terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010

Por: Helciane Angélica


A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL) ampliou ainda mais o seu poder de organização e compromisso étnicorracial em 2010! Esteve diretamente envolvida na Campanha “Censo 2010 – Assuma a sua negritude” ao lado do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô/APN-AL, Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro e teve o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) – uma ação que sensibilizou às pessoas na auto-declaração em relação à cor da pele, e ainda sobre a importância de afirmar a opção religiosa e sexual.

Também ficou entre os dez homenageados com o Certificado “Oju Jangun – Os olhos dos guerreiros” (em iorubá), destinado para personalidades e entidades que combatem a intolerância religiosa. A ação foi promovida pela Casa de Iemanjá onde funciona o Ponto de Cultura Quilombo dos Orixás no bairro da Ponta da Terra em Maceió. Foi a entidade alagoana selecionada para participar do 1º Seminário Mulheres Negras Nordestinas no combate à discriminação racial na mídia, realizado na Ilha de Itamaracá (PE) pelo Observatório Negro e a Articulação de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB).

Aos poucos, a Cojira-AL tem revolucionado a mídia étnica em Alagoas, e pela primeira vez, seus dez integrantes estiveram envolvidos na produção de um encarte afro especial “Axé!” publicado no dia 20 de novembro, no Jornal Tribuna Independente. Além disso, foi uma das entidades parceiras e contribuiu efetivamente para a divulgação da Campanha Nacional “Por uma infância sem racismo” em Alagoas, uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a criança (UNICEF).

Outra importante contribuição foi na articulação da Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira), órgão consultor da Federal Nacional de Jornalistas (Fenaj), onde Alagoas tem três representantes: Valdice Gomes como membro-titular da Fenaj; Helciane Angélica e Gerônimo Vicente, respectivamente, como titular e suplente da Cojira-AL. Essa organização foi essencial para dar mais credibilidade às ações desenvolvidas pelos coletivos sindicais de jornalismo que discutem a questão étnicorracial e motivou na participação do edital público que escolheu as instituições da sociedade civil integrantes do Conselho Nacional de Políticas Públicas de Igualdade Racial (CNPIR/Seppir). A Conajira foi selecionada com louvor, e estar sendo representada por Valdice Gomes (Cojira-AL) e Iris Cary (Cojira-DF).

E pelo terceiro ano consecutivo a Cojira-AL realiza a produção inovadora da Retrospectiva Afro-Alagoana (mês a mês), onde mostra para a sociedade os principais avanços das questões étnicorraciais e eventos dos segmentos afros realizados ao longo do ano. O registro documental tem sido arquivado por muitas entidades do movimento social negro e é exposto nas suas bibliotecas. A retrospectiva 2010 será publicada no dia 1º de janeiro de 2011 no blog: www.cojira-al.blogspot.com. Confira!


Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (28.12.10)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

CAMPANHA CONTRA A "DEVASSA"

Companheirada,
O COMNEGRAS - Centro de Orientação Jurídica e Psicossocial às Mulheres Negras contra a Discriminação na Mídia -, serviço do Observatório Negro, em conjunto com militantes negras autônomas e grupos de mulheres negras nordestinas que subscreveram a denúncia, ingressou com a representação de identificação PR/SP-SPJ - 0011436/2010, em 20 de dezembro de 2010, contra o Grupo Schincariol, proprietário da Cervejaria Devassa.

Como vimos nas derradeiras semanas, essa cervejaria abusou de imagens racistas e sexistas de comparação da mulher negra com a cerveja, acirrando a prática que combatemos, há anos, de mercantilização do corpo da mulher, e da indução a padrões de consumo com forte apelo sexual, cuja imagem comercializada é a imagem feminina.

Será fundamental a adesão maciça e intensa de todas as entidades e pessoas que querem pôr fim a tal prática desumanizante e discriminatória; precisamos exigir do Ministério Público que seja ingressada, enfim, uma Ação Civil Pública. Não há mais caminho para acordos.

Pelo fim da publicidade racista e sexista, encaminhamos modelo de REPRESENTAÇÃO que QUALQUER PESSOA poderá preencher com seus próprios dados e encaminhar via email para o endereço eletrônico prdc@prsp.mpf.gov.br.

Pode-se (e é preferível, para quem puder), também, imprimir e enviar para o endereço:
PRDC/SP
Rua Peixoto Gomide, 768 – Cerqueira César – São Paulo – SP
Vamos tomar essa iniciativa! Pelo fim da violência simbólica, de quaisquer formas, contra a mulher!

AO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL EM SÃO PAULO

Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão

(NOME COMPLETO DA PESSOA OU INSTITUIÇÃO), (NACIONALIDADE, RG E CPF PARA PESSOA/ IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO), (ENDEREÇO COMPLETO DA PESSOA OU INSTITUIÇÃO), considerando que o Ministério Público Federal é uma instituição pública independente, que tem por função a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (Constituição Brasileira, art. 127), e que “Seus membros atuam como ‘advogados’ da sociedade perante os Poderes da República, exigindo desses Poderes o cumprimento da Constituição, das leis e dos tratados internacionais ratificados pelo Brasil” (http://www.prsp.mpf.gov.br/prdc/prdc/informacoes/o-que-e-a-procuradoria-regional-dos-direitos-do-cidadao/), vem requerer a devida

AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR DANOS MORAIS COLETIVOS E DIFUSOS ATRAVÉS DE PUBLICIDADE RACISTA E SEXISTA

contra o GRUPO SCHINCARIOL, proprietário da Cervejaria DEVASSA, com endereço à Rodovia Pres. Dutra, km 224, 0 – Parque Cecap – Guarulhos – SP, ratificando a denúncia entregue em representação protocolada em 20/12/2010 nesta Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, sob a identificação PR/SP-SPJ - 0011436/2010.

