Mundo quilombola foi debatido em evento promovido pelo Iteral
Por: Suana Nobre
Um dia todo dedicado às questões e causas relacionadas aos remanescentes de quilombos em Alagoas. Assim foi o Encontro Estadual de Líderes Quilombolas, realizado nesta sexta-feira (24), no acampamento da Igreja Batista, em Paripueira. O evento, promovido pelo Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), reuniu mais de 100 representantes negros do Estado.
Líder da comunidade Carrasco, em Arapiraca, Genilda Maria Queiroz Silva era uma das participantes mais envolvidas e atuantes. De acordo com a quilombola, as dificuldades nas comunidades ainda são muitas, mas é preciso que todos se unam em busca de desenvolvimento.
“Passamos por muitos problemas. Este encontro serve como ponto de partida para que todos os quilombolas alagoanos se unam para buscar melhorias. Na minha comunidade já conseguimos algumas benfeitorias e ainda queremos mais”, falou Genilda.
Outro quilombola que frisou a importância da união e participação de todos foi Manoel de Oliveira. Bié, como é mais conhecido na comunidade Mumbaça de Traipú, destacava-se entre os presentes pelo engajamento e vontade de mudança.
“É necessário que cada uma das comunidades corra atrás de seus direitos. Na maioria das vezes a gente fica lá sentado esperando que as coisas aconteçam. Antes de jogar nas mãos dos políticos, toda comunidade deve fazer a sua parte”, disse Bié.
Além das colocações das lideranças quilombolas, o cncontro também contou com palestra realizada pelo presidente do Iteral, Geraldo de Majella. Na oportunidade, foram esclarecidas dúvidas sobre o mapeamento étnico cultural realizado pelo órgão e certificações quilombolas expedidas pela Fundação Cultural Palmares.
“Até novembro deste ano, as 65 comunidades quilombolas que existem em Alagoas estarão reconhecidas. Eu não tenho outra palavra para usar que não seja orgulho: seremos o primeiro Estado do Brasil a ter todas as comunidades certificadas”, frisou Majella.
A certificação expedida pela Fundação Cultural Palmares é um reconhecimento de fato e de direito que este povo existe. Por meio deste documento é possível obter políticas públicas específicas para grupos quilombolas.
“A certificação é como se fosse nosso registro de nascimento. A gente ganha mais respeito”, falou Margarida Félix da comunidade Paus Pretos em Monteiropólis. Com 185 famílias quilombolas, Paus Pretos enfrenta dificuldades em educação e possui sua renda advinda do plantio de mandioca, feijão e milho.
O Encontro Estadual de Líderes Quilombolas encerrou a programação no final da tarde de sexta-feira. Entre as finalizações dos discursos, a idéia de promover um próximo evento com a participação de mais integrantes e a inclusão de manifestações artístico-culturais.
Fonte: Iteral
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