domingo, 28 de dezembro de 2008

Negro fora de anúncios, mostra pesquisa


No período de 38 anos – de 1.968 a 2.006 – a freqüência relativa de negros em anúncios publicitários no Brasil atingiu o nível médio de apenas 4,20%, embora correspondam hoje a 49,5% da população brasileira.

A conclusão está na pesquisa “Participação e Representação Social de Indivíduos afro-descendentes Retratados em Anúncios Publicitários de Revistas: 1.968/2006”, do professor Luiz Valério Trindade - Dissertação de Mestrado em Administração apresentada no dia 17.12, na Universidade Nove de Julho (Uninove), de S. Paulo.

Segundo Trindade, que investigou as representações sociais de negros em anúncios publicitários de revistas de grande circulação como Veja, O Cruzeiro, Exame, Pequenas Empresas Grandes Negócios, Cláudia e Nova, embora tenha crescido, particularmente no últimos 12 anos, a participação dos negros em anúncios publicitários é hoje de apenas 7,18%.

Na pesquisa, Trindade analisou 1.279 propagandas presentes em 76 exemplares das seis revistas para estudar de que forma os anúncios publicitários impressos retratavam os afro-descendentes, a fim de identificar possíveis progressos ou retrocessos ou estabilizações na forma de representações dos papéis desempenhados por eles no contexto midiático. Ele também utilizou o método de Análise Qualitativa em duas propagandas de automóveis que continham, pelo menos, um personagem afro-descendente em seu contexto.

“Além da participação relativa inferior a 10%, que sinaliza certo grau de invisibilidade social, em termos de representações sociais foi possível constatar a existência de grande hiato entre a diversificada e crescente inserção social dos indivíduos afro-descendentes e a forma como são comumente retratados em anúncios”, conclui Trindade.

Fonte: Afropress

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Parque Memorial Quilombo dos Palmares terá batizado de capoeira


Por: Helciane Angélica
Jornalista e integrante da Cojira-AL
(Com informações da comissão organizadora)


O Centro Cultura Quilombo dos Palmares realiza no sábado (27), no Parque Memorial localizado na Serra da Barriga, o batizado anual de seus alunos. As atividades terão início às 8h com uma celebração ecumênica, segue com apresentações culturais e encerra com a troca de cordões e confraternização entre os presentes no final da manhã.

Para a execução do evento, que está sendo organizado pelo Grupo União Espírita Santa Bárbara (GUESB), conta-se com o apoio Água Mineral Mainá; Claudete Monteiro; Fundação Cultural Palmares; Projeto Inaê; Comissão de Defesa das Minorias Étnicas e Sociais da OAB-AL; Secretaria da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos; Secretaria Estadual de Cultura; Secretaria Estadual de Educação e Esporte; Secretaria Municipal de Educação de União dos Palmares.

O batizado conta ainda, com a participação das crianças e jovens da Serra da Barriga, integrantes do "Caa Puera na Terra de Zumbi", projeto do Instituto Magna Mater, premiado pelo edital 2007 do Capoeira Viva. O Capoeira Viva idealizado pelo Ministério da Cultura, é uma promoção da Fundação Gregório de Mattos (FGM), com patrocínio da Petrobras. Tem como objetivo fomentar políticas públicas para a valorização e promoção da capoeira, além de estimular a inclusão sócio-cultural de crianças e adolescentes.


Mestre


O Centro Cultura Quilombo dos Palmares tem como Mestre e Presidente, Severino Claudio de Figueredo, conhecido por Mestre Claudio dos Palmares. A sua trajetória profissional no Estado de Alagoas, deu-se início em 1982, quando veio Rio de Janeiro, resolveu viver na terra de seu falecido pai, constituindo família e implantando a Capoeira nas Escolas, Centros Comunitários, Academias e em Projetos Sociais.

A partir de 2005, envolveu-se no projeto de execução do Parque Memorial Quilombo dos Palmares organizado pelo Instituto Magna Mater, cuja participação provocou um envolvimento maior com a História da Capoeira, dos Quilombos e dos moradores da Serra da Barriga. Há um ano trabalha com os meninos e meninas do Sítio Recanto e com os adolescentes do Platô, da comunidade Nena Paulo.

