Por:
Helciane Angélica – Jornalista/Cojira-AL
Fotos:
DivulgaçãoO grupo é formado por percussionistas, cantores e dançarinos |
O afoxé Oju Omim
Omorewá completou dez anos de atuação no Estado de Alagoas, e sua sede
encontra-se no bairro do Jacintinho em Maceió. E hoje (14.08) no Teatro Deodoro
em Maceió, na programação da 14ª edição do projeto Teatro é o maior barato,
terá um espetáculo especial intitulado “Agô Yabás pedem passagem”, e ainda, o
1º Concurso de Beleza
Negra Omorewá.
No
ano passado, o grupo entrou para história, pois foi um o primeiro afoxé a se
apresentar no palco do teatro centenário. É constantemente convidado para
realizar apresentações artístico-culturais em eventos afros, festivais, escolas
e na conferência metropolitana de igualdade racial; e já fez show na Feira da Reforma
Agrária e na Festa do Meado de Agosto
realizada em uma comunidade quilombola. Também foi o terceiro colocado
no 2° Prêmio para Comunidades Terreiros do
projeto Xangô Rezado Alto promovido pela Universidade Estadual de Alagoas
(UNEAL).
A Comissão de Jornalistas pela Igualdade
Racial em Alagoas (Cojira-AL) – vinculada ao Sindicato dos Jornalistas
Profissionais de Alagoas (Sindjornal) – entrevistou Nany Moreno (foto), uma das coordenadoras
do afoxé, que também é ialorixá, uma das vocais, toca alguns instrumentos
percussivos e uma exímia dançarina. Confira!
Cojira-AL: Como surgiu o Oju Omim
Omorewá?
Nany Moreno: O omorewá surgiu do nosso amor pela cultura, eu sempre amei
os blocos afros de Salvador com sua dança e música afro. Mas, como era um pouco
distante descobri Pernambuco e seus afoxés, fiquei maravilhada com muita
vontade de montar um aqui em Maceió foi aí que eu e uma turma da casa religiosa
que faço parte montamos o Odô Iyá com a ajuda de uma integrante do afoxé de Recife
Mercia Gardelha.
Cojira-AL: Possuem quantos
membros e a qual a filosofia do grupo?
Nany
Moreno: No geral
consiste em 22 pessoas e a nossa filosofia é preservar a cultura negra e elevar
a autoestima do negro. Também queremos manter os jovens com alguma ocupação e informá-los
sobre a sua história para que não se envergonhe de sua cor.
Cojira-AL: Qual a importância do
afoxé dentro das expressões afro-culturais?
Nany Moreno: O afoxé é de grande importância porque além de contar nossa
história, conta nossa religiosidade da maneira certa.
Cojira-AL: Como se deu a
preparação do show “Agô Yabas pedem passagem” no Teatro Deodoro?
Nany Moreno: Com muita conversa e pesquisa. Queríamos um tema que falasse
da mulher guerreira e também fosse um meio de trazer ao público mais
informações sobre os orixás. Daí, decidimos pedir licença as Yabás pra fazer
esse show, e elas deram graças a Olorum. Oxum, Ewá,Oyá,Iemanjá,Obá
e Nanã são as mães e ao mesmo tempo guerreiras.
Cojira-AL: Quais foram os
critérios de seleção para definir as participantes do concurso de Beleza Negra
em Alagoas?
Nany Moreno: As candidatas tinham que ter noção
de dança afro, carisma e conhecer um pouco sobre a história do povo negro. E as
candidatas que eram menores de idade só com autorização dos pais.
Cojira-AL: Esse concurso alagoano
se inspirou na “Noite da Beleza Negra” do bloco afro baiano Ilê Aiyê que
escolhe a Deusa do Ébano?
Nany Moreno: Sim. E, tivemos alguns problemas no começo das inscrições. Aqui
em Maceió temos belas jovens, mas por incrível que pareça nos deparamos com o
preconceito que tanto lutamos. Algumas candidatas desistiram porque tinha que
dançar e algumas pensavam que era um desfile de moda. E outras, os parentes não
permitiram porque achavam que não era um concurso sério e era coisa de macumba.
Cojira-AL: Tiveram quantas
candidatas?
Nany Moreno: Ao todo foram 15 escritas,
sendo 10 selecionadas e duas convidadas que estão vindo de Recife(PE). Mas,
teremos oito moças que vão se apresentar e representarão os seus grupos, como o Odô Iya, Afoxé Povo de Exu, Banda Afro
Mandela, e ainda tem capoeirista, estudante de dança na Ufal e de outros segmentos.
Cojira-AL: Tem alguma premiação?
Nany Moreno: Será uma escultura de uma negra feita
pela escultora Vânia Oliveira, um celular e um buquê de flores.
Cojira-AL: Quais os principais parceiros?
Nany Moreno: A Secretaria da Mulher, Cidadania e dos Direitos Humanos atendeu
a nossa solicitação e nos deu as camisas, água, lanche, banner e transporte. Também
tivemos o apoio de Mãe Miriam que cedeu o barracão da sua casa de santo para ensaiamos
lá.
Cojira-AL: Existe a possibilidade
de inserir o concurso no calendário afro-cultural do Estado de Alagoas?
Nany Moreno: É um caso a se pensar, mas as dificuldades são muito grandes.
Cojira-AL: Quais os planos futuros?
Nany Moreno: É continuar a nossa luta por nosso povo com muita força com a
proteção de Oyá e Oxum porque eu sou de onira eparrei minha mãe.
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