terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Resistência na capital

Por: Helciane Angélica - jornalista


O movimento em defesa da Vila dos Pescadores do Jaraguá tem ganhado força e o apoio de instituições dos mais diversos segmentos. No comando, encontra-se a Associação dos Moradores do Jaraguá (Amajar) que luta para manter as 450 famílias com dignidade no local onde moram a mais de 60 anos.

Atualmente existe um impasse com a Prefeitura de Maceió, que pretende transferir os moradores para um condomínio na praia do Sobral, enquanto isso, no local seria implantada uma marina com fins lucrativos. A presidente da Associação, Maria Enaura do Nascimento (filha e mãe de pescador), ressaltou que se houver a transferência dos moradores todos serão prejudicados devido à distância das novas casas. Como precisam acordar muito cedo temem com a violência e a até mesmo com despesas no deslocamento até o trabalho, e isso acarretaria no desânimo para executar a cultura da pesca que aprenderam desde a infância.

Estão sendo realizadas várias mobilizações como o abaixo-assinado que teve mais de mil assinaturas e foi entregue à Secretaria de Patrimônio da União (SPU), protestos e carta-aberta com a manifestação solidária de várias entidades, inclusive, dos catadores da Vila Emater II que passaram por situação parecida e vivem ao lado do lixão.

De acordo com uma pesquisa executada pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) no ano de 2006, 67% das pessoas não querem deixar a localidade que pertencem à União e de acordo com o Ministério Público Federal as pessoas não podem ser tiradas a força. A coordenadora Marluce Cavalcanti do ponto de cultura Enseada das Canoas (desenvolve atividades culturais, de formação e cidadania na comunidade) informou que o único método para oficializar a remoção é com a realização de uma consulta pública.

As famílias dos pescadores e marisqueiras continuam resistindo bravamente para conseguir a reurbanização da área, com segurança, lazer e postos de saúde para a população. A “limpeza social” não deve sobrepor à luta desses guerreiros contemporâneos, eles também são cidadãos e merecem respeito!





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