Enquanto 8,2% das crianças brancas menores de cinco anos com vírus HIV morrem, o percentual entre as negras salta para 54%
Elaine Soares apresentou os dados em seminário |
Em Porto Alegre, entre 2001 e 2008, houve uma queda no índice de
mortalidade entre as mulheres brancas em idade fértil (dos 13 aos 49
anos), de 38,6 para 36 a cada dez mil casos. Já entre as negras, o
aumento foi de 57,4 para 74,7. Números alarmantes como esses foram
divulgados ontem pelo setor de Saúde da População Negra da prefeitura,
durante o seminário Reflexões sobre o Dia Internacional da Mulher
Afro-Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho. O encontro
debateu a participação feminina na luta pela promoção da igualdade
racial.
Coordenadora do grupo e enfermeira da Secretaria Municipal
de Saúde (SMS) da Capital, Elaine Oliveira Soares apresentou o
resultado das pesquisas e do serviço em campo. Para ela, os dados
comprovam, cada vez mais, que as mulheres de raça negra ainda vivem em
vulnerabilidade social, sofrem com várias formas de racismo e não
enxergam oportunidades no mercado de trabalho. “Meninas negras têm como
modelo mães que não cursaram o Ensino Superior”, fala a enfermeira,
contextualizando que, em 2011, a quantidade de adolescentes negras
grávidas foi quase o dobro do registrado entre as brancas.
Outra
informação alarmante da SMS é que, enquanto 8,2% das crianças brancas
menores de cinco anos portadoras do vírus HIV morrem, o número entre as
negras salta para 54%. Uma das justificativas é a vulnerabilidade
social.
Elaine vem batalhando também por atitudes simples que
podem produzir mudanças de comportamento importantes. E dá o exemplo:
nos encontros de aleitamento materno oferecidos à comunidade, só havia
bonecas brancas. A coordenadora solicitou e agora aguarda a chegada de
bonecas negras, “o que gera até maior autoestima entre as
participantes”, alega.
Para que essas pesquisas sejam cada vez
mais precisas, o cidadão que for se cadastrar para utilizar o cartão do
SUS, por exemplo, terá que preencher sua raça/cor. “Tudo isso demonstra,
mais uma vez, a urgência de políticas destinadas para negros com
equidade segundo a raça/cor”, diz Elaine.
Como meio de estimular a
implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra
e combater o racismo, a SMS criou o prêmio Promoção da Equidade em
Saúde - Saúde da População Negra. Uma viagem para Moçambique é o que
ganharão os autores de projeto com caráter permanente para a interação
entre servidor e usuário.
Fonte: Jornal do Comércio
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