sábado, 2 de fevereiro de 2013

Xangô Rezado Alto - A Memória Contra a Discriminação Racial




O episódio conhecido como Quebra de Xangô foi um ato de violência praticado na madrugada do dia 1º para o dia 02 de fevereiro de 1912 contra as casas de culto afro-brasileiras de Maceió, se estendeu também pelo interior de Alagoas. Naquele dia, babalorixás e yalorixás tiveram seus terreiros invadidos por uma milícia armada, denominada Liga dos Republicanos Combatentes, seguida por uma multidão enfurecida, assistiram a retirada à força dos templos de seus paramentos e objetos de culto sagrados, que foram expostos e queimados em praça pública, numa demonstração flagrante de preconceito e intolerância religiosa, para com as nossas manifestações culturais de matriz africana. 


Esse evento, que intimidou o povo de santo e suas práticas nas décadas subsequentes proporcionou o surgimento de uma manifestação religiosa intimidada, denominada Xangô Rezado Baixo, uma modalidade de culto praticada em segredo, alimentada pelo medo, sem o uso de atabaques, animada apenas por palmas. Essa violenta ação contra o povo de santo tem repercussões contemporâneas e pode ser apontada como uma das fortes causas da invisibilidade de uma prática religiosa que é extremamente expressiva na capital e no interior de Alagoas, pois as pesquisas de estudiosos do tema apontam para a existência de cerca de 2 mil terreiros em todo o Estado.

O projeto Xangô Rezado Alto, realizado pela Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), pelo segundo ano consecutivo, vem recuperando esse passado e reivindica da população alagoana e dos poderes públicos constituídos, atenção e compromisso para com as causa das populações afrodescendentes. 
O projeto Xangô Rezado Alto, realizado pela Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), pelo segundo ano consecutivo, vem recuperando esse passado e reivindica da população alagoana e dos poderes públicos constituídos, atenção e compromisso para com as causa das populações afrodescendentes. 



Este ano o projeto iniciará suas ações com um Cortejo Cultural e Religioso, com as casas de matriz africana, em 21 de março, Dia Internacional Contra a Discriminação Racial. “Deslocamos as ações previstas para o dia dois de fevereiro, por questões administrativas e pela proximidade com as prévias carnavalescas, o que tiraria o foco do evento, e em comum acordo com os religiosos decidimos transferir a celebração da memória do ‘Quebra’ para o dia vinte e um de março, que outra data significativa e contextualizada com o projeto Xangô Rezado Alto", explicou o reitor da UNEAL, Jairo Campos.

No ano passado, o ano do centenário do 'Quebra', o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, assinou um pedido oficial de perdão do Governo de Alagoas às comunidades de terreiros e a todo o povo de Alagoas pelas atrocidades cometidas em 1º de fevereiro de 1912.

Neste ano, mesmo em uma nova data, haverá o Cortejo sairá pelas ruas do Centro de Maceió, bem como as apresentações artísticas em praça pública. mas também Haverá  ainda o lançamento do edital  2º Prêmio de Incentivo Cultural para Comunidades de Terreiros, além do 1º Encontro da Juventude de Comunidades de Terreiro, que acontecerá em Arapiraca (AL), na sede da UNEAL.

Nesta sexta-feira (01) o governo de Alagoas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas (Fapeal), lançará a décima 10ª edição de seu calendário, em uma parceria inédita com a Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), o tema escolhido para 2013 foi “O Centenário do Quebra e a Presença Negra em Alagoas”. Este projeto é fruto de dez meses de pesquisa histórica e iconográfica de uma equipe composta por quatro pesquisadores do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL) e da UNEAL. 

O evento de lançamento será realizado nesta sexta-feira (01), às 9h, na sede da FAPEAL, localizada no Centro de Maceió.



Texto: Keyler Simões, com colaboração de Rachel Rocha
Fotos: Keyler Simões


Keyler Simões
Jornalista e Produtor Cultural
Tudomais Produções
www.balaiodefatos.com
(82) 3032-0489 / 9971-4281

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