quarta-feira, 19 de agosto de 2009

NOTA DE ESLARECIMENTO: MULHER DISCRIMINDA EM CURSO DE FORMAÇÃO

O CONSELHO ESTADUAL DE MESTRES DE CAPOEIRA DE ALAGOAS-CEMCAL

Vem publicamente fazer alguns esclarecimentos considerados pertinentes diante de fatos ocorridos recentemente envolvendo suas ações junto ao Curso de Extensão Universitária “Ações Afirmativas e Capoeira na Promoção à Saúde”, realizado pelo Laboratório da Cidade e do Contemporâneo-LACC do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas, pela Pró-reitoria de Extensão-PROEX, pelo CEMCAL com o apoio do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros-NEAB e da Secretaria Estadual de Saúde.

O referido curso teve suas inscrições abertas desde o dia 20 de julho de 2009, sendo encerradas as inscrições no dia 03 de agosto com número de vagas ilimitado para mestres de capoeira residentes em Alagoas e um número reduzido de vagas para monitores e instrutores. A própria ficha de inscrição disponibilizada na internet e no NEAB esclarecia que monitores e instrutores passariam por uma seleção.

Os critérios utilizados pelo CEMCAL para a seleção dos ocupantes das referidas vagas foram os seguintes:

Contemplar monitores(as) e instrutores(as) indicados por mestres e/ou entidades;

Ser residente no interior do Estado, para contemplar o processo de interiorização das ações de extensão do projeto Ações Afirmativas Através da Capoeira, que deu origem ao curso e do qual o CEMCAL é parceiro, fazendo inclusive com que a maioria dos mestres abdicasse da indicação de alunos dos seus respectivos grupos para selecionar inscritos de outros grupos;

Garantir representação feminina no curso, considerando um dos objetivos do projeto, que além da valorização da cultura popular e da capoeira, trabalha a questão de gênero incentivando a participação feminina na capoeira e na sociedade como um todo.

E estar dando aulas, conforme solicitava a ficha de inscrição.

Dentre os alunos selecionados para essa participação no curso elaborado com e para os mestres de capoeira, a postulante Maria Sandra conhecida como Monitora Loba, não foi selecionada, assim como muitos outros inscritos. Pois o número de vagas para instrutores e monitores estava condicionado ao número de mestres inscritos, não podendo ultrapassar o número de mestres considerando que inicialmente o curso tinha sido construindo apenas para os mestres, numa primeira etapa. A pedido de capoeiristas que inclusive vieram em reunião do CEMCAL, solicitar a inclusão de outras graduações, o mesmo se reuniu após entendimento com a coordenação geral do Curso, realizada pela professora Rachel Rocha, para disponibilizar as referidas vagas para instrutores e monitores.

Achamos que todos devem saber que um curso tem vagas limitadas, não é o fato de ser extensão, que é possível atender a todos os interessados, principalmente porque este curso é uma experiência piloto, e tem como principal objetivo o fortalecimento e valorização dos mestres de capoeira em geral e dos alagoanos, em especial.

O CEMCAL foi criado para esse objetivo, considerando em seu estatuto o apoio a todas as lutas pela garantia da diversidade cultural e contra toda forma de discriminação, seja de gênero, étnica, religiosa ou de opção sexual.

E foi considerando a possibilidade de ampliação da participação feminina que o CEMCAL aceitou que a referida postulante a vaga fosse conversar com os mestres no segundo dia de aula, para estudarem a possibilidade de ampliar mais uma vaga para atender ao anseio de mais uma mulher participando do curso. Pois a mesma já tinha sido comunicada anteriormente que não tinha sido selecionada. No entanto, a referida aluna não aceitou o resultado da seleção, dizendo inclusive que outra aluna, esposa de um mestre alagoano, que não faz parte do CEMCAL, tinha sido selecionada e não dava aula, inferindo que o mestre estaria mentindo. Mesmo com a atitude intempestiva dela e de desrespeito a um mestre perante outros, mesmo assim, o CEMCAL estava disposto a ouvi-la e esclarecê-la e até a reconsiderar a sua participação com a ampliação de uma vaga.

Mas, a aluna convidada a chegar antes das 8 horas para esses entendimentos chegou as 8h50, não conversou com os mestres, alegou que estava sendo discriminada e sendo impedida de assistir uma aula, para a qual ela não tinha sido selecionada, levando consigo um aluno que além de ser capoeirista é aluno da universidade, conhecedor certamente de que não se entrar numa sala de aula sem pedir licença à professora regente da classe ou sem estar devidamente matriculado. Ao mesmo foi solicitado mais uma vez que se retirasse, pois na aula anterior ele já tinha vindo e sido avisado que não poderia entrar.

A referida aluna, depois de uma discussão acalorada e ataques pessoais aos mestres e integrantes da equipe organizadora do curso não aceitou o fato do CEMCAL ter a atribuição de selecionar os demais participantes, a professora Rachel esclareceu que ela como capoeirista deveria saber mais que ela própria sobre a existência da soberania e autoridade dos mestres em assuntos pertinentes à capoeira. No entanto, a mesma respondeu que isso só valia na roda e nas academias e que na universidade as regras deveriam ser outras, se negando inclusive a falar com o coordenador geral do CEMCAL. A professora Rachel sugeriu inclusive que ela se desculpasse perante o Conselho pela intempestividade e por ter ultrapassado os limites, mas ela não aceitou a sugestão, preferindo outros caminhos .

É lamentável fatos como estes, enquanto clara demonstração de que o respeito aos mestres ainda não ocorre dentro da própria comunidade capoeirística, mas, foi para isto que o CEMCAL foi criado e são através das dificuldades que todos nós aprendemos. A humildade ainda é uma qualidade que precisa ser mais cultivada.

O CEMCAL enviou uma correspondência ao contra mestre Marco Baiano, representante da Associação Palmares e presidente da Federação Alagoana de Capoeira-FALC esclarecendo os fatos como realmente aconteceram e solicitando as providências cabíveis em tal fato lastimável de uma aluna de seu grupo, até porque, o mesmo foi comunicado das inscrições para monitores e instrutores, prestigiou a aula inaugural e em momento nenhum apresentou a indicação desta referida aluna para representar a Federação ou a Palmares. Pois, considerando os critérios anteriormente citados de indicação de mestres ou entidades, ela teria sido selecionada, pois nem mesmo a entidade que saiu em sua defesa, sem ao menos procurar ouvir a outra versão (até porque trata-se inclusive de uma capoeirista e poderia ter tido a delicadeza ética de ouvir o CEMCAL), em momento algum apresentou o nome de sua integrante para participar do curso.

Agradecemos a atenção e lamentamos que alguns integrantes da comunidade capoeirística ao invés de se alegrarem com a valorização dos mestres, não aceitem sua autoridade e hierarquia próprios da cultura afro-brasileira e faça tanta questão de assistir aulas ministradas pelos próprios mestres com os quais ela se nega a falar e aceitar a atribuição de seleção. Muito nos estranha ela não ter sido indicada por nenhuma das entidades que ela usou para construir um discurso desrespeitoso colocando em dúvida a seriedade do CEMCAL e da própria Universidade que foi a primeira a abrir suas portas para um projeto tão inovador que está sendo elogiado por mestres, capoeiristas e pesquisadores de todo o Brasil.

Atenciosamente o CEMCAL
Material recibido no email da Cojira/AL (cojira.al@gmail.com) no dia 18 de agosto de 2009.

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