terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Fé, tradição e cultura



Nessa terça-feira, 08 de dezembro, é o Dia de Nossa Senhora da Imaculada da Conceição em todo o Brasil e no sincretismo religioso Dia de Iemanjá em Alagoas. 

Com a aprovação da Lei Estadual nº 7.384, de 12 de julho de 2012, foi instituído no calendário oficial o Dia de Resistência da Religiosidade Afro Brasileira – Dia de Iemanjá. Porém, apesar do pedido de perdão governamental ao Quebra de Xangô de 1912 – episódio nefasto de violência e intolerância, com vários terreiros invadidos e depredados, onde muitos religiosos(as) tiveram que fugir e esconder sua fé; o preconceito e o desejo de abafar os tambores continuam eminentes.

Na semana passada, foi preciso a intervenção do Ministério Público Estadual e projeção na mídia alagoana, para dar visibilidade ao impasse quanto a utilização de uma praça que envolvia dois eventos: a Festa das Águas (religiosos de matrizes africanas) e o Show Maceió de Joelhos (grupo evangélico). Foi preciso, a realização de um ato público no Fórum Estadual para mostrar à sociedade que não era apenas uma briga por espaço, e sim, a reivindicação pelo direto constitucional à liberdade de culto e o respeito às manifestações afroculturais que ocorrem há décadas.

A ação contou com o apoio do Padre Manoel Henrique, e ainda, da Aliança de Batistas do Brasil representada pela Igreja Batista do Pinheiro e sua Pastoral da Negritude, que emitiu nota pública sobre episódio no MPE: “(...) Não concordamos é que a oração se transforme em desculpa para a prática da intolerância, querendo por este pretexto ocupar o espaço tradicional de outras religiões. Desta forma manifestamo-nos a favor de uma postura de paz, justiça, amor, graça e entendimento, que produza o testemunho de evangelho de Jesus de Nazaré que preza pela harmonia em detrimento do espírito de beligerância”.

Após várias audiências, o impasse foi solucionado, e durante toda essa terça-feira(08.12), caravanas de religiosos de matrizes africanas de casas de axé de várias nações, prestarão suas homenagens com oferendas à Iemanjá, cânticos e danças. Na Praça Multieventos localizada na Praia de Pajuçara em Maceió, a programação cultural iniciará às 10h, com uma grande roda de capoeira do Grupo Muzenza, organizada pelo Contra Mestre Carlinhos Muzenza e o Mestre Girafa.

A partir das 14h, em frente ao Grupo União Espírita Santa Bárbara (GUESB) – Rua São Pedro, nº10, Village Campestre 2 – terá a concentração para a carreata em alusão ao combate da intolerância religiosa, que percorrerá as principais ruas da capital alagoana e o destino final será na Praça Multieventos.

Durante todo o dia, representantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AL) e do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CONEPIR-AL) estarão com uma tenda montada na praça, para repassar orientações e recolher denúncias referentes ao crime de racismo e intolerância religiosa. E ainda, terá a coleta de assinaturas para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) transforme a Festa de Iemanjá em patrimônio imaterial em Alagoas.

O dia 08 de dezembro não é uma data qualquer, é mais um dia reflexão e valorização do pertencimento étnico. E a luta por respeito continua!


Festa das Águas
Hoje, a partir das 13h, na Praça Multieventos em Maceió, terá a oitava edição do evento Festa das Águas. Terá a apresentação da banda Afro Zumbi, Civilização Negra (Escola de Samba Girassol), Orquestra de Tambores de Alagoas, Afoxé Odô Iyá (Casa de Iemanjá), Coletivo AfroCaeté, Afro Afoxé, Rogério Dyas e a Trincheira, Segura o Coco, Afoxé Ofaomin (Ilê Axé Ofaomin), Afoxé Oju Omin Omorewá, Maracatu Raízes da Tradição (Abassá de Angola de Oyá Igbalé), Grupo Maracatodos, Ara Funfun Omanjerê (Inaê/Grupo União Espírita Santa Bárbara), Afoxé Povo de Exu (Ilê Axé Legionirê Nito Xoroquê) e Roda de Samba coordenado pelos religiosos de matriz africana. Esse é um momento de celebração, integração e fortalecimento da cultura afroalagoana. Prestigie!


Iemanjá
Odoyá! Iemanjá é a divindade nas religiões Candomblé e Umbanda, popularmente conhecida, é tida como a mãe de quase todos os orixás: ancestrais divinizados africanos que correspondem a pontos de força da natureza e os seus arquétipos. Iemanjá é o orixá das águas doces e salgadas, regente absoluta dos lares, além de ser a protetora dos pescadores e jangadeiros. No Brasil, recebe diferentes nomes: Dandalunda, Inaê, Ísis, Janaína, Marabô, Maria, Mucunã, Princesa de Aiocá, Princesa do Mar, Rainha do Mar, Sereia do Mar, etc. E no sincretismo religioso, corresponde à Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Piedade e Virgem Maria. Independente de qual seja a sua crença, respeite!


Fonte: Coluna Axé – 370ª edição – Jornal Tribuna Independente (08 a 14/12/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

Crédito da foto: Ilustração


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos sua mensagem!
Axé!