se vestir de suas biografias de enorme importância histórica e insistem...

Políticas públicas eficazes e eficientes contribuírão sobremaneira para a produção do auto-conhecimento identitário, o fomento ao debate e a superação do racismo institucional, das discriminações e das desigualdades raciais, mudarão o “status quo” da população quilombola moradora de Filús.

Em Filus 70% da população residente tem esquistosomose devido a precariedade da água que consome e de quase nenhuma política pública. O olho do poder público para Filus é fechado e pobre. O IDH Índice de Desenvolvimento Humano, em Filus é palavrão!

Em Filus é muito grande o analfabetismo entre a minúscula população residente , constituída de 40 famílias que se agiganta no cotidiano exercício identitário do ser. Ser pessoa, não o homem-bicho ou o bicho-homem que tão bem retratou Drummond,em sua indignação de poeta.

Na verdade Filus é uma grande gaiola social ondem convivem a brutalidade da superficialidade vazia de políticas públicas- e o descaso em relação a importância e a historicidade da população negra brasileira.

Estabelecimento de estratégias de curto, médio e longo prazo trarão dignidade à história e ao cotidiano dos remanescentes quilombolas, protagonistas da valiosa contação de histórias sobre a construção do Brasil, como nação multicultural, do líder Zumbi dos Palmares e toda ancestralidade negra.


________________
(*) Co-autora da Lei Estadual nº6.814/07. Consultora para aplicabilidade das políticas educacionais para uma pedagogia anti-racista: Lei Estadual nº 6.814/07 e Lei Federal nº 10.639/03. Coordenadora do Projeto Raízes de África (ONG Maria Mariá), Professora, Redatora Publicitária e autora do livro: A Pequena África chamada Alagoas.
e-mail: negrasnoticias@yahoo.com.br

A Black Music ganha força em Salvador

Acontece amanhã (17.01), às 21h, no Espaço Barra - Av. Oceânica n° 613 (próximo ao Barra Vento), Barra – Salvador, o primeiro baile black do ano, a FESTA BLACK 2ª Edição, com os Dj’s Bandido (Samba-Rock), Dj Edílson (Discol’80), Dj Preto (DrumBuss), Dj Branco (Hip-Hop), e participação especial do Dj Sartorello (16 toneladas). O baile terá como atração principal a banda Samba de Maria Eletrônico, que traz uma mistura dos mais variados estilos de samba de roda tradicional de raízes Africana, com batida eletrônica.

A FESTA BLACK 2ª Edição, tem por finalidade resgatar e fortalecer a auto-estima da Black Music e suas vertentes e sub-vertentes, é direcionada a todas as classes, amantes e admiradoras da Black Music sem preceitos de cor, raça, gênero ou posição social, atendendo a idade mínima de 18 anos. Vem impulsionada pelo grande sucesso da 1ª edição, realizada em 16 de Agosto de 2008 no Espaço Barra, onde reuniu mais de 1.200 pessoas entre jovens, adultos e grupo da meia-idade que dançaram ao som dos melhores DJs de Black Music da cidade, com ritmos que fazem parte das festas do século XXI em Salvador.

A BlackEventos Multicultura, aposta no novo conceito de eventos temáticos que firmem um propósito de resgate e valorização da cultura, seja através da música, dança, arte e moda. As festas blacks organizadas pela BlackEventos Multicultura em Salvador surgiram a 2 (dois) anos e neste período os eventos tomaram propoções de acordo com suas temáticas e localização.

