Texto de Hannah Copertino
Dois artistas, referências na fotografia alagoana, estão apresentando
seus trabalhos em exposições simultâneas, no Complexo Cultural Teatro
Deodoro. Ailton Cruz revela seu olhar sobre povos africanos em Angola: viajando com os olhos. Já Siloé Amorim, expõe sua visão sobre tribos indígenas em Memórias: narrativas em preto e branco.
As mostras trazem culturas distintas, peculiares, mas dialogam ao
trazer à tona traços de povos marcados pela luta e resistência. As
visitas podem ser feitas até 17/10; de segunda a sábado, das 8h às 18h,
exceto às quartas quando o horário se estende até 20h, e, aos domingos e
feriados, das 14h às 17h. A entrada é gratuita. Grupos de escolas e
instituições devem agendar a visita pelo e-mail: escolasditeal@gmail.com ou por telefone (82) 98884-6885 e (82) 98819-5010.
A exposição Angola: viajando com os olhos traz 49 fotografias
coloridas captadas por Ailton Cruz em sua viagem ao país africano como
consultor do primeiro jornal de economia e finanças de lá. O lugar vivia
um período de pós-guerra, era proibido fotografar, mas Ailton conseguiu
fazer seus registros e, mesmo tendo sido preso por isso, continuou seu
ofício, trazendo um enorme e belo acervo. A mostra Memórias: narrativas
em preto e branco apresenta 30 fotografias feitas com câmera analógica
em preto e branco, reveladas com nitrato de prata sobre gelatina,
impressas sobre papel fotográfico ILFORD de fibra. As imagens são fruto
de um trabalho de pesquisa do antropólogo.
Ailton Cruz comparou a experiência ao Prêmio Esso de Jornalismo.
“Para mim, foi como ganhar o prêmio Esso, ir para Angola e ter acesso à
cultura, à esse material todo aqui. Foi uma experiência cultural e
antropológica. Fui para trabalhar em Angola, aproveitei para conhecer
Angola a fundo, não os pontos turísticos, fui para as tribos, onde tinha
a pobreza. Lá, só tem duas classes: o pobre e o rico, e o pobre é muito
pobre e o rico é muito rico, mas a cultura é riquíssima, o povo é
alegre… É a minha segunda pátria ali. Há oito anos, as fotos estavam
prontas e, agora, pela primeira vez, chegar e ver a exposição aqui, me
emociono. Eu quero que o público veja e viaje com os olhos”, afirmou o
fotógrafo Ailton Cruz.
Siloé Amorim iniciou a pesquisa de mestrado com os índios do Sertão
apresentados na mostra em 1999 e terminou dez anos depois. “Espero, com a
exposição, que a população reconheça que nós temos uma população
indígena forte, que reconheça neles uma humanidade, uma luta, uma busca
de território, e que o público se veja diante dessa situação. É a
primeira vez que estou expondo no Complexo Cultural Teatro Deodoro, é um
espaço importante, que vêm muitos artistas, é do Estado, que tem que se
comprometer com essa causa. E que o público venha, é bem importante”,
disse Siloé Amorim.
A diretora presidente da Diteal, Sheila Maluf, ressaltou a excelente
qualidade dos trabalhos dos fotógrafos e a relevância dos temas
abordados na mostra. “É fundamental dar visibilidade a esses povos. A
mostra promove um aprendizado, um circuito cultural, são duas produções
independentes, mas que dialogam entre si. Então, vale a pena conferir,
estão todos convidados”, acrescentou Sheila Maluf.
O jornalista e professor, Cícero Rogério, que esteve na abertura da
mostra, destacou a importância das exposições. “Eu acho de extrema
importância poder retratar nas imagens fotográficas, tanto a questão dos
povos indígenas alagoanos, quanto também o povo negro, especificamente
de Angola, porque são duas etnias, dois povos, que embora pareçam povos
distintos, claro, cada um dentro da sua particularidade, mas que eles se
juntam pela resistência, são dois povos que resistem até hoje para
serem reconhecidos como cidadãos, trabalhadores, para participar desse
mundo e isso significa ter seus direitos respeitados. No caso dos
índios, ter acesso à terra e, dos negros, combater toda a espécie de
racismo. A importância dessa exposição é essa: o olhar do outro para
esses povos, para que a gente lute cada vez mais por respeito, por
dignidade, para que quem sofre mais socialmente falando, tenha condições
de viver e ser feliz. E a arte tem esse papel”, ressaltou Cícero
Rogério.
Sobre os artistas:
Ailton Cruz é de Utinga, em Rio Largo, iniciou sua carreira em 1976.
Formado em Jornalismo pelo Centro de Ensino Superior de Maceió (Cesmac),
com extensão em Antropologia Visual pela Universidade Federal de
Alagoas (Ufal), descobriu a paixão pela fotografia ainda na infância,
quando aprendeu a retratar imagens com filmes em preto e branco.
Siloé Amorim, de Palmeira dos Índios, é professor no curso de
Ciências Sociais na Universidade Federal de Alagoas. Formado em
Antropologia Social pela Escola Nacional de Antropologia e
História/ENAH, mestre em Multimeios pela Universidade Estadual de
Campinas e doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, tem experiência na área de Antropologia, com ênfase
em Antropologia visual, atuando principalmente nos temas: antropologia,
imagem, comunicação e identidade, antropologia indígena e antropologia
social.
Serviço:
Exposições Angola – Viajando com os olhos, do fotógrafo Ailton Cruz, e Memórias – Narrativas em Preto e Branco, do antropólogo e artista visual Siloé Amorim.
Visitação – Até 17/10.
Horários – Às segundas, terças, quintas e sábados, das 8h às 18h; às
quartas, das 8h às 20h; e, aos domingos e feriados, das 14h às 17h.
Local – Complexo Cultural Teatro Deodoro, vizinho ao Teatro Deodoro, Centro de Maceió.
A entrada é gratuita.
Grupos de escolas e instituições devem agendar a visita pelo e-mail: escolas@gmail.com ou por telefone (82) 98884-6885 e (82) 98819-5010.
Fonte: Ascom/Diteal
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