Como denuncia tal representação, as mulheres – nesses últimos meses, especificamente as mulheres negras – estão sendo profundamente violadas em seus direitos humanos ao recebermos um tratamento jocoso e agressivo da campanha publicitária da referida cerveja, campanha esta baseada em papeis estereotipados das mulheres.

É necessário lembrar que a publicidade existe como mídia de argumentação, em que se busca induzir o grupo social a que se destina a assumir padrões de comportamento; neste caso, o padrão de comportamento desejado é o do consumo da referida cerveja, e o que se argumenta, para estimular esse consumo, é que a Cerveja Devassa, tal como a ideia de mulher propagada, é consumível para a satisfação do prazer do homem consumidor. Induz-se, portanto, o homem a consumir mulheres e cervejas, lançando-se mão de um forte apelo sexual e da mercantilização do corpo feminino.

Nos últimos meses do ano de 2010, a comunidade negra é surpreendida com imagens fortemente racistas, em que o corpo da mulher negra é explicitamente mercantilizado em conjunto com a marca de cerveja de nome “Devassa”.

Resistindo há séculos à desumanização de negras e negros; à animalização do sujeito negro; ao deturpamento sobre o comportamento sexual da mulher negra, não admitimos, em hipótese alguma, o retorno da prática de comercialização dos corpos negros, em qualquer comparação degradante a produtos de consumo.

Exigimos a retirada imediata de tal campanha publicitária, bem como a retirada no nome fantasia da cerveja “Devassa”, em cumprimento à Constituição Federal e aos documentos internacionais de direitos humanos das mulheres e das pessoas negras, que buscam coibir a reprodução de práticas sociais discriminatórias contra as mesmas.

Para tanto, confiamos no Ministério Público Federal como “advogado” da sociedade brasileira e, assim, nos termos do art. 12 da Lei Complementar Federal nº75/93, para assumir as seguintes medidas:

a) promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos constitucionais da pessoa, neste caso, das mulheres brasileiras e especialmente das mulheres negras, exigindo a compensação e a reparação dos danos causados;

b) requisitar informações e documentos ao Grupo Schincariol sobre a agência publicitária responsável pela campanha da Cervejaria Devassa;

c) encaminhe para os órgãos responsáveis a denúncia de CRIME DE RACISMO praticado pelos representantes do Grupo Schincariol – Cervejaria Devassa e da agência publicitária responsável pela campanha denunciada.

Lembramos que, tendo esta PRDC já realizado Audiência Pública sobre Mulher e Mídia no ano de 2007, e, após intensas tentativas de acordo com as cervejarias desde o ano de 2005, conforme consta na representação acima citada, entendemos que não há mais possibilidades de acordo, sendo necessário, desde já, o ingresso da devida AÇÃO CIVIL PÚBLICA por este MPF/SP para a defesa improrrogável dos direitos difusos.

Contando com a Justiça, é o que requeremos.

DATA

ASSINATURA

Hoje tem dança-afro no Centro de Maceió

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Festival Mundial de Artes Negras

Por: Helciane Angélica
Com informações da Ascom da Fundação Cultural Palmares




Desde o dia 10 até o 31 de dezembro, o Senegal é a sede do III Festival Mundial das Artes Negras onde mostra o que existe de mais criativo e de representatividade étnico-cultural! O Brasil é o convidado de honra desta edição, por ser a nação com o maior número de negros ou mestiços do mundo, perdendo apenas para a Nigéria. 

Dentre as atrações brasileiras estiveram: Margareth Menezes, Olodum, Rita Ribeiro, Ilê Aiyê, Chico César, Sandra de Sá, Rappin´ Hood, Nilze Carvalho, Mombaça, Cantos de Congo, Lazzo, a Escola de Samba Império Serrano, Maracatu de Baque Solto Águia Formosa, Cia dos Comuns e Grupo de Capoeira Ginga e Malícia; ainda contou com espetáculos de dança e paradas populares inspiradas nos tradicionais festivais, e restaurantes com diversos pratos e especialidades brasileiras. 

O cinema brasileiro também teve seu espaço de divulgação com a presença dos cineastas Jeferson De, Joel Zito Araújo, Zózimo Bulbul, Viviane Ferreira e Raquel Gerber; além da exposição fotográfica no Museu de Dakar, ressaltando o talento e os ângulos diferenciados do fotógrafo Januário Garcia. Na programação foi incorporado um fórum com intelectuais dos países envolvidos, para debater temáticas relacionadas à Renascença Africana sobre os aspectos econômico, sócio-cultural e político, além de discutir estratégias econômicas para libertar o continente da dependência – a atividade foi idealizada e coordenada pelo escritor e vice-presidente da Assembleia Nacional do Senegal, Iba der Thiam. 

No Hotel Des Almadies ficou hospedada a delegação brasileira composta por nomes como o de Conceição Evaristo, Petronilha Dias, Zelia Amador, Henrique Cunha, Rafael Sanzio, Mario Nelson, Marcelo Paixão, Kabenguele Munanga, Nilza Iraci e Eliane Borges, além do movimento negro brasileiro, com representantes dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs) e da União de Negros pela Igualdade (UNEGRO). Eis um belo evento e de visibilidade para o continente africano!



Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (21.12.10)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Artistas negros fazem show no Vila Chamusca

Luiza Bairros é convidada para assumir a SEPPIR


A Presidenta Dilma Rousseff já declarou em público, que pretende destinar pelo menos 30% dos seus ministérios para serem chefiados por mulheres. A gaúcha Luiza Bairros, 57, foi a primeira mulher negra selecionada e deverá comandar a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).


Muitas entidades negras ficaram felizes com a indicação, a exemplo do Geledés Instituto da Mulher Negra (SP), onde afirmou que honra as lutas históricas do Movimento Negro e do Movimento de Mulheres Negras, além de abrir novas portas para o futuro.


Luiza Bairros é Bacharel em Administração Pública e Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul com conclusão em 1975; Especialista em Planejamento Regional pela Universidade Federal do Ceará concluindo em 1979; Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutora em Sociologia pela Michigan State University no ano de 1997.


Atualmente, encontra-se na Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia (Sepromi), mas também tem mais de 20 anos de militância nesse Estado.



Fonte: Coluna Axé/Tribuna Independente (14/12/10) / Crédito da foto: Divulgação

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

CNPIR tem novos conselheiros para biênio 2010-2012

Evento de posse também marca a entrega de decretos e títulos de terra a comunidades quilombolas


O Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) passou a ser composto por 44 membros, entre titulares e suplentes, representantes do governo e sociedade civil. A cerimônia de posse aconteceu, na última terça-feira 14 de dezembro, no Salão Monumental II, do Hotel Grand Bittar, em Brasília.

Os novos integrantes do CNPIR assumirão o conselho para o biênio 2010-2012. Eles farão parte da estrutura da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), com a finalidade de propor, em âmbito nacional, políticas públicas para a população negra e outros segmentos raciais e étnicos do país.

Durante o discurso de posse, um dos novos conselheiros, Cristiano Xadê, que integra a Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN), destacou que o órgão é uma das vozes da SEPPIR, trabalhando por uma sociedade mais justa com representação de povos negros, indígenas, ciganos, palestinos . “Temos que estar mais atuantes”, concluiu.

O evento também marcou a entrega de decretos e títulos de terra para as comunidades quilombolas. O presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Rolf Rackbart e o ministro da Igualdade Racial, Eloi Ferreira de Araujo fizeram a entrega dos certificados dos decretos que declaram de interesse social, para fins de desapropriação, os imóveis abrangidos pelos territórios quilombolas de Dandá, no município de Simões Filho, na Bahia; Kalunga do Mimoso, de Arraias e Paraná, no Tocantins; Salamina Putumuju,no município de Maragojipe, na Bahia; Parateca e Pau D’Arco, no município de Malhada, na Bahia; Serraria e São Cristóvão, município de São Mateus, no Espírito Santo; Invernada dos Negros, no município de Campos Novos e Abdon Batista, Santa Catarina; Casca, município de Mostarda, Rio Grande do Sul e Morro Seco, município de Iguape, São Paulo.

Segundo o presidente do INCRA, “hoje já são 11 mil famílias beneficiadas. 119 relatórios de decreto e titulação foram publicados e nenhum foi negado. Por isso, se organizem, busquem mais unidade” orientou Rolf Rackbart.

De acordo com levantamento da Fundação Cultural Palmares, atualmente há no Brasil, 3.524 comunidades identificadas. Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Sul concentram a maior quantidade de comunidades remanescentes de escravos do país.

A representante da Secretaria Geral da Presidência da República. Quenis Gonzaga, fez uma apresentação das atividades e programas realizados pela SEPPIR nesses oito anos de governo. Para o ministro Eloi Araújo “este é um momento de balanço. Nesses oito anos, o Brasil avançou muito na questão racial, mas muito ainda tem que ser feito. O presidente Lula chamou atenção do estado brasileiro para combater o racismo. Um gesto de sensibilidade e coragem”.


Fonte: Comunicação Social da SEPPIR/PR

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Convite: Documentário "O lixão sai, a gente fica"

Direitos humanos, cadê?

Por: Helciane Angélica

No dia 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos, se comemorou o 62º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi o primeiro documento a reconhecer no âmbito internacional, os direitos fundamentais aplicáveis a todas as pessoas, independentemente de raça, etnia, gênero, origem, religião, idade, situação civil, condição de saúde, ou qualquer outra forma de diferenciação. 

A Declaração é o documento mais traduzido do planeta, possui versões em mais de 300 idiomas e dialetos, de Abkhaz (idioma usado na região do Cáucaso) a Zulu (língua falada na África setentrional). Porém, no Brasil um país que se diz orgulhoso e respeitador da sua diversidade cultural, é comum acontecer casos de discriminação, mau atendimento e expressões ofensivas nos mais diversos locais. 

O mais novo episódio de crime de racismo em Alagoas foi denunciado semana passada no Ministério Público, ocorreu com a dona de casa Maria Ledice Ferreira Ramos de 66 anos. A senhora informou que foi agredida verbalmente no último dia 03 de dezembro em um salão de beleza do Maceió Shopping, por uma funcionária conhecida por Iza. Ela foi fazer uma troca de um produto em uma loja do shopping, depois foi até o estabelecimento onde a filha trabalha para lhe contar, ao chegar lá foi informada que ela não estava. Ao tentar deixar um recado a funcionária do salão pediu que ela se retirasse porque estava mal vestida e com trajes incompatíveis com o ambiente e também porque não gostava de negros. 

