Órgão apoiará pesquisa de mestrado que visa o mapeamento das oportunidades de negócios
O Instituto de Terras e Reforma de Alagoas (Iteral) é um dos órgãos estaduais que se preocupam com a articulação de políticas públicas para às comunidades remanescentes de quilombo. Pensando na valorização e desenvolvimento socioeconômico desses territórios, a instituição apoiará a pesquisa que visa o mapeamento das oportunidades de negócios.
Nesta segunda-feira (2), o acadêmico Jonathan Silva esteve na sede do Iteral para discutir a importância da sua tese de mestrado, que busca identificar os produtos, serviços, atividades voltadas para o turismo étnico e com potencial para a geração de renda porventura existentes nas comunidades tradicionais do Estado de Alagoas, para agregar valor e fortalecer o olhar empreendedor.
Jonathan é formado em Administração de Empresas, servidor do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e mestrando no Programa em Rede de Pós-Graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação (Profnit) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em parceria com a Associação Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Forpec). Ele encontra-se sob a orientação do Prof. Dr. Edmundo Accioly e co-orientação da Prof. Dra. Graça Ferraz.
O diretor-presidente do Iteral, Jaime Silva, destacou que a pesquisa é importante, mas deve proporcionar um retorno eficaz para os quilombolas. “Queremos colocar os quilombolas na vitrine. É preciso investir em ações que promovam o desenvolvimento e eles terem a certeza do que estão produzindo possui visibilidade e retorno financeiro. Para isso, é preciso ter o incentivo necessário, ter linhas de crédito adequadas para continuarem trabalhando. Porém, não basta o Iteral atuar sozinho neste processo, precisamos articular outras instituições que possam ter condições de realmente apoiar”, explicou.
A cientista social e assessora técnica dos Núcleos Quilombolas e Indígenas, Leone Silva, exaltou que todas as ações são bem-vindas, desde que promovam a autoestima e o conhecimento. “Precisamos trabalhar para ampliar a autoestima dos quilombolas, porque eles estão cansados de pesquisadores ou instituições visitarem, obterem informações e, depois, não retornarem para fortalecer as comunidades. Precisamos investir em práticas que estimulem o conhecimento e deixem um legado”.
Propostas
O objetivo da tese de mestrado é a divulgação das indicações geográficas utilizadas para identificar a origem de práticas únicas (produtos e serviços) ou determinada característica e qualidade de uma determinada localidade e povo. No Brasil existem duas modalidades: Denominação de Origem (DO) e Indicação de Procedência (IP). Ele também pretende investir na proteção da cultura tradicional; geração de renda e tecnologia social, que são ações de baixo custo e de impacto na sociedade.
“O grande diferencial deste trabalho é poder trazer a questão da inovação para dentro dos quilombos. Quando trabalhamos na perspectiva de indicações geográficas estamos trabalhando com conceitos de desenvolvimento sustentável, tecnologias sociais, além da propriedade intelectual. Eu vejo que as comunidades têm muito a ganhar, pois estaremos reconhecendo os produtos com notoriedade e tradição. Para o Iteral, permitirá que as ações sejam articuladas e mais planejadas. Se outros órgãos do Governo puderem estar presentes, darão maior proporção, e será algo muito rico para o Estado de Alagoas”, exaltou Jonathan.
Em contrapartida ao apoio institucional, serão ministradas palestras sobre empreendedorismo afro para as lideranças quilombolas e juventude. Dentre as propostas para a produção final, encontram-se a criação de um catálogo, publicação do documento técnico para novas pesquisas, identificação das comunidades aptas a participarem das feiras agrárias, criação de um selo de reconhecimento quilombola e, inclusive, o registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).
O próximo encontro ficou agendado para o dia 4 de outubro, com a presença de representantes da Gerência de Articulação Social do Gabinete Civil e da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur).
Comunidades Quilombolas
Os quilombolas são descendentes de africanos escravizados, que mantêm tradições culturais, de subsistência e religiosas ao longo dos séculos. Atualmente, existem 69 comunidades quilombolas no Estado de Alagoas, espalhadas em 36 municípios, reconhecidas e certificadas pelos órgãos federais (Incra e Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura).
Fonte: ASCOM/ITERAL
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