Paralelamente, também atua como mestre responsável pelos alunos-capoeiristas do Projeto Inaê, do Grupo União Espírita Santa Barbara (Guesb); da Capoeira Terapia do Núcleo Alternativo Viver (NAV); e do Nucleo de Terapia William Reich (NTWR). Além disso, integra o Conselho de Ética do Conselho Estadual de Mestres de Capoeira de AL (Cemcal), é membro do Fórum Estadual de Diversidade Étnica e Racial, da Associação de Grupos e Entidades Negras de União dos Palmares (Agrucenup), dentre outros.

Mais informações: (82) 8874-5211 / 9917-0517
Matéria atualizada no sábado (27) às 9h.

Show: Ela e eu

Neste sábado (27.12), terá o show “Ela e eu”, onde o cantor Igbonan Rocha interpretará as canções de Maria Betânia; conta com o acompanhamento de Miran Abs (celo e flauta) e João Teba (violão). Será às 21h30, na Vila Chamusca Arte e Gastronomia, localizado no Alto de Ipioca ao lado da Igreja. Reservas de mesas por R$40,00. Contatos: 3355-1639.

Mirante Cultural comemora 10ª edição

O CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS AFRO ALAGOANO QUILOMBO em parceria com Fórum de Entidades Negras de Alagoas (FENAL), Associação Comunitária Cultural e Esportiva Juventude e Saudáveis Subversivos estará realizando sexta-feira (26), às 19h, no Mirante Kátia Assunção (por trás da rádio 96 FM), a 10ª edição do Mirante Cultural – “Um Quilombo Chamado Jacintinho”.

Nesta 10ª edição queremos agradecer a todos que contribuíram com o nascimento e o crescimento do Mirante Cultural. Fazem parte desse sonho os componentes do Quilombo, os grupos culturais, as entidades institucionais, a imprensa e a comunidade.

O Mirante Cultural teve continuidade graças aos componentes do Quilombo que trabalharam com afinco e amor, aos grupos culturais que sempre aceitaram nossos convites por amor à arte, aos parceiros institucionais que nos deram um apoio financeiro, aos profissionais e veículos de comunicação que foram parceiros divulgando, mas o nosso maior agradecimento é a comunidade que com sua presença consolidou aquele espaço como um centro de disseminação e integração cultural.

Esse ano se apresentou mais de 45 grupos culturais, tivemos uma média de público de 300 pessoas entre componentes dos grupos, integrantes do Quilombo e a comunidade. O Mirante Cultural se consolidou como um espaço de disseminação e integração da cultura popular e afro.

O projeto terá continuidade em 2009 defendendo sempre a integração entre educação e arte, continuará sendo toda última sexta-feira do mês, buscando sempre impulsionar os artistas locais, trabalhando a geração de renda e valorizando a cultura popular e afro-alagoana.

Nesta 10ª edição teremos as seguintes atrações:
A batida dos Tambores
Mostra de dois curta-metragem
Guerreiro
Samba com Amigos de Ramos


Contato:
Viviane Rodrigues
8843-9311/3033-2093

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Fundação Cultural Palmares deseja feliz 2009

Zumbi
Solano Trindade

Zumbi morreu na guerra
Eterno ele será
Rei justo e companheiro
Morreu para libertar
Zumbi morreu na guerra
Herói cheio de glórias
Eterno ele será
À sombra da gameleira
A mais frondosa que há
Seus olhos hoje são lua,
Sol, estrelas a brilhar
Seus braços são troncos de árvores
Sua fala é vento é chuva
É trovão, é rio, é mar.

Que a força e a sabedoria de Zumbi e Solano Trindade estejam sempre presentes entre nós!

Feliz 2009!

Zulu Araújo - Presidente da Fundação Cultural Palmares

Papai Noel da Diversidade

O grupo baiano Simples Rap'ortagem surgiu em 1994. Desenvolve canções que ressaltam os valores regionais nordestinos; prezam a negritude; busca a valorização do hip-hop brasileiro e a necessidade da emancipação feminina.

Ritmo com poder de sensibilização, aliado a um conteúdo forte, reflexivo, agraciado com a irreverência – a exemplo do rap “Papai Noel da Diversidade”, uma composição de Jorge Hilton, criada em 2007.

Conheça a história do grupo e baixe a música no site: bandasdegaragem.com.br/simplesraportagem.