A dona de casa ficou sem ação, não a respondeu e nem denunciou de imediato, muito menos comentou com a filha. Mas, ficou ainda mais abalada quando no dia seguinte, sua filha foi trabalhar recebeu a notícia que teria sido demitida, após oito meses de atuação e sem qualquer justificativa. O Promotor Flávio Gomes ficou responsável pelo caso e disse ser inconcebível ofensas baseadas em discriminação racial. "Hoje em dia, várias empresas trabalham muito para coibir abusos como esse", disse. O caso será encaminhado para a delegada Sheila Carvalho do 2º Distrito Policial, como também para o Ministério Público do Trabalho. 

Práticas como essas deve ter punição e a Lei tem que ser cumprida, até porque, “injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro” com a “utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem” determina a reclusão de um a três anos e multa (Lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997). Também é crime “recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador” e a situação torna-se ainda mais complicada pelo fato da vítima ser uma idosa. Lembre-se, a prática do racismo é executada quando impede, recusa, nega e/ou proibi alguém de fazer alguma coisa por conta de sua cor de pele. “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza” – a frase é linda, mas na prática deixa muito a desejar. Axé!


Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (14/12/10)

domingo, 12 de dezembro de 2010

A invisibilidade do racismo, por Lázaro Ramos

Confira o post exclusivo escrito pelo ator e embaixador do UNICEF, Lázaro Ramos, para o blog Por uma infância sem racismo. Lázaro participa da campanha e é protagonista dos filmes da iniciativa.

“Estou muito feliz e orgulhoso por participar dessa campanha do UNICEF que demonstra claramente o impacto do racismo na infância. É importante chamar atenção de toda a sociedade para um problema invisível para muitos, mas muito real para quem sente, de verdade, na própria pele os efeitos dele.

Crescemos numa sociedade na qual virou lugar comum dizer que o brasileiro não é racista, posto que é um povo multicolor, fraterno e cordial; e que os problemas são de ordem social e financeira apenas. Entretanto, essa campanha inovadora do UNICEF traz luz aos indicadores oficiais que não nos deixam dúvidas. O racismo é real! Existe dolorosamente para milhares de meninos e meninas indígenas e negros.

Esse racismo não se revela apenas no constrangimento imposto, muitas vezes de forma dissimulada, às nossas crianças. Ele se mostra num aspecto ainda muito mais cruel, que é o de violar e impedir que as crianças e os adolescentes realizem os seus direitos de viver, aprender, crescer e se desenvolver plenamente.

Parabéns, UNICEF, pela coragem e pela iniciativa. Essa atitude me deixa ainda mais orgulhoso, pois, se eu já tinha orgulho de ser embaixador do UNICEF, agora tenho mais ainda com a coragem e com o compromisso de vocês, e de todos os parceiros envolvidos, de fazer uma campanha como essa.

Espero realmente que a nossa sociedade possa, definitivamente, “enxergar igualdades num mundo de diferenças”, para fazermos agora um mundo melhor para cada uma das nossas crianças e adolescentes.”

Confira o vídeo da campanha:





Fonte: www.infanciasemracismo.org.br

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Nota de solidariedade - estudante africana

Os estudantes Africanos em Maceió estão organizando um movimento de arrecadação de subsídios para ajudar na conservação e no transporte para  a evacuação do cadáver da estudante africana SANNHOB CÁ MANUEL, de nacionalidade Guineense que faleceu nesta segunda feira, 6 de dezembro, no Hospital Universitário Professor Alberto Antunes- HUPAA/Maceió.

A jovem conhecida por Maya fazia enfermagem na Escola Técnica Santa Bárbara no bairro do Farol em Maceió. E morreu após uma infecção generalizada, mas ainda não foi divulgada a causa do falecimento.

Pelo fato dela não ter familiares aqui e os mesmos não possuírem condições financeiras suficientes, pedimos o apoio de todos para que ela seja velada no seu país de origem.

Foi disponibilizado o número da conta do primo dela Dénio Pereira, para o depósito de qualquer valor.

Banco do Brasil

Agência: 1600-4

Conta popança: 63.801-3

Variação: 01

Qualquer ajuda será bem vinda, seja pela divulgação ou financeiramente. Agradecemos a vossa solidariedade. (ESTUDANTES AFRICANOS)

Alagoas realiza 1º Fórum Estadual de Performance Negra

Amigos e amigas da Cultura Afro-Alagoana, nós da comissão organizadora do I FÓRUM ESTADUAL DE PERFORMANCE NEGRA DE ALAGOAS, convidamos a todos e todas para participar do nosso I Fórum, dia 11 de dezembro de 2010, sábado, no horário de 08h ás 18h no Teatro de Arena Ségio Cardoso anexo ao Teatro Deodoro, Centro, Maceió/AL.

O Fórum Estadual de Peformance Negra de Alagoas, tem como um dos seus objetivos garantir perante os órgãos públicos a implementação de políticas públicas de ações afirmativas que contemplem grupos dedicados ao desenvolvimento e produções artísticas seguindo uma estética negra que valorize a cultura afrodescendente e suas manifestações contemporâneas .

Aguardamos a presença de todos e todas, segue em anexo o cartaz e a programação. Abraços, Axé, Comissão organizadora do I FÓRUM ESTADUAL DE PERFORMANCE NEGRA DE ALAGOAS.


