terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Negros na política

Finalmente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tomou a iniciativa de adotar providências no sentido de garantir estatísticas sobre o número de negros na política brasileira. De acordo com reportagem da Agência Brasil, publicada em 20 de janeiro deste ano, o TSE informou que a sugestão de agregar ao sistema de registro de candidaturas a opção para o candidato declarar a sua cor foi encaminhada ao grupo de estatística, que está analisando a viabilidade e o formato da produção desses dados para as Eleições de 2014.

Atualmente, a autodeclaração de raça/cor, já incluída pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Censo e na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio não entra na ficha de registro das candidaturas, o que dificulta o levantamento dos dados, mas, segundo a assessoria de imprensa do tribunal, o grupo responsável pela avaliação das últimas eleições passou a considerar a inclusão do item raça/cor no processo eleitoral.
 
Para o coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Sociais (Laeser) do Instituto de Economia (IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcelo Paixão, conhecer a atual situação dos negros na política é fundamental para aumentar a participação deles nas esferas decisórias do país. “É necessário mapear não apenas quem são os eleitos, mas quem não foi eleito, quem está disputando, desde o partido nanico até o partido grandão”, enfatizou. Paixão acredita que seria necessário cruzar a cor das pessoas com a sua condição econômica, para saber de que forma isso tem peso na possibilidade de eleger-se. Paixão é um dos organizadores do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, que fez um levantamento em 2007 sobre o número de negros no Congresso Nacional, com base no registro fotográfico.
 
Apesar da pretensão do tribunal, a inclusão do item raça/cor no registro das candidaturas pode enfrentar resistência. Segundo a reportagem, a assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Eliana Graça, diz que a entidade tentou implantar a medida por meio de articulação no Congresso Nacional, mas não obteve sucesso. A intenção era convencer os parlamentares de que a autodeclaração étnicorracial tinha que entrar na minirreforma política de 2009. No entanto, os parlamentares não aceitaram. Para a assessora, a negativa demonstra o preconceito existente no parlamento brasileiro.
 
Diante de fatos como este, esperamos do TSE firmeza na decisão de incluir o item raça/cor no registro de candidatos às eleições de 2014.
 

Fonte: Coluna Axé no jornal Tribuna Independente - 238ª edição – 19 a 25/02/2013.
Editora interina: Valdice Gomes

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