SERVIÇO:
O quê? FESTA BLACK 2ª EDIÇÃO
Quando? 17 de janeiro de 2009 (sábado), às 21h.
Onde? ESPAÇO BARRA - Av. Oceânica n° 613 - Barra, ao lado do Hotel Monte Pascoal (próximo ao Barra Vento) – Salvador-Ba.
Quanto? R$ 10.00 (antecipado) R$ 15.00 (no local)


MAIS INFORMAÇÕES:
BlackEventos Multicultura
Tel: (71) 3314-9272 / 8202-4367 / 8827-4539
E-mail: sac.blackeventos@hotmail.com
Site: www.blackeventos.musicblog.com.br

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Quilombolas vão ganhar salas de aula em 18 municípios alagoanos

Parceria entre Iteral e Secretaria de Estado da Educação garante implantação de salas de aula em 31 comunidades quilombolas


Por: Diego Barros


Famílias de 31 comunidades quilombolas de 18 municípios serão incluídas no Programa Brasil Alfabetizado, por meio de uma parceria entre o Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral) e a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte. A previsão é que as aulas comecem ainda em fevereiro.

Nesta terça-feira, 13, a gerente do Núcleo de Quilombolas do Iteral, Berenita Melo, conclui uma visita a oito comunidades de cinco municípios para recolher o cadastro com informações sobre a quantidade de alunos por turma, quem será o alfabetizador e onde serão ministradas as aulas. Os municípios visitados são Arapiraca, Traipu, Teotônio Vilela, Penedo e Igreja Nova.

Conforme explica a gestora do Programa Brasil Alfabetizado da Secretaria de Educação, Nilza Duarte, cada turma deve ter no mínimo sete e no máximo 25 alunos. “Na zona urbana esse número é diferente: é preciso que haja no mínimo 14 e no máximo 25 alunos”, esclarece. Segundo ela, em Alagoas o programa do governo federal recebeu o nome de Alfabetizar é Preciso e já é executado desde 2003.

Os alunos devem ser analfabetos, ter no mínimo 15 anos e cada turma tem duração de oito meses. Segundo Nilza Duarte, as aulas podem ser ministradas em espaços alternativos, como a sede da associação da comunidade, o salão paroquial da Igreja ou mesmo na casa do alfabetizador.

“Para ser alfabetizador do programa é preciso ter o ensino médio completo e residir preferencialmente na própria comunidade ou na região”, observa a gestora, baseada no que dizem as resoluções 36 e 40, de 2008. “O crescimento de um povo depende da educação que é oferecida a ele. A educação é preponderante para o desenvolvimento social”, comenta Nilza Duarte.

Comunidades atendidas

As comunidades que serão atendidas por essas novas turmas do Programa Brasil Alfabetizado são: Mombaça, Belo Horizonte e Urucu (Traipu); Mameluco, Poços do Lunga e Passagem do Vigário (Taquarana); Sapé (Igreja Nova); Oiteiro e Tabuleiro dos Negros (Penedo); Aguazinha, Gameleiro e Guarani (Olho D’Água das Flores); Cajá dos Negros (Batalha); Alto do Tamanduá (Poço das Trincheiras); Alto da Madeira (Jacaré dos Homens); Caboclo (São José da Tapera); Serra das Viúvas e Lagoa das Pedras (Água Branca); Birrus e Abobreiras (Teotônio Vilela); Carrasco e Pau D’Arco (Arapiraca); Tabacaria (Palmeira dos Índios); Vila de Santo Antônio e Filomena (Palestina); Muquém (União dos Palmares); Mariana, Jussarinha e Filús (Santana do Mundaú); Gurgumba (Viçosa) e Serrinha dos Cocos (Senador Rui Palmeira).

De acordo com Nilza Duarte, desde que chegou a Alagoas, em 2003, o Programa Brasil Alfabetizado já atendeu 86.489 jovens e adultos analfabetos. A previsão para a etapa 2009-2010 é atender pelo menos 50 mil pessoas, entre moradores de comunidades rurais e da zona urbana.

Fonte: Agência Alagoas

Mostra 'Lista negra' retrata afro-americanos famosos

Um museu no bairro do Brooklyn, em Nova York, está exibindo uma série de retratos e entrevistas em vídeo com afro-americanos famosos dos Estados Unidos


A tenista Serena Williams, o ator e comediante Chris Rock, o músico Sean Combs, a escritora Toni Morrison e o ex-secretário de Estado americano Colin Powell são algumas das personalidades que estão no The Black List Project (ou O projeto da Lista Negra, em português), em exibição no Brooklyn Museum.