PROGRAMAÇÃO:
 
I FÓRUM ESTADUAL DE PERFORMANCE NEGRA DE ALAGOAS
DATA 11 DE DEZEMBRO DE 2010.
Local - Teatro de Arena Sergio Cardoso anexo ao Teatro Deodoro- Maceió/AL

8:00h
- Cofee Break:
ABERTURA: MANHÃ
Das 8:30 às 9:10
- Espetáculo de Dança UruBumbaGuelé - Vencedor do Edital Alagoas em
cena/2010 - Coordenação/Direção- Denivan Costa de Lima e Nadir Nóbrega Oliveira.
Elenco: Jailton Oliveira, Denivan Costa de Lima, Nadir Nóbrega Oliveira.
Produção - Keka Rabelo.

Das 09:10 às 9:20 -
Homenagem Sr. Armando Veríssimo Ribeiro, artisticamente conhecido
Moleque Namorador
- Vídeo com depoimentos e recortes de jornais (responsáveis Denivan e
Alex da Informática da UFAL).
Apresentação:
Denivan Costa de Lima falando da importância do fórum e apresentando a equipe e o
homenageado.

Das 9:25 às 10:30 -
MESA 1- Tema: O espaço da arte negra na gestão pública (municipal e
estadual) e nos projetos de responsabilidade social das iniciativas privadas.
Palestrante: Hilton Cobra
– Ator e Diretor da Cia dos Comuns – RJ, Coordenador do Fórum
Nacional de Performance Negra. Histórico do Fórum de Performance Negra Nacional (30minuto).
Sr. Osvaldo Viegas -Secretario de Cultura do Estado de Alagoas - Sustentabilidade (10min)
Sr. Juarez Orestes Gomes de Barros - Diretor/Presidente do Teatro Deodoro (10min)
Sr. Severino Cláudio de Figueiredo Leite (Mestre Cláudio), Representante da Fundação Palmares
em Alagoas. (10min)

Das 10:30 às 11:00
- DEBATE: 

Das 11:00 às 11:45
Palestra: Drª. Nanci Franco - Vice coordenadora do CEDU/UFAL
Tema- Professor: Mediador das relações estabelecidas na escola
Mediadora –Nadir Nóbrega: Dançarina, Coreógrafa, Mestre e doutoranda em Artes Cénicas pela
UFBA. Professora do curso de licenciatura em Dança pela UFAL. Homenageada pelo I Fórum
Estadual de Performance Negra - Bahia em 2010.

Das 11:45 às 11:55 -
Performance “CHAMADA”
Projeto Urucungo na Roda de Saberes, Orientador: Denivan Costa
Elenco: Ana Carla Moraes

12:00 - SAÍDA PARA O ALMOÇO 

14:00 - RETORNO 

Das 14:00 às 14:50
– Espetaculo: Filhos D`água – Vencedor do Edital: Programa Vivncia em Artes Proest – UFAL, Coordenação Jadiel Ferreira

Das 15:00h às 16:00h –
MESA 2 Tema: Princípios e características que constituem a performance negra com base na influência cultural de matriz africana.
Palestrante: Osvaldice Conceição
- Atriz, Diretora do grupo CIRANDARTE, coordenadora do I Fórum de performance negra- Bahia.
Consultora da I Fórum de Performance Negra - AL:
Eduardo Xavier dos Passos
– Contemplado com o I Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileira, categoria Dança, Região Nordeste e representante de Alagoas nos três Fóruns Nacionais
de Performance Negra. Tema: Preparação de Projetos para o Edital do Prêmio Nacional deExpressões Culturais Afro-Brasileira.
Mediadora
– Sirlene Gomes: Dançarina, Profª de Capoeira, Educadora, Graduanda em Dança Licenciatura.
Das 16:00 às 16:30

DEBATE
Das 16:30 às 17:00
– GTs - Sociedade alagoana e as Artes Cênicas: reflexões e propostas. 

Das 17:10 às 17:30 -
Palestra: Prfª Ms, UFAL- Campus Sertão Ana Cristina Conceição Santos.
Tema-
Afro Literatura: auto estima positivada na formação de leitores. 

ENCERRAMENTO:
Das 17:30 às 18:15
Espetáculo de Teatro MERCA-DO-REI - Vencedor do Edital Alagoas
em cena/2010 – de Geuves Correia e Nathaly Pereira, com Coordenação/Direção: Jose Acioly Filho.
Elenco: Bruno Alves, Geuves Tiago, Jafé Ramos, Nathaly Pereira, Ticiane Simões, Vivian
Amanda.

EQUIPE ORGANIZADORA:

Eduardo Xavier dos Passos
Denivan Costa de Lima
Nadir Nóbrega Oliveira
Sirlene Gomes da Silva
Jadiel Ferreira

AGRADECIMENTOS:

Marco Baiano, Secult, Instituto Zumbi dos Palmares – IZP, Teatro Deodoro, Secretaria de Cultura de estado – SECULT e Keka Rabelo Prdução Cultural.


Fonte: Assessoria

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Dona de casa diz ter sido vítima de racismo em salão de beleza

A dona de casa Maria Ledice Ferreira Ramos, 66, foi na manhã desta terça-feira (07) ao Ministério Público fazer uma denúncia de racismo. De acordo com ela, uma funcionária de uma salão de beleza do Maceió Shopping, conhecida como Iza, a agrediu verbalmente no último sexta-feira (3).

Segundo Maria Ledice, no final de semana ela foi fazer uma troca de um produto em uma loja do shopping. Depois do sucesso na empreitada ela procurou sua filha, que era funcionária no salão de beleza, para contar o feito. Chegando no estabelecimento, ela foi informada de que sua filha não se encontrava lá.

Ao tentar deixar um recado para a filha, a funcionária do salão pediu que ela se retirasse do local porque ela estava mal vestida e com trajes incompatíveis com o ambiente e porque ela não gostava de negros.

