terça-feira, 21 de junho de 2011

Negros na passarela

Por: Helciane Angélica


Pssos firmes, postura, beleza marcante, corpo escultural ... são características primordiais que um ou uma modelo profissional precisa ter para conquistar as passarelas nesse mundo afora. Mas também, existem outros critérios pré-determinados e considerados “mais adequados” onde definem o perfil das pessoas que irão divulgar as novidades do circuito da moda e as coleções de grandes estilistas.

No ano de 2008, o Ministério Público de São Paulo abriu inquérito para investigar uma possível discriminação racial na São Paulo Fashion Week (SPFW), quando apenas 3% dos modelos que participavam do evento eram afro-descendentes, negros ou indígenas. A organização da SPFW teve que assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) se comprometendo a estimular as grifes a cumprir uma cota de 10% desses modelos por desfile, porém, esse número vem sendo descumprido e o padrão utilizado é o eurocêntrico.

Logo no primeiro dia de desfiles da SPFW 2011, que ocorreu nos dias 13 a 17 de junho na Bienal do Ibirapuera, o público se deparou com uma manifestação da ONG Educafro, que reivindicava o aumento da cota de modelos negros de 10% para 20%. Em relação ao tema, há muitas discordâncias no meio, e sempre desperta a atenção de vários veículos de comunicação. Nesta semana, o site Famosidades fez várias imagens, notícias e colheu depoimentos de pessoas que atuam na área.

De acordo com o estilista Oskar Metsavaht, da grife Osklen, gostaria de apresentar sua coleção Verão 2012 usando apenas modelos negros na passarela, mas não conseguiu. “Queria fazer com todos negros por uma questão de estética da passarela. Tentei fazer uma coleção só com loiros e não consegui [em uma edição passada da SPFW]. Dentro da passarela, você tem que ter uma estatura, um biótipo. Mas o mais legal foi ter essa diversidade na passarela com negros, brancos, ruivos... Fico lindo!”, afirmou.

O representante da Educafro Frei Davi rebateu: “Com certeza, ele está totalmente equivocado. Se ele quiser, eu coloco na frente dele 100 modelos negros nacionais de padrões internacionais. Hoje, há 30 agências só de casting negro no Brasil!”, contou.

Polêmicas a parte, sendo certa ou errada, as cotas são medidas reparatórias adotadas quando se verifica a ausência de oportunidades, tem muita gente por aí que é belo(a) e talentoso(a), mas pela falta de experiência, deixa de ser contratado(a). Enfim, o discurso de “que todos são iguais” na prática não existe e acontece em vários outros setores. Abaixo a ditadura da moda ... negros, brancos, amarelos, indígenas, gordinhos, portadores de necessidades especiais – todos são consumidores e precisam ser valorizados e valorizadas!



Fonte: Coluna Axé - nº 155 - Jornal Tribuna Independente (21.06.11)

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