sábado, 9 de julho de 2011

Tororó do Rojão – o adeus a um artista completo



Texto e fotos: Keyler Simões - Produção Cultural e Assessoria de Comunicação



Alagoas perdeu um grande talento nesta última quinta (07) com o falecimento de Tororó do Rojão, cantor e compositor, um dos maiores forrozeiros do Brasil. Sua irreverência, bom humor, talento e algumas vezes, mal-criação, são qualidades que poucos reuniram tão bem quanto ele, que fora batizado como Manoel Apolinário da Silva, 75 anos de idade, e recebeu o apelido que lhe marcou a carreira durante os programas de Odete Pacheco na Rádio Difusora de Alagoas.


Mecânico aposentado da Petrobras, mais conhecido e carinhosamente chamado por Tororó do Rojão, sempre foi um homem de personalidade forte, mas com talento e despojamento artístico que lhe destacaram dentre a multidão, tanto que até o “Rei do Baião” rendeu-se a ele, primeiro ao talento do jovem motorista de sua “Rural”, e depois ao músico que tocava triângulo em alguns dos shows de Luiz Gonzaga.


Tororó do Rojão começou sua carreira no programa de Odete Pacheco, na antiga Rádio Difusora, quando situada onde hoje é o prédio do Centro de Belas Artes de Alagoas, na Rua Pedro Monteiro, no centro de Maceió. "Foi nessa época que um camarada começou a me apresentar como Tororó do Rojão e o pessoal começou a me chamar de Tororó... eu não gostei, mas aí pegou e o Lautenay, empresário, me registrou assim. Há pouco (2000), descobri que Tororó é um bairro de Salvador que tem um rio forte que passa por lá”, esclareceu.


Natural do povoado de Bateria, em Matriz do Camaragibe (AL), veio pra Maceió com 10 anos de idade: Quando uma senhora (Dona Nadir Pantaleão) o viu jogando bola, lhe perguntou se não queria vir pra Maceió trabalhar na casa dela. Sua mãe falou com ela e o jovem Manoel veio pra Maceió morar na Rua Barão de Penedo, 298, centro, próximo a Praça Deodoro. Nessa época trabalhava numa casa de família com sua mãe, e ia todas as tardes levar as cadelas da dona da casa para passear na praia da avenida. Por isso recebeu dos coleguinhas de peladas na Praça Deodoro, o apelido de “Mané das Cachorras”, apelido que odiava e era motivo até de brigas.

Tororó cantou por mais de 40 anos. O primeiro compacto gravou no final dos anos 60. Gravou com Osvaldinho (Segura Menino) e Nelson do Acordeom. Depois gravou e lançou o disco Segura Menino, lançado há 30 anos, em 1981, que tem a música título ainda é tocada até hoje nas rádios.


Em 2000 lançou o seu primeiro CD "O Povo Não Quis Acreditar", onde se destacou mais uma de suas músicas de duplo sentido: “Seu Cuca é eu”. Em 2006, lançou seu último registro fonográfico: “Sem Retoques”, CD lançado no Teatro Deodoro. Em 2009, o amigo e produtor de Tororó, Marcos Sal, deu-lhe um presente, que foi relançar o disco “Segura Menino” em CD.


Tororó do Rojão era um artista completo: compunha, cantava, auto-coreografava, além de ser possuidor de um carisma popular, que conquistava a todos por onde passava. Em 1993, durante uma apresentação especial dedicada aos músicos da Orquestra de Câmara de Moscou, ganhou uma denominação dos russos: Chaplin do Forró, devido a sua desenvoltura no palco, pois era um dos maiores forrozeiros autênticos do Brasil. Fazia de seu momento no palco a maior de suas diversões e ao mesmo tempo a maior de suas responsabilidades.

A radialista Graça Tenório falou que:”Estamos nos despedindo de um amigo, que por mais talentoso que fosse, não deixou um seguidor, nem tampouco um sucessor”, finalizou. Para o cantor e compositor Geraldo Cardoso, a perda de Tororó é irreparável, e completou: “Por mais que façamos por ele agora, não será suficiente para compensar sua perda. A música de Alagoas fica mais triste e previsível”, concluiu.


Tororó foi enterrado no Cemitério São José, no bairro do Trapiche, em Maceió, nesta sexta (08), e foi saudado por dezenas de amigos, artistas e admiradores, no mesmo cemitério onde há cinco anos despediu-se, cantando, do amigo e admirador Ranilson França.

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