“Naquele momento eu fiquei completamente desnorteada, sem chão. Fiquei sem saber o que fazer e mal acertei a saída do salão. Até agora não sei como cheguei em casa, acredito que Deus me ajudou no trajeto de volta pra casa, assim como para abrir a porta de casa. Fiquei muito abalada”, relembra Maria Ledice.

Apesar da agressão, a dona de casa não falou sobre o incidente com sua filha. Entretanto, no dia seguinte, quando sua filha foi trabalhar recebeu a notícia que teria sido demitida. A filha de Maria Ledice procurou saber qual foi o motivo de seu desligamento da empresa, onde trabalhava há oito meses, mas não recebeu nenhuma explicação.

“É muita coincidência: num dia sou ofendida, no outro minha filha é despedida”, disse a dona de casa Maria Ledice.

O Promotor Flávio Gomes ficará responsável pelo caso e disse ser inconcebível ofensas baseadas em discriminação racial. "Hoje em dia, várias empresas trabalham muito para coibir abusos como esse", disse. O caso será encaminhado para a delegada Sheila Carvalho do 2º Distrito Policial, como também para o Ministério Público do Trabalho.


Fonte: Tudo na hora

CUT lança programa de TV em Alagoas

Em um coquetel a ser realizado nesta terça-feira, 07, a Central Única dos Trabalhadores de Alagoas lança o seu primeiro programa de TV. Intitulada Eu Quero Ver, a produção promete ser um espaço dedicado à classe trabalhadora com conteúdo informativo e qualidade técnica. O lançamento acontece às 19h, no Sindicato dos Urbanitários de Alagoas.

O programa estréia amanhã, 08, e terá edições diárias, exibidas sempre as 11h30 na TV COM (Canal 12 – NET). Além disso, devem entrar na grade da TV COM alguns programas produzidos pela CUT nacional, que hoje são exibidos na TV CUT Web.

A preocupação em criar um programa de TV surgiu da necessidade de debater assuntos que normalmente não estão na pauta da mídia comercial, mas tem impacto real na vida da classe trabalhadora. “Muitas vezes os assuntos mais importantes são tratados de forma superficial ou nem tem espaço na mídia tradicional, por falta de tempo ou interesse econômico. Nós sempre fizemos esforço pra esclarecer a população, e ter um veículo próprio vai ser um grande avanço nesse sentido.” Afirmou o presidente da CUT Izac Jacson.

O projeto é uma parceria entre a CUT, alguns sindicatos filiados e a TV COM. Está sendo desenvolvido desde o início deste ano. Um pequeno estúdio de TV foi criado na própria sede da entidade e a equipe já está na rua desde novembro. O formato do programa já foi definido, terá entrevistas no estúdio, coberturas de atividades do movimento sindical, e um quadro com informações jurídicas. Sob a apresentação da jornalista Morgana Moraes, o programa vai ser uma alternativa de informação para a sociedade alagoana.

Fonte: Assessoria de Comunicação

Iemanjá e a festa das águas

Por: Helciane Angélica - com informações da comissão organizadora


Amanhã, 08 de dezembro, é um dia de festa em Maceió em homenagem à Iemanjá –orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, além de ser a matriarca do panteão afro sagrado. Iemanjá é um nome derivado de três outras palavras do dialeto africano iorubá: yèyé (mãe), omo (filha) e ejá (peixe). Grupos alagoanos homenagearão aquela que é um dos orixás mais respeitados e populares – no sincretismo religioso é a Nossa Senhora devido à relação com a maternidade – a concentração será a partir das 10h, na Praça Multieventos, na Praia da Pajuçara em Maceió. 

Neste local, ocorre o encontro de caravanas de religiosos oriundos de diversos bairros de Maceió e municípios alagoanos que fazem seus batuques e oferendas simultaneamente durante todo o dia, atraindo turistas e simpatizantes das religiões de matriz africana. 

A ação também busca chamar a atenção da sociedade sobre o combate da intolerância religiosa, e o preconceito historicamente reproduzido em relação às religiões de matrizes africanas. As atividades da grande festa iniciarão com uma roda aberta de capoeira com a presença de representantes dos grupos Tradição, Liberdade, Abadá, Águia Negra, Muzenza e demais interessados. 

A partir das 14h, terá as apresentações percussivas com a Orquestra de Tambores de Alagoas, o Afoxé Oju Omin Omorewá, o maracatu nação A Corte de Airá (Palácio de Airá), o maracatu Raízes da Tradição do Abassá de Angola (Abassá de Oiá Balé), o Coletivo AfroCaeté, o Afoxé Odô Iyá (Casa de Iemanjá), o grupo Inaê (Grupo União Espírita Santa Bárbara-GUESB), grupo Airê Ioruba (Núcleo de Cultura da Zona Sul), o CEPA Quilombo (Jacintinho), o Quintal Cultural (Bom Parto), entre outros. 

A iniciativa contará ainda com a presença de convidados e representantes de órgãos públicos, Universidades e da comunidade. O evento será encerrado com um cortejo étnico reunindo todos os grupos presentes. Parabéns pela iniciativa e a programação riquíssima. Axé!



Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (07.12.10)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Assembleia condecora personalidades que trabalham em prol da igualdade racial

A Assembleia Legislativa realizou sessão especial nesta sexta-feira, 3, para homenagear o ministro da Igualdade Racial, Elói Ferreira de Araújo, com a Medalha de Mérito Tavares Bastos, e o embaixador de Cabo Verde no Brasil, Daniel Antonio Pereira, com a Medalha de Mérito Zumbi dos Palmares. Outro que também seria homenageado com a Medalha de Mérito Zumbi dos Palmares seria o ator Milton Gonçalves, que não pode comparecer à solenidade por motivo de trabalho.

