segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Culto Ecumênico nos jardins do Palácio República dos Palmares comemora o Dia Estadual de Combate à Intolerância Religiosa


Nesta segunda-feira (2), o Governo do Estado irá comemorar pela primeira vez em Alagoas o Dia de Combate à Intolerância Religiosa, com a realização de um culto ecumênico nos jardins do Palácio República dos Palmares, às 12h.

O culto, que tem como objetivo incentivar o diálogo democrático entre as religiões e combater as mais variadas e disfarçadas formas de preconceito, contará com a presença de representantes das religiões Católica, Espírita, Evangélica e de Matriz Africana.

Na ocasião, representantes de algumas das religiões mais seguidas em Alagoas poderão pregar a importância do diálogo entre as religiões para a busca da paz entre os povos. O representante da Igreja Católica será o capelão católico da Polícia Militar (PM), Padre Epitácio; representando a religião Evangélica, estará presente o capelão evangélico da PM, Pastor Nogueira. E ainda Ricardo Santos, líder da comunidade Espírita e a yalorixá Mãe Miriam, representando as religiões de Matriz Africana.

A data foi incluída no calendário civil do Estado e do municipio para efeitos de comemoração oficial através de uma lei, assinada pelo governador Teotonio Vilela Filho e pelo prefeito Cícero Almeida e publicada no Diário Oficial do último dia 19. O secretário Chefe do Gabinete Civil, Álvaro Machado, ressaltou a importância de priorizar o diálogo e as relações democráticas em qualquer situação. “Nosso Estado é laico, devemos cultivar a liberdade de crenças e a disseminação do bem na sociedade, a lei apenas confirma a postura do governo de estabelecer ações conciliadoras”, concluiu.


Religiões de Matriz Africana se mobilizam para comemorar a data


A programação organizada nesta segunda-feira, pelo Núcleo de Cultura Afro Brasileira Iyá Ogun-té, federações e o movimento das casas de axé, em comemoração ao Dia de Combate à Intolerância Religiosa, tem o apoio da Secretaria da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos e da Prefeitura Municipal de Maceió, Governo de Alagoas – Gabinete Civil, SECULT, Fórum de Entidades Negras – FENAL, Vereador Galba Novaes, Deputado Judson Cabral, Secretaria Municipal de Esportes, SIMA, SMTT, SMCCU e Casa Jorge de Lima, NEAB , Fundação Municipal de Ação Cultural. A partir das 16 horas, a Federação Zeladora dos Cultos prestará homenagem aos Babalorixás e Yalorixás, no Instituto Histórico de Alagoas.

As mães de santo Celina, Miriam e Dalva e o pai Maciel terão seus nomes colocados em uma placa no local, onde já existem os nomes da Mãe Netinha e tia Marcelina.

De acordo com a gerente do Núcleo Afro-Quilombola da secretaria, Elis Lopes, além de a iniciativa lembrar a Quebra de Xangô, que aconteceu em Alagoas no dia 2 de fevereiro de 1912, com invasões, agressões, destruições de terreiros de Maceió e mortes, a homenagem visa enriquecer a coleção Perseverança, que existe no Instituto Histórico com os resquícios do Quebra de Xangô.

Ás 17h, no Museu Théo Brandão o Núcleo de Estudos Afro Brasileiros/UFAL – NEAB estará lançando mais uma edição do livro KULÈ KULÈ, que retrata a religiosidade de matriz africana em Alagoas.

Às 17 horas, haverá o ato "Xangô Rezado Alto - Fomento a integração das casas de axé", na praça 13 de Maio, no Poço, onde já existe uma estátua de Mãe Preta no local. Velas serão acesas simbolizando pedido de paz e de intolerância religiosa. Em seguida, haverá um cortejo afro-religioso pelas ruas de Maceió, contrapondo-se ao ocorrido em 2 de fevereiro de 1912.

A programação terá continuidade na praça Sinimbu, com ato Religioso onde serão entregues flores em memória a todos que sofreram com o QUEBRA de 1912, atividades culturais Afoxé Odô Iyá, Orquestra de Tambores, Omim Morewá, Baque Alagoano e a solenidade oficial em alusão à data.


Fonte: Agência Alagoas

Bailarino que dança na Suiça ministra cursos em Maceió


O bailarino Marcelo Pereira, da Cia. de Dança da Opera House, da cidade de Saint Gallen, na Suiça, chega a Maceió no próximo dia 02 de fevereiro para ministrar os cursos de ballet clássico e dança contemporânea na Jeane Rocha Academia de Dança, no Farol. As inscrições já estão abertas.