Veja a letra completa:



Podem rir mas serei sincero e coeso
Conheci Papai Noel e fiquei surpreso
Barbona branca, cabelo crespo, pele escura
Ouvindo Dingou Béu estilo rap, que loucura
Era ele mesmo, gordinho e sorridente
Rodeado de erês e distribuindo presente
O velhinho era real falou do tempo de moleque
Adorava roupa vermelha e curtia baile black
Ao saber que eu cantava na banda Simples Rap’ortagem
Começou a me falar um monte de viagem:

-Se disser que trenó é uma farsa, te incomoda?
Como percebe passo a vida numa cadeira de rodas
Porque tu acha que não atendo todas as crianças?
Mas saiba que sou casado e uso aliança
Eu mesmo não tem filho adivinha porque?
Advinha porque sou militante do GLBTT?
Na verdade, eu que fui adotado pela criançada
Mas diferente do que pensam minha condição é limitada
Com preconceito e outros tantos desafios a superar
Eu tô de saco cheio de armas pra lutar

Pra finalizar ele disse que não faz sinal da cruz
E me deu de presente o filme “Olhos Azuis”
Perguntei porque sua real identidade não se discute
Me respondeu: - o que sou não é vitrine pra orkut


Dingou Béu, Dingou Béu
Sou Black Noel
Que legal, que legal
Noel Black Paw

Brincadeiras à parte, o que realmente desejamos é que o espírito natalino fosse evidente durante todo o ano, onde todas as crianças (de todas as cores, religiões e condições sociais) que acreditam ou não em Papai Noel, pudessem ter o alimento na mesa e oportunidades para um futuro melhor. Enfim, seguiremos a filosofia de Martin Luther King, mas com uma nova proposta: “Temos um sonho e lutaremos para concretizá-lo”.


Axé para todos!

Cojira-AL

Malungos do Ilê realiza atividadade no B. Bentes


Dando continuidade ao projeto criação, o Centro de Cultura e Cidadania Malungos do Ilê realizou ações socioeducativas e culturais com crianças e adolescentes. A atividade foi promovida com o apoio da CESE/BA, no último domingo (21/12), no acampamento Paulo Bandeira, estrada de acesso ao conj. Benedito Bentes, esse coordenado pela companheira Eliane. Tem como principal finalidade combater o racismo, fortalecer o espírito de resistência, ao afirmar que o racismo é maléfico e suas resoluções são morosas e tem que ser combatido e denunciado.

Material enviado por email

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Micael Borges, o primeiro protagonista negro de "Malhação": "A história está mudando!"

Por: Phelipe Cruz
Fotos: Divulgação


Uma entrevista com o futuro astro da temporada 2009 da novela teen: "Eu não esperava nunca ser um protagonista. A história está mudando, os personagens estão mudando..."

Ele está há 15 anos fazendo teatro no grupo Nós do Morro e em 2009 irá experimentar algo totalmente diferente: atuar na televisão e encarar o desafio de interpretar um dos personagens principais da nova temporada de "Malhação".

Micael Borges será o primeiro protagonista negro da novela teen e disse estar feliz não só pela chance que lhe foi dada, mas também pelo novo rumo que "Malhação" está tomando.

"A história está mudando, os personagens estão mudando, está tudo ficando cada vez mais real, mais legal e eu fico feliz de fazer parte desse momento", disse o ator em entrevista para o site da CAPRICHO.


Quantos anos você tem, Micael?

Tenho 19. E faço teatro há 13 anos.


Nossa... Você já subiu no palco bebê então...

(risos) Comecei bem cedo, com 6 anos de idade. O ator Thiago Martins, meu amigão, me chamou na época. Somos irmãos praticamente. Fomos criados juntos. Depois da minha primeira peça, me apaixonei pelo palco. É amor mesmo. Teatro é a minha casa. Agora é a vez da televisão...

Se o teatro é sua casa, o que é a televisão agora?

Acho que ela é algo novo, excitante, diferente. Estou adorando. É tudo novo pra mim e isso é muito legal. Tô feliz pra caramba. Cada dia eu aprendo uma coisa nova e vou ter um personagem bem legal. Já tinha feito o teste duas vezes para a "Malhação", mas só agora consegui entrar. Tô ansioso.

Você sempre assistiu "Malhação"? Era um fã da novela?
Claro! Via muito e até hoje assisto. É legal. Trata de assunto que interessa os jovens. Gostava muito e ainda gosto. Lembro até da época que o André Marques fazia o Mocotó (risos)...
E te incomodava o fato dos galãs serem sempre brancos ou loirinhos de olhos azuis?