O início da sessão foi marcada pela apresentação do ator Chico de Assis, que declamou o poema “Serra da Barriga”, de autoria do ilustre escritor alagoano Jorge de Lima.

Após ser agraciado com a Medalha Tavares Bastos, o ministro Elói Ferreira disse sentir uma “alegria inenarrável” com a homenagem. Em seu pronunciamento, ele agradeceu ao presidente da Casa, deputado Fernando Toledo (PSDB) e ao propositor da sessão, deputado Judson Cabral (PT) pela deferência de lhe conceder a medalha, que leva o nome do patrono do Poder Legislativo.

“Essa comenda, de fato, não é destinada ao Elói pessoa física. Ela tem uma razão, que é o reconhecimento ao governo do presidente Lula, que vem construindo políticas públicas dirigidas à inclusão e à promoção da igualdade racial. Lula é, com certeza, o destinatário dessa homenagem. Mas não nego que estou muito feliz de recebê-la”, ressaltou o ministro.

O embaixador de Cabo Verde, Daniel Antonio Pereira, agradeceu a honraria que lhe foi conferida (Medalha de Mérito Zumbi dos Palmares), lembrando que a mesma teve participação dos movimentos negros e do Projeto Raízes de África, presidido pela professora Arísia Barros. “Desde os primeiros momentos que soube dessa distinção me manifestei altamente sensibilizado, aceitando o desafio, o peso da responsabilidade e o significado dessa homenagem, que transporta no seu bojo uma história carregada de símbolo da resistência negra contra a escravidão, bandeira do último chefe do Quilombo dos Palmares”, declarou Pereira.

O propositor da sessão solene, deputado Judson Cabral, falou da honra em propor a medalha de Mérito Zumbi dos Palmares a personalidades tão importantes para a cultura étnica e social do país. “Personalidades que, com certeza, marcaram e marcam a história desse Brasil, na luta pela manutenção da cultura negra, pela cidadania e na luta contra o preconceito racial em todas as suas dimensões. Ninguém melhor do que Zumbi dos Palmares para ser exatamente o objeto desse mérito da medalha, que essa Casa concede às personalidades”, disse o petista.

A sessão solene foi presidida pelo chefe do Legislativo, deputado Fernando Toledo, e contou com a presença dos deputados Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT) e Isnaldo Bulhões (PDT). Além deles, também prestigiaram os homenageados o comandante do 59º Batalhão de Infantaria Motorizada, tenente-coronel Cristiano Pinto Sampaio; o desembargador Tutmés Ayran, representando o Tribunal de Justiça de Alagoas; o professor Eduardo Magalhães, representando o governo do Estado; a presidente da Ong Projeto Raízes de África, Arísia Barros, entre outros. A solenidade contou ainda com a apresentação de grupos de dança de origem afro.


Fonte: www.ale.al.gov.br

Eu posso ler mais um poema? Só mais um. Guilherme, 06 anos.

Arísia Barros
http://cadaminuto.com.br/blog/raizes-da-africa



Cerca de 60 pessoas entre africanos, cubanos, italianos, espanhóis e muita, muita gente boa dessa terra do negro herói brasileiro se fizeram presentes no I Festival das Palavras Pretas: Poesias com Cor e Identidade, que aconteceu ontem, 03 de dezembro na Companhia da Lagosta, bairro de Jatiúca.

Uma turista baiana declarou: “É interessante um momento como esse, aqui em Alagoas. Na Bahia isso é até comum, mas em Alagoas nunca tinha visto. Poesia preta? Muito bom!”

Jorge Filho, representante do movimento negro alagoano e membro da Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro, em Alagoas, acrescenta:“É algo realmente histórico reunir essa gente toda em plena noite de sábado para ouvir e ler poemas da temática negra, ao mesmo tempo que é muito bom, traduz o vazio desses espaços em Alagoas.”

Iniciativa do Projeto Raízes de Áfricas/AL, o I Festival das Palavras Pretas pretende revelar as muitas faces do escrever negro ou sobre a temática, como também, traçar uma interface com várias e diferentes experiências.

Ao longo da noite de sexta-feira um e tantos leitor@s, de início um tanto reticentes foram, pouco a pouco, entrando no clima da noite e a poesia fez-se ouvir.

O ministro da Igualdade Racial, Elói Ferreira ao saudar o público falou da necessidade de continuidade de projetos que buscam retratar Áfricas e o seu povo descendente na singularidade da literatura.

Segundo o ministro: ”A proposta do I Festival das Palavras Pretas de reunir diversos segmentos sociais, com conceitos gestados em diferentes contextos sócio-culturais, muitos com a tônica do apartheid é uma proposta ousada, mas possível. Mostra o esforço de grupos e pessoas construindo um processo mais humano e sobretudo, poético da igualdade de direitos e oportunidades", afirma Elói Ferreira, que fez a leitura do poema “Testemunho”, da poetiza angolana, Alada Lara.

Entre a música magistralmente cantada por Pauline Alencar e a distribuição de flores tropicais para o público presente, o I Festival mobilizou convidados e freqüentadores habituais da Companhia da Lagosta.

Ricardo Cabús idealizador do Papel Varal foi uma presença marcante da noite poética.

