sexta-feira, 13 de julho de 2012

Morre aos 85 anos o autor do Hino à Negritude

Por: Ascom - Fundação Cultural Palmares


Faleceu na manhã desta quinta-feira (12), o presidente do Congresso Nacional Afro-brasileiro, professor Eduardo de Oliveira.  Aos 85 anos, o autor do Hino à Negritude sofria de insuficiência renal. O velório acontecerá após às 22 horas, na Câmara Municipal de São Paulo. O sepultamento será realizado nesta sexta-feira (13), no Cemitério da Lapa, às 15 horas.

O presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, lastimou a perda. “O Movimento Negro brasileiro está enlutado, entristecido com o passamento do professor Eduardo de Oliveira. Sua história de lutas para um Brasil progressista e independente, com um povo nutrido e feliz, se soma a toda uma trajetória de vida contra o racismo e os preconceitos”, afirma.

“O Hino à Negritude de sua autoria é um relato da firmeza e certeza que ele nutriu de ter um país sem racismo. Seu legado nos orienta a erguermos a cabeça e continuarmos lutando por uma sociedade justa, sem racismo e fraterna”, conclui o presidente da FCP.



Hino à Negritude - Eduardo de Oliveira, poeta e jornalista é autor da faixa-título Hino à Negritude. Em 2009, foi aprovada a oficialização do cântico à africanidade brasileira, em todo o território nacional, pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Autor de nove livros publicados, ilustrou em seus sonetos o encontro com a trágica realidade social dos negros brasileiros. O militante era também um defensor dos direitos humanos e um atento observador das relações raciais no Brasil.

Sob o céu cor de anil das Américas
Hoje se ergue um soberbo perfil
É u’a imagem de luz
Que em verdade traduz
A história do negro no Brasil
Este povo em passadas intrépidas
Entre os povos valentes se impôs
Com a fúria dos leões
Rebentando grilhões
Aos tiranos se contrapôs
Ergue a tocha no alto da glória
Quem herói nos combates se fez
Pois, que as páginas da história
São galardões aos negros de altivez
Levantado no topo dos séculos
Mil batalhas viris sustentou
Este povo imortal
Que não encontra rival
Na trilha que o amor lhe destinou
Belo e forte, na tez cor de ébano
Só lutando se sente feliz
Brasileiro de escol
Luta de sol a sol
Para o bem do nosso país
Ergue a tocha no alto da glória…
Dos palmares os feitos históricos
São exemplos da eterna lição
Que no solo tupi
Nos legara Zumbi
Sonhando com a libertação
Sendo filho também da mãe África
Aruanda dos deuses da paz
No Brasil este axé
Que nos mantêm de pé
Vem da força dos orixás
Ergue a tocha no alto da glória…
Que saibamos guardar estes símbolos
De um passado de heróico labor
Todos numa só voz
Bradam nossos avós
Viver é lutar com destemor
Para frente, marchemos impávidos
Que a vitória nos há de sorrir
Cidadãs, cidadãos
Somos todos irmãos
Conquistando o melhor porvir
Ergue a tocha no alto da glória…

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