segunda-feira, 9 de março de 2015

Moradores do Parque Memorial Quilombo dos Palmares-AL terão casas na região central do município de União

Divulgação/FCPDivulgação/FCP
Seu Louro, morador do Parque Memorial Serra da Barriga, no Onjó de Farinha
 
Residentes na área correspondente ao Parque Memorial Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas, serão contemplados com residências mais próximas do centro do município de União dos Palmares. O Governo Estadual declarou, na última semana, que uma área que seria destinada à construção de matadouro público é de interesse social e atende às necessidades das quinze famílias em questão.
 
O Parque administrado pela Fundação Cultural Palmares (FCP/MinC), foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1985 e recria o ambiente da República dos Palmares – o maior, mais duradouro e mais organizado quilombo já implantado nas Américas. Por se tratar de patrimônio cultural do país, além de declarada área de preservação ambiental, não pode abrigar residências.
 
Para os encaminhamentos decorrentes da declaração, o presidente da Fundação, Hilton Cobra, se reunirá na próxima semana com o governador de Alagoas, Renan Calheiros Filho. Nela, serão decididos os detalhes da doação do terreno e possíveis projetos para a construção das casas que atenderão às famílias.
 
Competência – De acordo com Alexandro Reis, diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da FCP, a destinação do terreno de 2,86 hectares à essa população por parte do Governo, marca um momento importante à vida dessas pessoas. “Fora do Parque e melhor localizadas no município, elas terão mais possibilidades de segurança, acesso à saúde e alternativas ao desenvolvimento”, explica.
 
Ele ressalta que desde a aquisição da área pela instituição para a construção do Parque, na década de 1980, há uma preocupação com o destino dessas famílias. “A Palmares se comprometeu de que o realocamento das pessoas só aconteceria com a segurança de que elas não corressem riscos e tivessem como garantia alternativas à melhoria de sua qualidade de vida”, diz.
 
Até então, as famílias que ocupam a área do Parque vivem numa região de encosta, considerada de risco pela Defesa Civil. As casas feitas de taipa condenam ainda, a saúde dos moradores, uma vez que são consideradas estruturas perfeitas à proliferação do barbeiro, inseto que transmite a doença de Chagas.
 
Expectativas – A notícia foi recebida na manhã desta sexta-feira (06) pelo senhor Denônio Ferreira de Morais (Seu Louro), 57 anos, um dos moradores da área do Parque, que se comprometeu de informar às outras famílias. Segundo ele, a preocupação inicial em ter que deixar o espaço era com as condições para as quais seriam encaminhados. “Queríamos um lugar que contribuísse para o nosso desenvolvimento”, disse. Ao saber da localização da futura moradia, afirmou que a novidade deve surpreender a todos.
 
O coordenador dos Agentes Florestais da Serra, Diogo Palmeiras, remanescente quilombola, cuida da área há 15 anos e acompanha a rotina e as dificuldades enfrentadas por essas famílias. “Nos períodos de chuvas, todos ficam isolados. O rio enche impossibilitando o acesso à cidade. As crianças chegam a ficar dias sem frequentar a escola”, preocupa-se.
 
Para ambos, a mudança pode ser tratada como uma conquista pois, o acesso também será facilitado à outros dois municípios – Chã Preta e Murici – colaborando por exemplo, para a venda dos produtos decorrentes da agricultura familiar, principal fonte de renda dessa população.
 
 
Fonte: Fundação Cultural Palmares

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