A professora Nanci Franco do Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas, acompanhada do casal de filhos falou sobre o I Festival: “Estou realmente feliz por estar aqui, mesmo com as atribuições cotidianas e todo cansaço do final do dia, não poderia deixar de vir e trazer minha filha e meu filho. Acredito que poesia deve fazer parte do crescimento intelectual da criança e mais, ainda, poesia que fala à construção da negritude das crianças.”

Guilherme, filho de Nanci de 06 anos foi um leitor especial. A toda hora perguntava à organização do Festival: Eu posso ler mais um poema? Só mais um?

Carlos, representante do Ministério Público Federal afirma: “Ainda que a população negra e parda no Brasil seja maioria, a poesia oriunda do continente africano e negra permanece desconhecida para a maior parte do público. Para mim é uma grata surpresa participar em Alagoas de um momento tão especial como esse.”

Professores e professoras de Marechal Deodoro e Japaratinga/AL trocaram impressões sobre a noite.

Chico de Assis, o maestro alagoano da palavra poética trouxe brilho especial ao I Festival das Palavras Pretas.

No término do I Festival das Palavras Pretas, às 2 horas da manhã, Valdice Gomes, presidente do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas pergunta: Quando acontecerá a segunda edição?

Acontecerá!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Crianças participam da Campanha Unicef contra o racismo


O lançamento da Campanha “Por uma infância sem racismo” em Alagoas aconteceu na Serra da Barriga, berço da liberdade e palco da resistência negra


Texto: Helciane Angélica / Fotos: Emanuelle Vanderlei - integrantes da COJIRA/AL


Crianças de todas as cores, idades, etnias, cheias de sonhos e oriundas de várias partes de Alagoas estiveram nesta sexta-feira (03.12) na Serra da Barriga em União dos Palmares, local onde se formou o maior e mais importante Quilombo já registrado e que teve uma população multi-étnica em busca de liberdade e justiça social. Na ocasião foi lançada a Campanha “Por uma infância sem racismo”, uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em parceria com várias instituições.

A solenidade iniciou com a leitura das dez maneiras de contribuir para uma infância sem racismo, informações apresentadas por alunos de escolas públicas. Em seguida, ocorreram os pronunciamentos das autoridades: o Prefeito de União dos Palmares, Areski Freitas; Nadja Lessa, Secretaria Adjunta da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos; Claudio Leite, o Mestre Claudio, do Escritório Estadual da Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura; Dr. Claudio Soriano, Presidente do Conselho Estadual de Direito da Criança e Adolescente; o professor Carlinhos da Associação Muzenza Capoeira, representando todas as entidades da sociedade civil que aderiram à Campanha; e por último, Salvador Soler, coordenador do UNICEF nos estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba.


O coordenador Salvador Soler apresentou os principais objetivos e metas da campanha nacional que a princípio terá uma duração de doze meses, com o intuito de sensibilizar a sociedade e os veículos de comunicação sobre os efeitos do racismo na infância. Também, foram exibidas peças de divulgação como o encarte informativo, blog e vídeos que contou com a interpretação de Lázaro Ramos – ator, ativista e Embaixador do Unicef. 




A estudante Daniele Ferreira de onze anos é uma das crianças que enfrenta diariamente o preconceito de coleguinhas da escola que implicam com o seu cabelo afro e fazem constantemente piadas ofensivas. Mas a menina, que foi escolhida para ser a mestre de cerimônia mirim, não se deixa abater, afirmou que ignora porque tem orgulho de ser negra, é feliz e se considera linda. 

O UNICEF está comemorando 60 anos de atuação e sempre monitora os indicadores sociais relacionadas à saúde, educação, moradia, segurança e em outros segmentos; além de buscar o empoderamento das crianças para que conheçam seus direitos e sejam protagonistas das ações. De acordo com dados estatísticos do IBGE e do PNAD, no Brasil vivem 31 milhões de crianças negras e 150 mil crianças indígenas, onde cerca de 26 milhões das crianças brasileiras vivem em condições de pobreza e 17 milhões são negras.


Simbologia

A escolha da Serra da Barriga para realizar o lançamento da Campanha em Alagoas não foi uma decisão unilateral, e sim, definida em consenso pelas mais de 30 instituições públicas e privadas parceiras. “Quando eu cheguei aqui, me senti entrando em um local sagrado. E estou muito feliz pela simbologia de liberdade e resistência que esse lugar tem, onde pessoas que mesmo não sendo reconhecidas lutaram por liberdade e respeito. Então, estar aqui, nos anima a continuar lutando por igualdade na infância e na expectativa que todas as parcerias conquistadas permaneçam contribuindo para a promoção do respeito étnico”, declarou Soler.


Apresentações

O dia de mobilização também contou com apresentações artísticas, onde as crianças alagoanas exibiram seus talentos na arte de representar, dançaram, cantaram e batucaram. Teve o grupo Malungos do Ilê, Afoxé Odô Iyá, Banda Afro Nação Dandara, o Grupo Ará Fun Fun Omagerê que é vinculado ao Grupo União Espírita Santa Bárbara (Guesb), aulão de capoeira e a presença especial do Coral Canarinhos Aracaju de Sergipe que existe há onze anos sob a regência do Maestro Carlos Magno do Espírito Santo.

Estiveram presentes aproximadamente 230 crianças no total, oriundas de escolas públicas de vários municípios; de três comunidades quilombolas Muquém, Filús e Jusarinha; indígenas da Tribo Xucuru Cariri; além de representações de comunidades em áreas de vulnerabilidade social a exemplo da Vila Emater II, Bebedouro, Benedito Bentes, Conjunto Village Campestre e Ponta da Terra.