Lideranças do Movimento Negro alagoano ao lado do Presidente da FCP (de terno) - Foto: http://www.jmarcelofotos.com/ |
Por: Valdice Gomes/COJIRA-AL
Uma solenidade marcada por discursos emocionantes homenageou a memória e luta do jornalista, dramaturgo, poeta, artista plástico e ex-senador Abdias Nascimento, um dos maiores expoentes da cultura negra no Brasil, falecido no dia 27 de maio deste ano, aos 97 anos, no Rio de Janeiro, na manhã da quinta-feira, 07 de junho, Dia Nacional da Luta contra o Racismo, durante a abertura do Igbá IV Seminário Afro-Alagoano – Igualdade Racial é pra valer? , no alto da Serra da Barriga, em União dos Palmares.
O ato promovido pelo projeto Raízes de África, em parceria com gestores das três esferas de governo, teve início com um minuto de silêncio a Abdias, seguido da execução do Hino Nacional brasileiro pela Banda da Polícia Militar. A solenidade foi marcada por falas emocionadas reverenciando o homenageado. Arísia Barros, organizadora do Seminário, destacou a importância de Abdias Nascimento na luta contra o racismo, por liberdade, democracia, igualdade racial e justiça social no Brasil e no mundo.
Presente ao ato, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira, ressaltou que Abdias deu uma contribuição extraordinária, como militante, agente público, político e cidadão por um mundo mais justo e mais igualitário. “O sonho que Abdias acalentou é o legado que ele nos deixou para dar continuidade”, enfatizou. Eloi Ferreira disse ainda, que em sua gestão à frente da Fundação Cultural Palmares, vai dar uma atenção especial à Serra da Barriga, e firmou o compromisso de no início de agosto voltar a Alagoas com tempo para se reunir com representantes do Movimento Negro Alagoano.
Também estavam presentes na solenidade, o prefeito de União dos Palmares, Areski Freitas; a gerente de programas da Secretaria de Políticas para as Comunidades Tradicionais/SEPPIR, Leonor Franco de Araújo; a secretária adjunta da Mulher, dos Direitos Humanos e da Cidadania, Nádja Lessa; além de gestores estaduais e municipais; convidados como o secretário da Reparação de Salvador, Ailton Ferreira e Gilberto Leal, da CONEN/Bahia; religiosos, ONGs e do movimento social negro.
Arísia Barros enfatizou as dificuldades de acesso à Serra da Barriga devido às péssimas condições das estradas. Ela cobrou providencias das autoridades competentes, lembrando que a estrada da Serra da Barriga não é só uma questão de Alagoas, mas também, do governo federal, que precisa dar as respostas necessárias para a solução do problema.
A situação da estrada foi motivo de reclamação e indignação de todos os participantes da solenidade. Os convidados só tinham como opção para chegar ao pé da serra pela Usina Laginha, pois o caminho normalmente utilizado, passando terras do ex-governador Manoel Gomes de Barros se encontra totalmente intransitável, segundo informações da Prefeitura de União dos Palmares. No entanto, mesmo pelo acesso da Usina Laginha, em alguns trechos é impossível a passagem de carros de pequeno porte, apenas veículos com tração nas quatro rodas.
Quem tentou chegar de carro até o pé da serra, teve que desistir. Vários veículos ficaram pelo caminho e os ocupantes só conseguiram chegar à solenidade em um ônibus da Prefeitura adaptado para enfrentar as condições adversas da estrada.
A presidenta do Instituto Magna Mater, Patrícia Mourão, foi portadora de uma carta enviada pela viúva de Abdias Nascimento, Elisa Nascimento, justificando a ausência na solenidade devido a uma enfermidade e saudando os presentes ao ato. Patrícia Mourão disse, ainda, que Elisa Nascimento está muito empenhada em concretizar o desejo de Abdias, expresso em vida, de que suas cinzas sejam depositadas na Serra da Barriga, ato que acontecerá no dia 13 de novembro.
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