Não incomodava não. Não era uma coisa que me fazia sentir excluído, mas eu sempre sentia falta de uma mistura no elenco. Aquilo não parecia Brasil. Mas do ano passado pra cá tudo começou a mudar. Quando eu percebi isso, achei muito legal.

E agora você é o primeiro protagonista negro da "Malhação"...

Pois é! Eu nunca esperava ser um dos protagonistas. A história está mudando, os personagens estão mudando, está tudo ficando cada vez mais real, mais legal e eu fico feliz de fazer parte desse momento.. Mas apesar do meu tom de pele, não sei se posso dizer que sou negro.

Por quê?

Ih... A história é longa... Assim como a maioria dos brasileiros, na minha família existem negros, brancos e índios. A minha mãe é branca, tenho um irmão branco dos olhos claros, a outra irmã é mulata, o meu irmão mais novo é branco e o meu pai é negro. Por isso eu sou assim. E a parte indígena é da minha bisavó. Quando falam isso, que sou o primeiro protagonista negro, eu acho positivo mesmo assim. Porque também sou negro (risos). Eu represento essa parte agora.



Conta um pouco como vai ser o seu personagem Luciano, em "Malhação"...

Ele é filho de pescador, vive na praia, trabalhando e sempre apaixonado (risos). Na trama, ele se apaixona pela melhor amiga e vai ter que lutar pelo amor dela com o personagem interpretado pelo Daniel Dalvin.

Você encontrou alguma semelhança entre o Luciano e você?
Ele tem humildade e eu também sou assim. Ele também batalha muito pra ter as coisas dele. Desde pequeno, sempre fui assim. Comprei meu apartamento, meu carro e vou comprar apartamento pra minha mãe com o meu dinheiro. O Luciano também é assim. Ele trabalha com turistas na ilha e ganha o dinheiro dele.

Os atores de televisão já estão te dando dicas para lidar com o sucesso?

A gente teve uma conversa com o diretor, Marcos Paulo. Ele disse pra gente tomar cuidado com isso ou aquilo. Disse pra gente ter muita disciplina, fé, respeito, humildade e generosidade. Isso pra mim vai ser fácil. Eu sempre segui isso desde pequeno. Todos nós do grupo Nós do Morro somos ensinados assim. Isso é algo que nunca vou esquecer.


Fonte: http://capricho.abril.uol.com.br/idolos/micael-borges-primeiro-protagonista-negro-malhacao-405998.shtml

sábado, 20 de dezembro de 2008

União dos Palmares sedia encontro de comunicação


Com o apoio do prefeito Areski Freitas, (PTB), a secretaria municipal de Comunicação do município de União dos Palmares promove nesta segunda-feira (22), o primeiro Encontro de Comunicação da Zona da Mata de Alagoas – Zumbi dos Palmares.

A abertura do evento está prevista para às 8 horas com um café-da-manhã, que será oferecido aos comunicadores presentes e convidados do prefeito. Toda a programação do evento acontecerá no auditório do Centro Administrativo Antônio Gomes de Barros, no centro da cidade.
A iniciativa do encontro partiu do secretário da pasta, Tony Lima, que convidou profissionais dos mais diversos veículos de comunicação de Alagoas, além do deputado federal e prefeito eleito de Marechal Deodoro, Cristiano Matheus (TV Pajuçara), o jornalista Bartolomeu Dresch (TV Alagoas), Paulinho Guedes (presidente do Sindicato dos Radialistas de Alagoas), Edvaldo Alves (Rádio Palmares AM), entre outros.

União dos Palmares possui diversos profissionais atuando no mercado alagoano, tanto no município como na capital, Maceió. No encontro serão debatidos temas ligados aos rumos da imprensa em Alagoas, além de homenagens aos profissionais e premiação aos melhores da imprensa durante o ano de 2008.

Maiores informações sobre o evento podem ser obtidas através dos telefones (82) 9917-0844 e 8816-5193 ou através do site www.encontro2008.zip.net.

Organização da Sociedade Civil reúne adolescentes em situação de risco no Projeto Ibá

Ibá na língua ioruba quer dizer abençoar. Visando criar um momento de auto-estima para crianças em situação de risco da Favela Sururu de Capote e despertar a sociedade alagoana para um engajamento na luta contra a exclusão social, dentre ela o racismo, a Organização Não Governamental Maria Mariá , através do Projeto Raízes de África realiza nessa segunda-feira, dia 22 de dezembro 2008, das 12 às 14 horas, um almoço de confraternização com adolescentes da favela, pessoas físicas e entidades jurídicas, parceiros que ao longo de 2008 contribuíram para a promoção e divulgação da temática negra.

