Dois casos envolvendo denúncia de racismo, divulgados pela imprensa brasileira, esta semana, mostram bem que as entidades que defendem a igualdade racial no País não podem se descuidar em nenhum momento. E mais, que as autoridades precisam fazer cumprir as leis que qualificam e punem a prática de crime de racismo no Brasil.
No primeiro caso, ocorrido no dia 12 deste mês, mas somente divulgado recentemente, o casal Priscilla Celeste e Ronald Munk, foi com seu filho de sete anos, que é adotado e negro, a uma concessionária da BMW, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Enquanto o casal Conversava com um vendedor, o menino ficou vendo TV na própria loja. Quando o garoto se aproximou dos pais, segundo o casal, o vendedor se dirigiu à criança e disse: “Você não pode ficar aqui dentro. Aqui não é lugar pra você. Saia da loja”. Quando Ronald Munk disse que o menino era seu filho, o vendedor ficou desconcertado e pediu desculpas. O casal reclamou à fabricante de veículos.
Sete dias depois do ocorrido, a concessionária mandou e-mail ao casal dizendo que tudo não passou de mal-entendido. Nesse caso, é louvável a iniciativa do casal Ronald Munk e Celeste Priscilla, que indignados com a resposta da loja iniciou a campanha “Preconceito Racial Não é Mal-Entendido” nas redes sociais. O outro episódio aconteceu em Campinas, São Paulo. O comandante da 2ª Companhia do 8º Batalhão da Polícia Militar no município, capitão Ubiratan Beneducci ordenou a seus comandados a abordagem de suspeitos “de cor parda e negra”, acusados de praticarem assaltos em residências de um bairro nobre da cidade. A ordem provocou reação de entidades de direitos humanos que denunciaram a PM por discriminação.
De acordo com o presidente da ONG Educafro, Frei David Santos, a ordem leva a entender que se os policiais cruzarem com suspeitos brancos não devem desconfiar deles. Se forem pardos e negros a abordagem deve ser imediata. “É assustador saber que ainda pode existir racismo dentro da polícia”, disse. O frei enviou uma carta de repúdio ao governador Alckmin e à Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, inclusive cobrando explicações sobre a ordem da PM de Campinas e solicitando dados estatísticos das abordagens, com ou sem mortes, realizadas pelo 8º batalhão, para verificar se há prática de racismo nas operações policiais.
Nos dois casos, foi muito importante a reação da sociedade. Que o exemplo seja seguido também em nosso Estado, sempre que for preciso!
Fonte: Coluna Axé - nº236 - Jornal Tribuna Independente (29.01.13)
Editora Interina: Valdice Gomes
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