Há 126 anos, foi abolida no Brasil a escravidão de negros e negras oriundos do continente africano.
O país foi o campeão na prática nefasta do tráfico de pessoas, que eram arrancadas de suas origens, famílias e costumes, para executar o trabalho forçado nas lavouras e casas de engenho, sob a justificativa de que eram amaldiçoadas e pertenciam a povos inferiores. E foi o último país independente do continente americano a abolir completamente a escravatura, porém, o que parecia a solução para todos os problemas, desencadeou uma onda de marginalização social.
Para o Movimento Negro o dia 13 de maio não é uma data festiva, e sim, o Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo que busca promover a reflexão sobre a luta dos nossos antepassados por liberdade e justiça social; além de analisar os efeitos desastrosos que persistem até hoje.
A população brasileira é formada por 50,7% de negros (pretos e pardos) conforme o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no entanto, amargam a falta de oportunidades, ocupam cargos de menor prestígio e representam apenas 20% dos que ganham mais de dez salários mínimos.
Também ocupam apenas cerca de 30% do funcionalismo brasileiro nas esferas federal, estaduais e municipais. Os índices de analfabetismo, desemprego e homicídios são crescentes. A nossa juventude negra está sendo dizimada, as políticas de inserção social e cultural são insuficientes, o que só fortalece a criminalidade e o tráfico de drogas. O pertencimento étnico deveria ser uma valorização para além das datas emblemáticas, e sim, ser uma prática constante em nossos lares e salas de aula.
E fica a pergunta, onde está a cidadania plena? O discurso de que somos todos iguais perante a Lei, não pode ficar apenas no papel ou tornar-se uma estratégia de marketing nas redes sociais. Não podemos continuar sendo vítimas de atos racistas, intolerância religiosa e a opressão que multiplicam-se nos mais diversos locais.
Queremos respeito!
Fonte: Coluna Axé – 296ª edição – Jornal Tribuna Independente (13 a 19/05/2014) / Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-AL/Sindjornal)
Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com
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