segunda-feira, 14 de março de 2011

Governo homenageia mulheres com a Comenda Nise da Silveira

Honraria concedida nesta segunda-feira também é um tributo à psiquiatra alagoana que mudou perfil do tratamento de transtornos mentais no Brasil



Como parte da programação da Semana da Mulher, o governador Teotonio Vilela Filho homenageia nesta segunda-feira (14) às 19h, no Teatro Deodoro, dez mulheres, cujas contribuições merecem destaque, com a Comenda Nise da Silveira. A honraria pública instituída desde 1999 pelo governo de Alagoas.

A Comenda Nise da Silveira é a maior homenagem pública conferida pelo Governo de Alagoas a mulheres brasileiras ou estrangeiras que tenham prestado contribuição relevante, nas mais variadas áreas de atuação. A finalidade é valorizar as pessoas e seus talentos que contribuem com a sociedade.

Para o presidente do Conselho Regional de Medicina, Emmanuel Fortes, Nise da Silveira faz parte de um grupo de alagoanos ilustres que, graças à dedicação e inteligência, seu trabalho repercute até hoje na psiquiatria e seu nome tem lugar de destaque em todo o País.

A alagoana que nomeia a Comenda era psiquiatra e fundou, em 1952, o Museu de Imagens do Inconsciente, na cidade do Rio de Janeiro, no qual trabalhos artísticos de pintura e modelagem produzidos por pacientes são armazenados e estudados.

“Ela foi uma pioneira na percepção, ocupação e organização e que marcou uma época na psiquiatria brasileira”, reconhece o médico. Ele informou ainda que Nise dedicou sua vida à psiquiatria e manifestou-se radicalmente contrária às formas agressivas de tratamento de sua época. Com as atividades expressivas e a relação afetiva, diz o presidente do Cremal, estavam criadas as condições mínimas para se iniciar uma proposta de tratamento.

“Lembrar o nome de uma expressividade histórica como Nise da Silveira e agraciar mulheres de destaque no Estado de Alagoas, o governo age de uma forma coerente e condecora as pessoas que Alagoas produz como destaque nas mais variadas áreas”, destaca Emmanuel Fortes.
Antes de Nise, as atividades de terapia ocupacional seguiam a lógica das instituições totais, ou seja, não estavam a serviço nem da terapia nem da reabilitação; integravam, sim, o burocrático mecanismo de organização institucional.

Rompendo com esse padrão, a médica alagoana abandonou diversas ações, como juntar estopa, carregar roupas sujas para a lavanderia, varrer o chão, e promoveu atividades expressivas, como pintura, modelagem, teatro, dentre outras. A médica tinha por objetivo descobrir quais eram os pensamentos e as emoções daquelas pessoas.

“O que destaco em sua biografia me parece até paradoxal. A força com que esta mulher aparentemente tão frágil – sempre demonstrou fragilidade física – era do tipo miúda, pequena, delicada, mas que soube dizer " não" ao que estava em voga, ao que aparentemente era o certo, o correto, o legal”, define o psiquiatra Francisco Sales, membro da Academia Alagoana de Letras e presidente da Fundação Casa de Penedo.
Para Sales, foi com esta atitude que Nise da Silveira ensinou a também dizer não. E completa: “Não foi somente às técnicas terapêuticas da época, mas, principalmente, a maneira de ver o outro. É esta postura revolucionária que a faz universal. Hoje já começamos em nosso país a aceitar as diferenças e a participação de Nise nessa mudança é inquestionável”.

Nesta segunda (14), o governo de Alagoas concederá a Comenda Nise da Silveira à promotora de justiça Cecília Carnaúba, à deputada federal Célia Rocha, à médica Gláucia Maria de Sá Palmeira, à advogada Eunice Nonô, à juíza Ana Florinda Mendonça da Silva Dantas, à religiosa Maria Neide Martins, conhecida como Mãe Neide, à major Valdenize Ferreira Lima, à advogada Mércia Albuquerque, à esportista Sônia Maria de Gouveia e à mulher da paz Sônia Luiza Pereira Barbosa.



Fonte: Agência Alagoas

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