ENVIADA ESPECIAL À ILHA DO SAL (CABO VERDE)
Reunido com 13 presidentes de países da África Ocidental, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na manhã desta sábado que quem vier depois dele terá obrigação de "fazer mais" pela relação com o continente e que a aproximação não é "benevolência" do Brasil.
O discurso do presidente brasileiro, que participa na manhã de hoje da cúpula Brasil-Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), soou como música aos ouvidos dos chefes de Estado africanos.
"Independentemente do Lula ser presidente do Brasil, quem vier depois de mim está moralmente, politicamente e eticamente comprometido a fazer muito mais", discursou, falando de improviso.
Lula foi aplaudido ao dizer que não há como o Brasil "pagar ou mensurar em dinheiro a dívida" do país com a África. "Nós somos devedores do nosso jeito de ser, somos devedores da nossa cultura, da nossa arte, da nossa cor, da miscigenação do povo brasileiro".
Segundo ele, a aproximação está introjetada na "juventude brasileira" e não foi apenas uma decisão dele ou de ministros, mas de "Estado".
O presidente citou a relação dos países europeus que colonizaram a África para dizer que o Brasil não pode agir com a mesma "mesquinhez" histórica. Defendeu a transferência de tecnologia, em especial na área de biocombustível.
Lula voltou a falar da ajuda que o Brasil representa para que países africanos reproduzam "a revolução da agricultura brasileira" e também invistam na produção de biocombustíveis.
Disse ainda que está em fase de criação uma universidade em Redenção, no Ceará, que receberá 5 mil alunos brasileiros e 5 mil alunos africanos.
Liderança mundial
Lula, que tem demonstrado disposição de assumir um cargo em nível internacional quando deixar o Planalto, falou aos presidentes da importância de haver uma reforma na governança política e econômica mundial. Citou esforços para acabar com a fome e a pobreza e citou a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) como uma organização "decisiva". Ele pediu ainda um "basta" a programas de ajuste estrutural em países em desenvolvimento, que "limitam programas sociais".
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