Mais informações: (82) 3321-3056 e 9327-3543.

Nos EUA, Obama. Em MG, "crioulo macaco"


Enquanto comemora-se a posse de um presidente negro nos EUA, elite governamental mineira pratica impunemente o racismo



No dia 16 de janeiro, enquanto o mundo inteiro preparava-se para a posse do primeiro presidente negro eleito nos Estados Unidos, comemorando o avanço e amadurecimento de uma sociedade que já foi considerada uma das mais racistas do mundo, em Belo Horizonte, capital mineira, uma funcionária do primeiro escalão do governo praticava impunemente o racismo.

O segurança Antonio Carlos de Lima, funcionário de uma loja na região da Savassi, área nobre da capital, ao cumprir seu dever solicitando à secretária do vice-governador de Minas Marcela Amorim Brant, filha do ex-deputado federal Roberto Brant, para que não estacionasse seu veículo em local proibido, de uso exclusivo da loja, recebeu como resposta diversas ofensas, em clara prática de preconceito racial. "Seu crioulo, seu macaco, ja dei queixa de você lá dentro da loja".

Chamada, a Polícia Militar compareceu ao local colhendo depoimentos e o testemunho de quem presenciara o fato, encaminhando a secretária do vice-governador e o segurança para a delegacia.

O que ocorreria a seguir vem comprovar que em Minas Gerais, a lei não alcança aos que estão no governo.

O que até então era conduzido dentro da lei, tomou outro caminho. Os policiais que faziam a ocorrência passaram a ser pressionados por capitães e coronéis da Polícia Militar. Abertamente pretendiam interferir no trabalho dos policiais, na tentativa de impedir o andamento do boletim de ocorrência.

Antonio Carlos Lima, o vigia ofendido, fez questão de relatar à reportagem do Novojornal: "Agradeço aos tenentes e aos cabos da cia. 22 que, apesar da pressão sofrida, através de constantes telefonemas do alto escalão, fizeram seus trabalhos, garantindo a mim a integridade moral e emocional".

Embora o crime de racismo seja inafiançável, depois de quase 6 horas na delegacia, onde compareceu uma equipe de reportagem de TV, que gravou ao vivo, e outras equipes de reportagem já não mais tiveram acesso.

A tentativa de mudança de delegacia e o encaminhamento imediato da acusada para o fórum acabaram não dando em nada.

Até hoje, quase uma semana depois, nem mesmo uma nota sobre o assunto as entidades ligadas ao movimento negro e direitos humanos em Minas Gerais emitiu.

A situação dos direitos civis em Minas Gerais beira o absurdo, quando chegamos a ponto de membros do comando da Polícia Militar tentarem interferir para que seus subordinados não cumpram a lei, favorecendo a elite governamental e a demonstração cabal de que em Minas não existe lei para quem está no governo.


Fonte: www.novojornal. net

Jornalistas cojiranas no FSM


As jornalistas Kelly Baeta e Emanuelle Oliveira, integrantes da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de Alagoas (Cojira-AL), participaram do Fórum Social Mundial que aconteceu em Belém (PA) no período de 27 de janeiro a 1º de fevereiro. Prestigiaram as palestras, oficinas e os debates, além de produzirem fotos e matérias especiais sobre a temática afro.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Entidades negras realizam Conneb durante FSM



Texto e fotos: Emanuelle Oliveira
Jornalista / Integrante da Cojira-AL


Com o tema: Projeto Político do povo negro para o Brasil, o Congresso nacional de negros e negras do Brasil - Conneb, reuniu nos dias 29, 30 e 31 cerca de 250 delegados de entidades de todo o país, inclusive de Alagoas, no auditório do Gazômetro (Palácio da Residência). O evento foi realizado simultaneamente ao Fórum Social Mundial (FSM) 2009.



O ministro da igualdade racial, Edson Santos foi um dos palestrantes e ressaltou a importância da criação de condições para dar maior visibilidade aos negros no Brasil, que esperam a aprovação do Estatuto da igualdade racial, que tramitou cerca de 10 anos no Congresso Nacional e que atualmente está no Senado.

“O FSM precisa transmitir uma mensagem de solidariedade e buscar a construção de um mundo sem racismo. No Ministério temos desenvolvido ações de políticas públicas e cumprido uma agenda social voltada para as comunidades quilombolas. Em relação a elas o Incra e o responsável pela demarcação das terras”, explicou Edson Santos.


