quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Exposições retratam povos indígenas e negros no Complexo Cultural Teatro Deodoro

Texto de Hannah Copertino

Dois artistas, referências na fotografia alagoana, estão apresentando seus trabalhos em exposições simultâneas, no Complexo Cultural Teatro Deodoro. Ailton Cruz revela seu olhar sobre povos africanos em Angola: viajando com os olhos. Já Siloé Amorim, expõe sua visão sobre tribos indígenas em Memórias: narrativas em preto e branco. As mostras trazem culturas distintas, peculiares, mas dialogam ao trazer à tona traços de povos marcados pela luta e resistência. As visitas podem ser feitas até 17/10; de segunda a sábado, das 8h às 18h, exceto às quartas quando o horário se estende até 20h, e, aos domingos e feriados, das 14h às 17h. A entrada é gratuita. Grupos de escolas e instituições devem agendar a visita pelo e-mail: escolasditeal@gmail.com ou por telefone (82) 98884-6885 e (82) 98819-5010.

A exposição Angola: viajando com os olhos traz 49 fotografias coloridas captadas por Ailton Cruz em sua viagem ao país africano como consultor do primeiro jornal de economia e finanças de lá. O lugar vivia um período de pós-guerra, era proibido fotografar, mas Ailton conseguiu fazer seus registros e, mesmo tendo sido preso por isso, continuou seu ofício, trazendo um enorme e belo acervo. A mostra Memórias: narrativas em preto e branco apresenta 30 fotografias feitas com câmera analógica em preto e branco, reveladas com nitrato de prata sobre gelatina, impressas sobre papel fotográfico ILFORD de fibra. As imagens são fruto de um trabalho de pesquisa do antropólogo.
Exposição Angola: viajando com os olhos, de Ailton Cruz. Foto: Adalberto Farias.
Exposição Angola: viajando com os olhos, de Ailton Cruz.
Foto: Adalberto Farias.

Ailton Cruz comparou a experiência ao Prêmio Esso de Jornalismo. “Para mim, foi como ganhar o prêmio Esso, ir para Angola e ter acesso à cultura, à esse material todo aqui. Foi uma experiência cultural e antropológica. Fui para trabalhar em Angola, aproveitei para conhecer Angola a fundo, não os pontos turísticos, fui para as tribos, onde tinha a pobreza. Lá, só tem duas classes: o pobre e o rico, e o pobre é muito pobre e o rico é muito rico, mas a cultura é riquíssima, o povo é alegre… É a minha segunda pátria ali. Há oito anos, as fotos estavam prontas e, agora, pela primeira vez, chegar e ver a exposição aqui, me emociono. Eu quero que o público veja e viaje com os olhos”, afirmou o fotógrafo Ailton Cruz.

Siloé Amorim iniciou a pesquisa de mestrado com os índios do Sertão apresentados na mostra em 1999 e terminou dez anos depois. “Espero, com a exposição, que a população reconheça que nós temos uma população indígena forte, que reconheça neles uma humanidade, uma luta, uma busca de território, e que o público se veja diante dessa situação. É a primeira vez que estou expondo no Complexo Cultural Teatro Deodoro, é um espaço importante, que vêm muitos artistas, é do Estado, que tem que se comprometer com essa causa. E que o público venha, é bem importante”, disse Siloé Amorim.
Exposição Memórias: narrativas em preto e branco, de Siloé Amorim. Foto: Adalberto Farias.
Exposição Memórias: narrativas em preto e branco, de Siloé Amorim.
Foto: Adalberto Farias.

A diretora presidente da Diteal, Sheila Maluf, ressaltou a excelente qualidade dos trabalhos dos fotógrafos e a relevância dos temas abordados na mostra. “É fundamental dar visibilidade a esses povos. A mostra promove um aprendizado, um circuito cultural, são duas produções independentes, mas que dialogam entre si. Então, vale a pena conferir, estão todos convidados”, acrescentou Sheila Maluf.

O jornalista e professor, Cícero Rogério, que esteve na abertura da mostra, destacou a importância das exposições. “Eu acho de extrema importância poder retratar nas imagens fotográficas, tanto a questão dos povos indígenas alagoanos, quanto também o povo negro, especificamente de Angola, porque são duas etnias, dois povos, que embora pareçam povos distintos, claro, cada um dentro da sua particularidade, mas que eles se juntam pela resistência, são dois povos que resistem até hoje para serem reconhecidos como cidadãos, trabalhadores, para participar desse mundo e isso significa ter seus direitos respeitados. No caso dos índios, ter acesso à terra e, dos negros, combater toda a espécie de racismo. A importância dessa exposição é essa: o olhar do outro para esses povos, para que a gente lute cada vez mais por respeito, por dignidade, para que quem sofre mais socialmente falando, tenha condições de viver e ser feliz. E a arte tem esse papel”, ressaltou Cícero Rogério.

Sobre os artistas:
Ailton Cruz é de Utinga, em Rio Largo, iniciou sua carreira em 1976. Formado em Jornalismo pelo Centro de Ensino Superior de Maceió (Cesmac), com extensão em Antropologia Visual pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), descobriu a paixão pela fotografia ainda na infância, quando aprendeu a retratar imagens com filmes em preto e branco.

Siloé Amorim, de Palmeira dos Índios, é professor no curso de Ciências Sociais na Universidade Federal de Alagoas. Formado em Antropologia Social pela Escola Nacional de Antropologia e História/ENAH, mestre em Multimeios pela Universidade Estadual de Campinas e doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia visual, atuando principalmente nos temas: antropologia, imagem, comunicação e identidade, antropologia indígena e antropologia social.

Serviço:
Exposições Angola – Viajando com os olhos, do fotógrafo Ailton Cruz, e Memórias – Narrativas em Preto e Branco, do antropólogo e artista visual Siloé Amorim.
Visitação – Até 17/10.
Horários – Às segundas, terças, quintas e sábados, das 8h às 18h; às quartas, das 8h às 20h; e, aos domingos e feriados, das 14h às 17h.
Local – Complexo Cultural Teatro Deodoro, vizinho ao Teatro Deodoro, Centro de Maceió.
A entrada é gratuita.
Grupos de escolas e instituições devem agendar a visita pelo e-mail: escolas@gmail.com ou por telefone (82) 98884-6885 e (82) 98819-5010.


Fonte: Ascom/Diteal

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos sua mensagem!
Axé!