Brasília – Elói Ferreira de Araújo, o presidente da Fundação Cultural Palmares, está demissionário da autarquia vinculada ao Ministério da Cultura. A decisão já foi tomada pela ministra Marta Suplicy que, ontem, no final da tarde, chamou Elói para uma reunião e lhe pediu o cargo, alegando que terá de fazer novas composições no Ministério.
O novo presidente será o produtor cultural carioca, Hilton Cobra, o Cobrinha, segundo anunciou a própria Marta ao pedir o cargo. Marta disse lamentar a saída de Elói como colaborador, "mas que estava diante de uma realidade a que não podia resistir".
Nos bastidores da Esplanada, porém, Afropress apurou que a demissão de Elói teria sido motivada por articulações do grupo da ministra chefe da SEPPIR, Luiza Bairros, com quem o agora ex-presidente da Fundação Palmares e o grupo petista que o assessorava entrou em rota de colisão.
Elói foi antecessor de Bairros na SEPPIR e foi designado para a Palmares pela ministra Ana de Hollanda, que o prestigiou durante o período em que esteve à frente do MINC.
Atritos
Desde o início da gestão na Palmares os atritos vinham sendo mantidos sob controle, embora fossem praticamente públicos, como ocorreu na abertura do I Encontro Ibero Americano em Salvador, em que o presidente da Fundação Palmares, sequer foi convidado. Por sua vez, a presença da ministra da SEPPIR nas mesas de eventos promovidos pela Palmares, tinham caráter exclusivamente protocolar.
O grupo que acompanhou o ex-ministro, mais ligado ao PT, nunca entendeu iniciativas da nova titular da SEPPIR, que teriam o propósito de desmoralizar as gestões que a antecederam, como a dos ex-ministros Matilde Ribeiro, Edson Santos e do próprio Elói.
As evidências da ligação do grupo da SEPPIR com as mudanças estariam, segundo apontam observadores, no fato de Cobrinha ser muito próximo de Luiza Bairros, a quem teria acompanhado, inclusive na audiência em que a ministra tratou com Marta do lançamento dos editais para produtores.
A publicação da exoneração no Diário Oficial e a posse do novo titular acontecerão após o carnaval.
Surpresa
Elói disse a Afropress ter sido pego de supresa com o pedido do cargo. “Agente sabe que o nosso cargo é passageiro, mas sinceramente, não estava esperando. Toda a equipe estava animada. Estávamos preparando a mudança para a sede nova na L2 Norte, o que representaria uma economia de cerca de R$ 3 milhões por ano para a Fundação”, afirmou.
Ele se reuniu pela manhã desta quinta-feira (31/01) com toda a equipe de direção, incluindo o diretor de Fomento Martvs Chagas – que é quadro dirigente do Partido dos Trabalhadores e chegou a ocupar interinamente a SEPPIR, quando do afastamento da ex-ministra Matilde Ribeiro da SEPPIR.
Elói não quis adiantar qual será a atitude a ser adotada pelos ocupantes dos cargos de direção, que o assessoram. “O novo dirigente sempre tem outros nomes que ele quer trazer, idéias que ele quer colocar em prática. Me reuni hoje de manhã com os dirigentes para colocar prá eles o que está acontecendo”, afirmou.
Também negou os rumores sob possível influência do grupo da SEPPIR na sua exoneração. “Acho que a ministra da SEPPIR não influenciou em nada. Não existe influências de ministérios sobre outros”, acrescentou.
Elói permaneceu cerca de dois anos na Palmares e destaca como principal marca da gestão, as articulações para a nova sede do órgão na L2 Norte, que representará, segundo ele, economia de recursos, as obras de reforma no Parque Nacional Zumbi dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas, e o trabalho de formação de jovens nos núcleos de cultura da juventude.
Ele ainda não sabe se volta ao Rio, que é sua base, se permanece em Brasília, nem o que fará. “Estou na pista, aceitando convites”, brincou.
Fonte: Afropress
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