quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Oju Omim Omorewá: afoxé completa dez anos de valorização afro-cultural

Por: Helciane Angélica – Jornalista/Cojira-AL
Fotos: Divulgação



O grupo é formado por percussionistas, cantores e dançarinos

O afoxé Oju Omim Omorewá completou dez anos de atuação no Estado de Alagoas, e sua sede encontra-se no bairro do Jacintinho em Maceió. E hoje (14.08) no Teatro Deodoro em Maceió, na programação da 14ª edição do projeto Teatro é o maior barato, terá um espetáculo especial intitulado “Agô Yabás pedem passagem”, e ainda, o 1º Concurso de Beleza Negra Omorewá.

No ano passado, o grupo entrou para história, pois foi um o primeiro afoxé a se apresentar no palco do teatro centenário. É constantemente convidado para realizar apresentações artístico-culturais em eventos afros, festivais, escolas e na conferência metropolitana de igualdade racial; e já fez show na Feira da Reforma Agrária e na Festa do Meado de Agosto realizada em uma comunidade quilombola. Também foi o terceiro colocado no 2° Prêmio para Comunidades Terreiros do projeto Xangô Rezado Alto promovido pela Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL).

A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL) – vinculada ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal) – entrevistou Nany Moreno (foto), uma das coordenadoras do afoxé, que também é ialorixá, uma das vocais, toca alguns instrumentos percussivos e uma exímia dançarina. Confira!



Cojira-AL: Como surgiu o Oju Omim Omorewá?
Nany Moreno: O omorewá surgiu do nosso amor pela cultura, eu sempre amei os blocos afros de Salvador com sua dança e música afro. Mas, como era um pouco distante descobri Pernambuco e seus afoxés, fiquei maravilhada com muita vontade de montar um aqui em Maceió foi aí que eu e uma turma da casa religiosa que faço parte montamos o Odô Iyá com a ajuda de uma integrante do afoxé de Recife Mercia Gardelha.


Cojira-AL: Possuem quantos membros e a qual a filosofia do grupo?
Nany Moreno: No geral consiste em 22 pessoas e a nossa filosofia é preservar a cultura negra e elevar a autoestima do negro. Também queremos manter os jovens com alguma ocupação e informá-los sobre a sua história para que não se envergonhe de sua cor.


Cojira-AL: Qual a importância do afoxé dentro das expressões afro-culturais?
Nany Moreno: O afoxé é de grande importância porque além de contar nossa história, conta nossa religiosidade da maneira certa.


Cojira-AL: Como se deu a preparação do show “Agô Yabas pedem passagem” no Teatro Deodoro?
Nany Moreno: Com muita conversa e pesquisa. Queríamos um tema que falasse da mulher guerreira e também fosse um meio de trazer ao público mais informações sobre os orixás. Daí, decidimos pedir licença as Yabás pra fazer esse show, e elas deram graças a Olorum. Oxum, Ewá,Oyá,Iemanjá,Obá e Nanã são as mães e ao mesmo tempo guerreiras.


Cojira-AL: Quais foram os critérios de seleção para definir as participantes do concurso de Beleza Negra em Alagoas?
Nany Moreno: As candidatas tinham que ter noção de dança afro, carisma e conhecer um pouco sobre a história do povo negro. E as candidatas que eram menores de idade só com autorização dos pais.


Cojira-AL: Esse concurso alagoano se inspirou na “Noite da Beleza Negra” do bloco afro baiano Ilê Aiyê que escolhe a Deusa do Ébano?
Nany Moreno: Sim. E, tivemos alguns problemas no começo das inscrições. Aqui em Maceió temos belas jovens, mas por incrível que pareça nos deparamos com o preconceito que tanto lutamos. Algumas candidatas desistiram porque tinha que dançar e algumas pensavam que era um desfile de moda. E outras, os parentes não permitiram porque achavam que não era um concurso sério e era coisa de macumba.


Cojira-AL: Tiveram quantas candidatas?
Nany Moreno: Ao todo foram 15 escritas, sendo 10 selecionadas e duas convidadas que estão vindo de Recife(PE). Mas, teremos oito moças que vão se apresentar e representarão os seus grupos, como o Odô Iya, Afoxé Povo de Exu, Banda Afro Mandela, e ainda tem capoeirista, estudante de dança na Ufal e de outros segmentos.

Cojira-AL: Tem alguma premiação?
Nany Moreno: Será uma escultura de uma negra feita pela escultora Vânia Oliveira, um celular e um buquê de flores.


Cojira-AL: Quais os principais parceiros?
Nany Moreno: A Secretaria da Mulher, Cidadania e dos Direitos Humanos atendeu a nossa solicitação e nos deu as camisas, água, lanche, banner e transporte. Também tivemos o apoio de Mãe Miriam que cedeu o barracão da sua casa de santo para ensaiamos lá.


Cojira-AL: Existe a possibilidade de inserir o concurso no calendário afro-cultural do Estado de Alagoas?
Nany Moreno: É um caso a se pensar, mas as dificuldades são muito grandes.


Cojira-AL: Quais os planos futuros?
Nany Moreno: É continuar a nossa luta por nosso povo com muita força com a proteção de Oyá e Oxum porque eu sou de onira eparrei minha mãe.


SERVIÇO:
Para obter mais informações e contratar para shows:
(82) 8821-5091 / 9675-7212 / 8826-2750 / 8878-399

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