O delegado do Centro Cultural Candido Velho, do Rio Grande do Sul, Luiz Mendes criticou a falta de apoio do governo do para a realização do Conneb e reconheceu que apesar das dificuldades para reunir as entidades de todo o país o congresso atingiu seu objetivo, visto que as entidades promoveram encontros regionais que deram base para este grande encontro. Ele criticou ainda, a falta de apoio da mídia na luta pelo fim do racismo.

“A região sul tem um dos maiores índices de racismo e imaginam que lá não existem negros, mas representamos 20% da população e temos cerca de 100 entidades no estado, além de sermos responsáveis por grandes articulações nacionais. Também temos grandes líderes, como o senador Paulo Paim e lutamos por uma reforma política para o empoderamento dos negros. Falta apoio do governo federal para a aprovação do estatuto, porque a elite branca não quer e já realizamos muitas manifestações, só que a Rede Globo controla os espaços de poder e não mostra isso”, informou Luiz Mendes.

Já Flavio Jorge, que é de São Paulo e faz parte do Conselho Nacional de Entidades Negras disse que a ideia de realizar o Conneb durante o FSM 2009 foi uma forma de dar visibilidade mundial ao movimento. “Nossa entidade reúne empresários, pesquisadores, políticos e mulheres negras com o objetivo de colocar em xeque o mito da democracia racial, reconhecendo que o pais é racista. Conquistamos muitas coisas, como o título de terras quilombolas e a aprovação da Lei 10.639, que institui o ensino da história dos negros no Brasil e na África e agora queremos que a reforma política nos incorpore aos partidos”, ressaltou.

O Fórum da diversidade sóciocultural e econômica


Mesmo sem entender o que está acontecendo, o pequeno índio pousa para as fotos, enquanto seus pais pedem dinheiro aos curiosos que os cercam no FSM 2009.



Foto: Emanuelle Oliveira
Jornalista / Integrante da Cojira-AL

CONNEB é aberto no Pará com grande participação e manifestação religiosa em Belém


Soberania do povo negro é o grande mote dos debates na 4º assembléia nacional como parte do projeto político em construção


Por: Nuno Coelho
APN-SP diretamente de Belém, no Fórum Social Mundial


Homens, mulheres e jovens negros do Brasil estão entre as centenas de delegados e observadores da 4º Assembléia Nacional do Congresso de Negros e Negras do Brasil (CONNEB), que começou oficialmente na noite da quinta-feira (29), em Belém (PA), e que acontece concomitante a 9º edição do Fórum Social Mundial que tem movimentado a capital nestes dias. A etapa amazônica do CONNEB esta tratando entre outros temas da “Soberania Nacional do Povo Negro na Amazônia” e o “Projeto Político do Povo Negro para o Brasil”.

Alguns delegados chegaram à capital paraense depois de dias de longas viagens de ônibus, embarcações e avião, animados pelo espírito de unidade e comprometimento na construção de mais uma etapa do CONNEB.

A sexta-feira (30) foi marcada pelas análises dos avanços do Movimento Negro na proposta da construção do projeto político do povo negro, salientando os entendimentos que a população negra tem sobre o tema e aprofundar o debate sobre as alianças no processo de diálogo com outras esferas dos movimentos sociais, sindicais, partidos políticos e governos. Marcos Cardoso (CONEN), Célia Gonçalves (CENARAB e Julião (UNEGRO).

O congresso segue na tarde desta sexta-feira com a exposição do secretário de Agricultura do Estado do Amazonas Dr. Eron Bezerra e do escritor Domingos Conceição, coordenador de Políticas de Promoção da Igualdade do Pará, refletindo sobre “Soberania Nacional e Resistência do Movimento Negro da Amazônia”, seguido de debate entre as organizações nacionais, Amazônia Negra, União de Negros pela Igualdade (UNEGRO) e Agentes de Pastoral Negros (APNs).

A noite será reservada ao diálogo dos mais de 300 delegados e observadores do CONNEB com Edson Santos, ministro chefe da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR).

O congresso terminou no sábado, (31) com dois painéis o primeiro sobre a “Regularização fundiária e a questão quilombola no Brasil” e “Juventude Negra”.

Beleza e sensualidade paraense no FSM





No mercado do Ver o Peso de Belém (PA), grupo de dança se apresenta e tira o fôlego dos expectadores com o ritmo sensual. Paraense é o centro das atenções, já que esbanja simpatia e molejo.



