terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Governo de AL apoia vigília afro na Serra da Barriga

A celebração reverenciou os antepassados que resistiram até à morte no Quilombo dos Palmares, lutando contra a escravidão, por respeito e liberdade 

Texto: Ascom/Iteral
Fotos: Leto Santana – Mestre de Capoeira (CORTESIA)

 

Durante toda a madrugada dessa segunda-feira (6) na Serra da Barriga localizada no município de União dos Palmares, zona da mata alagoana, ocorreu a Vigília Afro “Honra e Referência aos antepassados”. A celebração foi composta por caminhada, cânticos, reflexões e apresentações artísticas em alusão ao dia do massacre e destruição da sede do Quilombo dos Palmares no ano de 1694, e também, homenageou todos os guerreiros e guerreiras quilombolas que lutaram por liberdade e contra o período escravocrata brasileiro.


Estiveram presentes cerca de 200 pessoas, demonstrando uma ampla diversidade sociocultural e política: membros titulares e suplentes do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir/AL); pesquisadores e estudantes universitários; mestres, instrutores e professores de capoeira; sindicalistas; babalorixás, yalorixás e adeptos das religiões de matrizes africanas; evangélicos da Igreja Batista do Pinheiro; ativistas do Movimento Negro e LGBT alagoano; lideranças quilombolas da comunidade remanescente de quilombo Muquém; além de convidados oriundos de outros estados, a exemplo, do Rio de Janeiro e Bahia.

A estudante de enfermagem, Yara Costa, de 25 anos, só tinha visitado à Serra da Barriga durante as festividades do Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro) e dessa vez levou seus familiares para conferir a cerimônia afro. “Eu achei que o evento conseguiu cumprir o seu papel de trazer a história de tudo que aconteceu naquele espaço. Em cada parada, eu consegui entender melhor sobre a data e a união deles [quilombolas], de como a capoeira foi fortalecida e também sobre a religião. Eu me surpreendi muito com a organização e com a acolhida, mesmo com o cansaço, a gente se animou com a apresentação do grupo de dança afro e o teatro ”, afirmou a jovem.

A programação recebeu o apoio do Governo de Alagoas, por meio do gabinete civil, Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (SEMUDH) e do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral). Também contou a colaboração da Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura; Prefeitura Municipal de União dos Palmares; Universidade Estadual de Alagoas (Ufal); Sintufal; Uninassau; Movimento de Arte e Cultura Popular de União dos Palmares (CELCAB); Espaço Baubá; Grupo União Espírita Santa Bárbara (GUESB) e Adapo Muquém.
 
De acordo com Leone Silva, socióloga e assessora técnica dos núcleos quilombolas e indígenas do Iteral, o evento consolidou o engajamento governamental e proporcionou uma infraestrutura apropriada, com conforto e segurança aos participantes. “A vigília afro é de fundamental importância para o povo alagoano, porque acreditamos que ela tem o objetivo de fortalecer e aproximar os segmentos afros, como também, de perpetuar a história e cultura do nosso povo, incentivando os mais jovens para o amor e o respeito à identidade afrocultural. Diante disso, o Iteral foi um dos parceiros e garantiu o apoio com o transporte”, destacou Leone.




História
O Quilombo dos Palmares resistiu por aproximadamente cem anos, chegou a ter uma população superior a 20.000 habitantes formada por escravos fugidos, indígenas e brancos empobrecidos. Essa “república negra” possuía uma organização sócio-política-militar, com mais de 10 mocambos (esconderijos) estratégicos distribuídos na zona da mata, entre os estados de Alagoas e Pernambuco, e ocupou uma área de aproximadamente 200km2. Já a Serra da Barriga – sede administrativa do Quilombo – atualmente é considerada um templo sagrado e palco da resistência negra; e desde novembro de 1986 foi inscrita no Livro de Tombamento Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, e ainda, foi reconhecida como Monumento Nacional no ano 1988, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

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