O espetáculo de dança afro "Um reino chamado
Muquém" faz parte do projeto Remanescente que foi aprovado pelo Prêmio de
Cultura BNB, edição 2011 e tem como fonte de pesquisa a comunidade quilombola
Muquém. Descendentes de reis, dos guerreiros e guerreiras que lutaram,
resistiram e instituíram o maior símbolo de organização política desse país: o
Quilombo dos Palmares. Nesse contexto o espetáculo mistura ficção e realidade
criando uma nova e possível versão para a existência de Dandara e de tantas
outras mulheres do Quilombo dos Palmares que se refugiaram em Muquém, onde
viveram por muito tempo no anonimato instituindo assim, um reino sem rainha.
AGENDA
15
e 16/08 às 17h na Praça Sinimbú, Centro, Maceió.
29/08
às 17h na Praça Lucena Maranhão, Bebedouro, Maceió.
05/09
às 17h na Praça Mirante Novo, Jacintinho, Maceió.
08/09
às 10h Oficina de Dança Afro e às 17h Apresentação do espetáculo na Comunidade
Quilombola Muquém, União dos Palmares.
CONTATO
Viviane Rodrigues
Relações
Públicas
(82)
8843-9311
História (Por: Jadiel Ferreira)
Dandara
teve quatro filhas: Ketula, Aquatune, Zinga e Candace,
constituindo assim um legado de princesas, uma corte real. Várias gerações
se passaram e as mulheres de Muquém ficaram conhecidas por sua beleza e
bravura, além de se
destacarem na arte da fabricação de esculturas em barro. O grande momento dessa
história se dá quando as mulheres desse Mocambo se reúnem para celebração do
ritual da fertilidade dedicado a Oxum, construíram um pequeno lago no centro da
tribo para suas oferendas. Ao cavarem e despejarem água, eis que surge do fundo
da terra, assim como um ventre fecundado, um parto, uma moringa e potes
revestidos de couro de animal. A notícia logo se espalhou, um milagre teria
acontecido. Era um presente de seus ancestrais.
Dona
Candace, curandeiro e uma das moradoras mais antigas de Muquém, respeitada por
todos. Quando perguntada sobre o que fazer, ordenou que todos se reunissem,
acendesse a fogueira, tocassem os tambores sagrados e cantassem para Exu,
Ogum, Iansã e Xangô. Com a sabedoria de seus cabelos brancos pediu que
quebrassem os potes. Cientes que teriam ali ouro e diamantes, o povo fica
desapontado com as lanças, roupas e colares empoeirados pelo tempo, mas o que
eles não poderiam imaginar é que teriam sido da rainha de Palmares. Então dona
Candace eleva seu rosto para o céu cantando para Oxalá, pois um novo tempo
estava por vir.
Em
suas mãos, segura uma moringa com o formato de um rosto, grifada com búzios o
nome Rainha Dandara. Serena, retira o texto de dentro da moringa. Nele consta o
orikí (poema) contando a origem da rainha Dandara e os nomes que pretendia dar
a seus futuros filhos: Ketula, Aquatune, Isis, Zinga e Candace. Dandara
se refugia em Muquém, onde viveu por muito tempo no anonimato com nome de Nzinga,
levando consigo sua única riqueza e o desfecho de toda essa história: o orikí
de sua família, suas armas de guerra e vestimentas foram enterradas por ela em potes de barro e em uma
moringa antropofágicas no centro do povoado como se fossem oferendas no
local, pois era costume no mês de junho a construção de uma enorme fogueira
para as festas religiosas a Xangô, orixá que guiava e protegia esse povoado. Com a invasão e destruição do
Quilombo dos Palmares e extermínio sangrento feito com seus guerreiros, amigos
e familiares...
"...
Vim de Luanda meu pai é rei Eu sou princesa negra minha Palavra é lei. Vim de
Luanda, meu pai é rei, eu sou princesa negra minha palavra é lei. Bate tambor
bate atabaque, repica agogô na imensidão... Hoje o decreto diz seja livre e
feliz minha palavra é lei..."
E assim
todo desfecho desta história: Dona Candace pertencia a quarta geração, ou seja,
tataraneta de Candace, primeira filha da rainha Dandara. Tamanha felicidade do
povo de Muquém por terem encontrado sua identidade no lugar que vivia. Dona
Candace foi nomeada rainha de Muquém. Agradecida por tamanha coroação passa seu
posto de rainha para sua neta mais nova Dandara, que recebeu esse nome em
homenagem a lendária rainha do Quilombo dos Palmares. A jovem capoeirista guiada
por Iansã ordena que fosse feita uma grande festa ao rei xangô. É nesse enredo
lúdico, cheio de lendas, crenças e mistérios que a montagem se inspira e
concebe um espetáculo cuja proposta é despertar no público o
interesse em se questionar: O que de fato seria ficção ou realidade? Quem somos
nós? De onde viemos? Quem são nossos antepassados? A que lugar eu pertenço?
Porque Muquém existe. E seu povo ainda vive.
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