quarta-feira, 1 de junho de 2016

Câmara homenageia defensores da cultura e religião de matriz africana

 
A Câmara Municipal de Maceió entregou, na manhã desta terça-feira (31), a Comenda Tia Marcelina a dez personalidades defendem a cultura ou representam as religiões de matriz africana. A honraria foi criada por iniciativa do vereador Cleber Costa (PP), que conduziu os trabalhos no Plenário da Casa.

Dividida em quatro categorias, a comenda na cor azul representa o ar e é chamada Yiá Detá. Receberam a Comenda Tia Marcelina nesta classificação os seguintes religiosos: Pai Benedito Maciel, Pai Célio, Mãe Neide e Mãe Miriam.

A comenda na categoria Yiá Kalá recebeu a cor vermelha, que representa o fogo. Foram agraciados com ela a mística Eveline Nogueira e o Frei Eudes. Já na categoria chamada Yiá Nassô, na cor verde, representando a água, foram homenageados os professores Jairo José Campos da Costa e Sávio de Almeida.

A quarta e última categoria é a comenda especial, chamada Coroa de Dadá, na cor dourada, que representa a terra. Com esta classificação, foram agraciados o teólogo Edson Moreira da Silva e o doutor Fernando Gomes.

“Esta comenda é outorgada a entidades e a pessoas que lutam contra qualquer tipo de exclusão social e pelo bem-estar da humanidade como atletas, religiosos, professores, educadores, entidades civil e/ou militar, chefes de Estado, nações e autoridades em geral, do Brasil e do mundo”, explicou o parlamentar, dizendo que, em Alagoas, Tia Marcelina é conhecida como a mais antiga mãe de santo, respeitada e admirada pelo seu legado histórico e religioso.

Entre os homenageados, Mãe Neide defendeu a liberdade religiosa e dedicou a comenda à sua mãe de Santo, Cecília, e a outras negras, como Chica Xavier, que resistiram ao preconceito. Mãe Mirian clamou por respeito às religiões de matriz africana e pediu o apoio dos políticos em defesa da liberdade religiosa. Pai Célio ressaltou que o candomblé é mais do que uma religião, é um modo de vida que precisa ser respeitado por toda sociedade.

Reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Jairo Costa relatou ações desenvolvidas pela instituição como o projeto “Xangô rezado alto”, que, entre outras conquistas, resultou no pedido de perdão do governo ao “Quebra de 1912”, quando diversos terreiros foram destruídos em Alagoas. “Foi nos terreiros que eu aprendi o valor da solidariedade”, frisou ele.


LIBERDADE - O professor Sávio de Almeida disse que a luta negra sempre foi e continua sendo pela liberdade. “Lutam para comer, para que a mãe tenha leite e alimente seu filho, para que os filhos não morram como bandidos”, disse ele, defendendo que esta luta deve ser de todos como condição para que o Brasil se desenvolva. “Enquanto a questão do negro não for resolvida, este país não terá saída”.

Eveline Nogueira, outra homenageada, elogiou a iniciativa do vereador Cleber costa, dizendo que a criação da Comenda Tia Marcelina é mais uma prova de que o nome dela está perpetuado na cultura e religiosidade alagoanas. Professor Edson Moreira também valorizou a honraria. “Esta comenda é importante para todos nós. O Brasil é um só, mas os negros ainda hoje lutam para ficar de pé”, afirmou.

Durante a solenidade, houve apresentações artísticas. A cantora Naná Martins e o projeto Inaê executaram canções enquanto que a instituição Casa de Iemanjá, fez uma homenagem ao orixá do Pai Célio, coordenador do grupo.


Fonte: Diretoria de Comunicação - CMM

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