A ação acontece da parceria firmada entre a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas e a ONG Maria Mariá que tem como diretora executiva e administrativa, a assistente social Andréia Pacheco de Mesquita.

Na programação do projeto consta a leitura de um poema escrito por Vânia Teixeira, a líder comunitária da Favela Sururu de Capote: “O clamor da Comunidade” que expressa sobre a urgente necessidade de políticas públicas para os moradores das favelas, excluídos de qualquer direito real que lhes permitam atendimento de saúde, de escola, de uma vida digna, de um futuro melhor.Onde pobreza rima com a etnicidade negra.

Haverá ainda distribuição de brindes, por um Papai Noel Negro e a entrega de uma Carta Aberta das adolescentes da favela aos parlamentares presentes.


A FAVELA SURURU DE CAPOTE

Lagoa de Mundaú, Maceió. Do alto, nosso olhar não consegue se desviar do anel de pobreza que circula o espelho d'água. E, de perto, quando nos deparamos com a vida difícil da favela, descobrimos que o cenário é ainda mais desolador. Uma rotina sofrida. Uma busca desesperada pela sobrevivência. A busca pelo sururu de capote, um marisco que vive no fundo da lagoa que deu nome à favela e que sustenta as famílias que moram na região.

Lidar com sururu dá muito trabalho. Esse trabalho está tirando essas crianças da escola, do desenvolvimento psíquico, da possibilidade de terem um crescimento mental saudável. Porque elas não brincam. Elas têm a infância roubada, cortada pela necessidade do trabalho", comenta o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados de Alagoas, o advogado Narciso Fernandes. Fernandes coordenou um estudo encomendado pela Food And Agriculture Organization (FAO), órgão das Nações Unidas especializado em alimentação. Os resultados são assustadores. São péssimas as condições sanitárias da favela. Não há banheiro nem água tratada em nenhum dos 450 barracos. Se para os adultos isso já representa perigo, imagine para quem precisa crescer e se desenvolver. Mas não só a saúde vive ameaçada. Nem a existência como seres humanos é reconhecida. Muitas das crianças, oficialmente, não são cidadãs brasileiras.

Madeira, papelão, plástico: material de fácil combustão. No centro do barraco, fogo. A família de Afrânio e Joelma mora no mesmo local onde cozinha o sururu. Afrânio tem 39 anos. Joelma, só 16. Mas ela não é filha dele. É mulher e mãe de três filhos. O casal está junto há cinco anos. "Quando a conheci, ela já estava grávida. Desde então tomo conta dela e do seu filho", diz Afrânio. Joelma teve o primeiro filho aos 11 anos; o segundo, aos 13; e o terceiro, antes de completar 15. Afrânio é o pai dos dois últimos. "Aqui isso é muito comum. É difícil uma adolescente que não tenha tido um casamento ou uma relação sexual", conta Fernandes.

Difícil também, na favela, é encontrar uma criança que esteja na escola.

Bruno, 14 anos, conta que nunca foi à escola. "Minha mãe não conseguiu vaga", lamenta o adolescente. Rafael, 10 anos, também não estuda. "Minha mãe ainda não me colocou na escola", explica.

Como líder comunitária e moradora da favela, Vânia Teixeira se esforça para conseguir educar os filhos. Por enquanto, eles também precisam trabalhar e garantir a comida.

"A esperança de Vânia é enxergar um futuro menos sombrio para as crianças. "Se o mundo está estragado para os adultos, ainda temos as crianças para construí-lo. E eu não quero que outras crianças, como essas daqui, cresçam com esse problema da marginalidade", diz Vânia.

A noite chega na favela como o dia sempre começa: sururu e muito trabalho. Tem sido assim há 20 anos. Uma rotina que até hoje não melhorou em nada a vida dos moradores. Mas amanhã, quem sabe? (Programa Globo Repórter)


Serviço: Projeto Ibá
Hora: 12 às 14 horas
Local: Restaurante da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas
Realização: Organização Não Governamental Maria Mariá (Projeto Raízes de África)
Apoio: Federação das Indústrias do Estado de Alagoas
Contato: 8815-5794