Nas entrevistas, conduzidas pelo crítico de cinema Elvis Mitchell, eles falam sobre como é ser negro nos Estados Unidos.

Na entrevista para o projeto, o comediante Chris Rock disse: "Você sempre será negro. Sempre haverá uma reação exagerada para um lado ou para o outro com a sua presença, seja boa ou ruim."

"Eu me lembro quase como se fosse ontem da minha avó dizendo 'Agora lembre-se, você quer ser uma referência para a sua raça'", disse o executivo Richard Parsons, que foi diretor do grupo Time Warner.

As fotos foram feitas pelo Timothy Greenfield-Sanders, famoso por retratar celebridades e líderes mundiais. Greenfield-Sanders também filmou as entrevistas.

As entrevistas que estão na exposição foram transmitidas nos Estados Unidos pelo canal de televisão HBO.

A exposição ficará no Brooklyn Museum até o dia 29 de março de 2009 e depois será exibida em outros museus nos Estados Unidos.

Fonte: www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2009/01/090105_lista_negra_dg.shtml

Cursos afro terão R$ 3,6 milhões este ano

Por: Ionice Lorenzoni – assessora do MEC


Como 72% dos municípios pediram, nos seus planos de ações articuladas (PAR), a formação de professores na temática étnico-racial, história e cultura afro-brasileira, o Ministério da Educação selecionou 27 universidades públicas, federais e estaduais (entre elas a Universidade Federal de Alagoas) para organizar os cursos e produzir material didático-pedagógico em 2009. Para executar essa tarefa, as universidades têm R$ 3,6 milhões. Cada projeto recebeu no final de 2008 entre R$ 100 mil e R$ 150 mil.

Prevista na Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, a formação em relações étnico-raciais deve ser oferecida ao conjunto dos professores da educação básica pública em cursos de aperfeiçoamento, especialização ou extensão. Entre as 27 universidades, o ministério escolheu duas instituições para organizar livros e criar vídeos para uso de professores e alunos nas salas de aula.

Entre as instituições que farão seleção para curso no início deste ano está a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), campus da cidade de Jequié. Será um curso de pós-graduação, com 360 horas, nível de especialização em antropologia, com ênfase na cultura afro-brasileira.

O curso, com 50 vagas, terá quatro módulos presenciais, duração de 12 meses, ministrado uma vez por mês, de quinta-feira a domingo. No restante da semana, professores pesquisadores da UESB vão acompanhar os estudantes na organização da monografia, que será apresentada no final da formação. O curso está previsto para começar em 21 de março. Entre as disciplinas do currículo elaborado pela UESB estão a antropologia das populações afro, história e cultura afro-brasileira, diversidade lingüística.

A Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) já selecionou os 120 professores da rede estadual do Espírito Santo que farão um curso de pós-graduação, nível de aperfeiçoamento, com 200 horas presenciais em história da África e relações étnico-raciais. As aulas começam em fevereiro. Entre os temas que serão abordados por pesquisadores da UFES, professores convidados e militantes do movimento negro nacional, estão a literatura africana e afro-brasileira, violência e relações raciais, estudos sobre a África, relações étnico-raciais no Brasil, territórios quilombolas, saúde e grupos étnico-raciais.

Tiveram prioridade na seleção feita pela universidade, professores que trabalham em municípios que pediram o curso no PAR, efetivos na rede, com graduação e interesse na temática.

A Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Minas Gerais, concluiu em dezembro o primeiro de dois cursos previstos no seu projeto. A UFVJM construiu um curso de extensão de 96 horas presenciais e 40 dias de duração – de 28 de outubro a 6 de dezembro. Nesse período, atualizou 500 professores e gestores, da educação infantil ao ensino médio, de 41 municípios dos vales do Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce. Outros 460 professores já selecionados pela UFVJM farão a formação no primeiro semestre deste ano.

