domingo, 5 de dezembro de 2010

Eu posso ler mais um poema? Só mais um. Guilherme, 06 anos.

Arísia Barros
http://cadaminuto.com.br/blog/raizes-da-africa



Cerca de 60 pessoas entre africanos, cubanos, italianos, espanhóis e muita, muita gente boa dessa terra do negro herói brasileiro se fizeram presentes no I Festival das Palavras Pretas: Poesias com Cor e Identidade, que aconteceu ontem, 03 de dezembro na Companhia da Lagosta, bairro de Jatiúca.

Uma turista baiana declarou: “É interessante um momento como esse, aqui em Alagoas. Na Bahia isso é até comum, mas em Alagoas nunca tinha visto. Poesia preta? Muito bom!”

Jorge Filho, representante do movimento negro alagoano e membro da Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro, em Alagoas, acrescenta:“É algo realmente histórico reunir essa gente toda em plena noite de sábado para ouvir e ler poemas da temática negra, ao mesmo tempo que é muito bom, traduz o vazio desses espaços em Alagoas.”

Iniciativa do Projeto Raízes de Áfricas/AL, o I Festival das Palavras Pretas pretende revelar as muitas faces do escrever negro ou sobre a temática, como também, traçar uma interface com várias e diferentes experiências.

Ao longo da noite de sexta-feira um e tantos leitor@s, de início um tanto reticentes foram, pouco a pouco, entrando no clima da noite e a poesia fez-se ouvir.

O ministro da Igualdade Racial, Elói Ferreira ao saudar o público falou da necessidade de continuidade de projetos que buscam retratar Áfricas e o seu povo descendente na singularidade da literatura.

Segundo o ministro: ”A proposta do I Festival das Palavras Pretas de reunir diversos segmentos sociais, com conceitos gestados em diferentes contextos sócio-culturais, muitos com a tônica do apartheid é uma proposta ousada, mas possível. Mostra o esforço de grupos e pessoas construindo um processo mais humano e sobretudo, poético da igualdade de direitos e oportunidades", afirma Elói Ferreira, que fez a leitura do poema “Testemunho”, da poetiza angolana, Alada Lara.

Entre a música magistralmente cantada por Pauline Alencar e a distribuição de flores tropicais para o público presente, o I Festival mobilizou convidados e freqüentadores habituais da Companhia da Lagosta.

Ricardo Cabús idealizador do Papel Varal foi uma presença marcante da noite poética.

A professora Nanci Franco do Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas, acompanhada do casal de filhos falou sobre o I Festival: “Estou realmente feliz por estar aqui, mesmo com as atribuições cotidianas e todo cansaço do final do dia, não poderia deixar de vir e trazer minha filha e meu filho. Acredito que poesia deve fazer parte do crescimento intelectual da criança e mais, ainda, poesia que fala à construção da negritude das crianças.”

Guilherme, filho de Nanci de 06 anos foi um leitor especial. A toda hora perguntava à organização do Festival: Eu posso ler mais um poema? Só mais um?

Carlos, representante do Ministério Público Federal afirma: “Ainda que a população negra e parda no Brasil seja maioria, a poesia oriunda do continente africano e negra permanece desconhecida para a maior parte do público. Para mim é uma grata surpresa participar em Alagoas de um momento tão especial como esse.”

Professores e professoras de Marechal Deodoro e Japaratinga/AL trocaram impressões sobre a noite.

Chico de Assis, o maestro alagoano da palavra poética trouxe brilho especial ao I Festival das Palavras Pretas.

No término do I Festival das Palavras Pretas, às 2 horas da manhã, Valdice Gomes, presidente do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas pergunta: Quando acontecerá a segunda edição?

Acontecerá!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos sua mensagem!
Axé!