sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Números da saúde traduzem desigualdade racial


Enquanto 8,2% das crianças brancas menores de cinco anos com vírus HIV morrem, o percentual entre as negras salta para 54%



Elaine Soares apresentou os dados em seminário
Em Porto Alegre, entre 2001 e 2008, houve uma queda no índice de mortalidade entre as mulheres brancas em idade fértil (dos 13 aos 49 anos), de 38,6 para 36 a cada dez mil casos.  Já entre as negras, o aumento foi de 57,4 para 74,7. Números alarmantes como esses foram divulgados ontem pelo setor de Saúde da População Negra da prefeitura, durante o seminário Reflexões sobre o Dia Internacional da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho. O encontro debateu a participação feminina na luta pela promoção da igualdade racial.

Coordenadora do grupo e enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da Capital, Elaine Oliveira Soares apresentou o resultado das pesquisas e do serviço em campo. Para ela, os dados comprovam, cada vez mais, que as mulheres de raça negra ainda vivem em vulnerabilidade social, sofrem com várias formas de racismo e não enxergam oportunidades no mercado de trabalho. “Meninas negras têm como modelo mães que não cursaram o Ensino Superior”, fala a enfermeira, contextualizando que, em 2011, a quantidade de adolescentes negras grávidas foi quase o dobro do registrado entre as brancas.

Outra informação alarmante da SMS é que, enquanto 8,2% das crianças brancas menores de cinco anos portadoras do vírus HIV morrem, o número entre as negras salta para 54%. Uma das justificativas é a vulnerabilidade social.

Elaine vem batalhando também por atitudes simples que podem produzir mudanças de comportamento importantes. E dá o exemplo: nos encontros de aleitamento materno oferecidos à comunidade, só havia bonecas brancas. A coordenadora solicitou e agora aguarda a chegada de bonecas negras, “o que gera até maior autoestima entre as participantes”, alega.

Para que essas pesquisas sejam cada vez mais precisas, o cidadão que for se cadastrar para utilizar o cartão do SUS, por exemplo, terá que preencher sua raça/cor. “Tudo isso demonstra, mais uma vez, a urgência de políticas destinadas para negros com equidade segundo a raça/cor”, diz Elaine.

Como meio de estimular a implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra e combater o racismo, a SMS criou o prêmio Promoção da Equidade em Saúde - Saúde da População Negra. Uma viagem para Moçambique é o que ganharão os autores de projeto com caráter permanente para a interação entre servidor e usuário.

Fonte: Jornal do Comércio

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