Na extensão, eles viram conteúdos sobre relações raciais no Brasil, história da África, história afro-brasileira, cultura africana e currículo escolar. As aulas da primeira turma aconteceram em regime intensivo de quarta-feira a sábado, durante seis semanas, sendo dois dias semanais para professores da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental e outros dois dias para professores dos anos finais e do ensino médio.


Formação nacional


A capacitação dos professores da educação básica em história da África e relações raciais afro-brasileiras é feita por um conjunto de 20 universidades federais e cinco estaduais selecionadas pelo Ministério da Educação. As universidades federais de São Carlos (UFSCar) e do Rio Grande do Sul (UFRGS) foram escolhidas para elaborar materiais didáticos para uso de professores e estudantes na sala de aula. A UFSCar vai produzir livros para o professor e para o aluno das séries finais do ensino fundamental e a UFRGS vai criar um vídeo sobre a história da África. O repasse dos recursos para as 27 universidades foi feito pelo Programa de Ações Afirmativas para a População Negra nas Instituições Públicas de Educação Superior (Uniafro).

O Plano de Ações Articuladas (PAR) é um diagnóstico e planejamento das ações educacionais realizado por estados e municípios para um período de cinco anos, de 2007 a 2011.


Fonte: www.ufal.edu.br/ufal/noticias/2008/12/cursos-afro-terao-r-3-6-milhoes-em-2009/

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Obama em foco - Parte I

capa da revista - divulgação

A Marvel é uma verdadeira fábrica de super-heróis e uma das mais famosas produtoras de revistas em quadrinhos no mundo, lança amanhã (14.01) nos EUA uma edição especial, que aparece o presidente eleito Barack Obama.

Na história, um dos mais antigos inimigos do Homem-Aranha tenta estragar a cerimônia de posse de Obama, em Washington – mas, no final acaba tudo bem. Na vida real, o presidente eleito dos EUA toma posse no próximo dia 20.

De acordo com o editor-chefe da Marvel, Joe Quesada, a idéia da revista surgiu quando souberam que Obama é um grande colecionador dos quadrinhos do Homem-Aranha. A arte da HQ, "Amazing Spider-Man nº583", é de Todd Nauck e Frank D'Armata e o roteiro é de Zeb Wells.


Máscaras para a posse


foto: Yoshikazu Tsuno/AFP

Mulher pinta o olho de uma máscara de borracha do presidente eleito dos EUA, Barack Obama. A empresa, situada no Japão, vendeu um total de 2500 máscaras em dezembro do ano passado e aumentou sua produção para este mês por causa da posse. O estigma de pop-star ainda vai demorar para se desfazer e, com certeza, a cobrança por resultados favoráveis e imediatos será ainda maior.

Jornalista critica expressão racista em impresso do Rio de Janeiro

Prezado(a) Ouvidor(a) da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro.


Chegou ao meu conhecimento e depois em minhas mãos fotocópia de uma matéria publicada em sete de janeiro próximo passado (07/01/09) na editoria Geral do jornal "Extra", das Organizações Globo, que trazia N informações sobre as primeiras iniciativas da nova secretária, sra Claudia Costin. Em uma das partes desta reportagem ("Capacitação nas áreas de risco..." ), é feita referência à existência de uma tal de "Zona Negra" que agruparia, conforme a matéria, as chamadas áreas de risco no município do Rio de Janeiro. Logo abaixo, em um resumo das medidas, a(o) responsável pela edição do jornal "Extra" de novo utilizou a expressão "Zona Negra".