Fotos tiradas por: Josilene Santos de Araújo
Psicóloga / Representante da Entidade Nacional de Meninos e Meninas de Rua

Procurador-geral considera inconstitucional feriado do Dia da Consciência Negra no Rio

O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, considerou inconstitucional a lei estadual de 2002 que institui o Dia da Consciência Negra, no dia 20 de novembro, no Estado do Rio. A data celebra o aniversário da morte de Zumbi de Palmares. O parecer de Antonio Fernando se referiu ao pedido de ação direta de inconstitucionalidade proposta pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) contra a lei em questão.

A confederação sustenta que a legislação fluminense viola a Constituição por invadir a competência da União para editar normas sobre direito do trabalho. A CNC argumenta ainda que uma legislação federal define que somente a União pode legislar sobre a criação de feriados, pois o tema está inserido na esfera do direito do trabalho, cabendo aos estados apenas a declaração de datas comemorativas.

No parecer em que concorda com a entidade, o procurador-geral destaca que "ao dispor sobre a criação de um novo feriado, a lei estadual adentrou na seara do direito do trabalho, refletindo nas relações entre empregados e empregadores, sobretudo do comércio".

Ele explicou que a instituição de novo feriado implica o fechamento do comércio, com integral pagamento do dia aos funcionários, o que tornaria evidente o interesse da confederação, sobretudo porque a multiplicação desordenada dos dias de proibição de trabalhar resulta num agravamento dos custos suportados pelos comerciantes. O parecer será analisado pelo ministro Carlos Britto, relator da ação no Supremo Tribunal Federal (STF).


Fonte: O Globo
Publicado em: http://valeuzumbivaleu.blogspot.com

FSM: Palestra aborda direitos da mulher negra


Texto e foto: Emanuelle Oliveira
Jornalista e integrante da Cojira-AL

Durante palestra sobre os direitos da mulher negra, que aconteceu na sexta-feira (30), na tenda temática do movimento negro, na Universidade Rural do Pará (UFRA), integrantes de ongs e associações falaram sobre a dificuldade que existe para a entrada no mercado de trabalho e ainda, para o controle da natalidade e da exploração sexual.

De acordo com Zélia Amador, que é uma das coordenadoras das atividades do movimento no Pará, os homens negros já entram no mercado de trabalho com um déficit de 50%, devido à sua cor, enquanto as mulheres têm desvantagem de 75%, pela questão do gênero e da raça.



Zélia afirma que a mulher negra precisa ser integrada ao mercado de trabalho


"Existem estudos que mostram avanços nesses dados, porque o sexo feminino já entrou em determinadas carreiras, como Direito e Medicina, mas atribuem funções inferiores às negras, já que costumam achar que elas só servem para serem empregadas domésticas", explicou Zélia.

Para Mônica Conrado, que faz parte da Organização "Nós Mulheres" do Pará, o debate sobre discriminação exclui as especificidades da mulher negra, já que para ela, existem três formas de opressão. "A opressão política retira os direitos, a econômica as exclui do mercado de trabalho, enquanto que a ideológica cria estereótipos de beleza e é isso que gera as desigualdades".


Mônica Conrado foi uma das palestrantes do evento


Ainda segunda Mônica, as negras têm o maior índice de analfabetismo, mais filhos, salários menores, são vítimas de violência doméstica e continuam sendo cultuadas como objeto sexual, além de morrerem precocemente e por serem pobres, dificilmente fazem parte das pesquisas, já que para ela os dados oficiais são brancos e o sujeito tem cor e gênero e deve ter sua identidade reconhecida. "Nos hospitais somos discriminadas e se souberem que frequentamos religiões de matriz africana a situação é pior", completou.

A estudante Giovana Miranda, que faz parte do Movimento de mulheres Dandara, que promove cursos de capacitação e produzem informativos no município paraense de Itupiranga afirma que o preconceito contra a mulher ainda é intenso. "Somos discriminadas três vezes: Por sermos mulheres, negras ou indígenas e pobres”.


Giovana Miranda busca elevar a alto estima da mulher negra


Giovana relatou que já presenciou casos em que mulheres não foram aceitas para exercer determinadas funções devido à sua cor e que por isso, o grupo de 40 mulheres, que fazem parte do movimento, procurou mudar a mentalidade das próprias negras, que se sentem excluídas da sociedade. "Na nossa entidade, que já existe há oito anos e que conseguiu formar outros grupos de discussão, temos um salão de beleza que trabalha com penteados afros, para que as mulheres parem de achar que têm os cabelos feios e diferentes dos que vêm na televisão, porque muitas não se identificam como negras", contou.