Neste momento em que há uma expectativa de adoção, pela nova administração municipal, de uma estrutura de promoção de políticas de igualdade racial parecida com a já existente no governo estadual, fica extremamente impróprio o incentivo da SME à divulgação de uma expressão de cunho extremamente depreciativo.
A luta pela elevação da auto-estima da comunidade negra (pretos + pardos) no Brasil tem sido um dos pilares do discurso e da ação do Movimento Negro (conjunto de várias organizações formais e informais de combate ao racismo). Até mesmo em respeito ao espírito da Lei Federal 11.645 (antes 10.639) que introduziu o ensino da história e da cultura negra nos ensinos fundamental e médio, a SME deveria solicitar uma retificação - com destaque em posterior edição (se é que já não o fez) - ao citado jornal informando ser inadequada a utilização da expressão "Zona Negra" para denominar áreas de risco, que por si só já encerra uma idéia a ser passada e que não precisa do "reforço expressivo" da expressão "Zona Negra".

Se por ventura existisse a tal "Zona Negra" vinculada à área de risco, então poderíamos cunhar (também indevidamente) como "Zona Branca" as áreas onde os jovens endinheirados consumidores de drogas (inclusive as socialmente permitidas) as consomem com a tranquilidade de quem tem a certeza (na grande maioria das vezes, salvo exceções estratégicas) de não ser alcançado por qualquer "choque de ordem urbana".

Apesar das diferenças, fruto de posições ideológicas antagônicas e de visões diversas sobre a construção do fazer jornalístico, custo a acreditar que a expressão "Zona Negra" tenha sido produzida pela edição do jornal "Extra". Será? Ou apenas este veículo de comunicação social reproduziu - sem o devido olhar crítico - o que lhe foi informado por alguém? Aliás pode parecer que a informante foi a senhora Yvonne Bezerra de Mello, que assumirá em breve função pública na SME. Como a expressão foi posta na voz indireta...

Gostaria de saber tanto desta ouvidoria como do jornal como surgiu esta inapropriada expressão.

Sem mais para o momento,


MIRO NUNES
Membro da coordenação da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (Cojira/SJPMRJ), que integra a Comissão Nacional pela Igualdade Racial (Conjira) vinculada à Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj).

PS: Cópias para a SME, jornal "Extra" e outros parceiros da Cojira-Rio

MS é pioneiro em implantar cotas para negros em concursos públicos

RODRIGO VARGAS
da Agência Folha, em Campo Grande



O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), sancionou uma lei que estabelece cota mínima de 10% para candidatos negros em todos os concursos públicos realizados no Estado.

A proposta, de autoria do deputado estadual Amarildo Cruz (PT), foi justificada como uma forma de promover a "igualdade de oportunidades no mercado de trabalho".

Segundo a Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), vinculada ao Palácio do Planalto e com status de ministério, não há informações sobre medidas dessa natureza em nenhum outro Estado do país. O deputado, porém, comemorou o fato de o Estado ter "saído na frente".

"Com essa conquista, Mato Grosso do Sul dá exemplo para o Brasil, um pontapé inicial", disse o parlamentar.

Para postular o benefício, o candidato precisará apenas se autodeclarar negro no momento da inscrição. Segundo o deputado, as inscrições neste critério serão, posteriormente, submetidas a comissão, que se encarregará de identificar eventuais tentativas de fraude.

Questionado sobre como se definiria em uma situação semelhante, o deputado se declarou negro e citou características que determinam tal identificação. "É a cor da pele, o nariz chato, o cabelo. Essas são as definições. É fenótipo. Para discriminar, as pessoas sabem quando o sujeito é negro, mas quando é para beneficiar, surgem essas dificuldades."

Na Assembléia Legislativa, o percentual de vagas reservadas inicialmente previsto caiu de 20% para 10%.

Também foi abolida a possibilidade de cotas nos cargos por nomeação -comissionados. No serviço público estadual, disse o deputado, o percentual de negros é de cerca de 6%.

Em nota, a Seppir declarou apoiar "iniciativas de municípios e Estados na promoção da igualdade racial", mas que, por enquanto, ainda não há "uma discussão madura no Governo Federal sobre a aplicação de cotas no mercado de trabalho".

Fonte: www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u478487.shtml