Por: Helciane Angélica
(Jornalista; integrante da Cojira/AL; Presidente da ONG Anajô)
(Jornalista; integrante da Cojira/AL; Presidente da ONG Anajô)
Você já parou para pensar quantos jornalistas negros existem em Alagoas? E quantos desses profissionais se reconhecem e tem orgulho da sua negritude? Reforçando, já parou para pensar quantos jornalistas, independente da cor da pele, estão preparados para abordar as questões étnicas-raciais e sociais em seu cotidiano?
Essas e outras perguntas, com certeza, ficam no imaginário de muita gente. Mais evidentes estão as indagações sobre a abordagem da mídia referente à tematização afro, que na maioria das vezes é factual, rápida e destaca apenas o aspecto cultural e não fala da importância histórica. Por que o povo afro-brasileiro ainda não se vê na grande mídia, aliás, ver sim: nas notícias policiais, que destacam a violência urbana e as fugas dos presídios; nos índices de analfabetismo e desemprego; nos corredores dos hospitais; nos carnavais da vida e jogando futebol – tudo nas entrelinhas.
Pensando em dar “Visibilidade às questões étnicas nos meios de comunicação e no mercado de trabalho” – tese do 31º Congresso Nacional dos Jornalistas, realizado em 2004 na Paraíba – vem sendo criada a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira) em todo o Brasil, o que mobilizou a discussão e ampliou as ações da categoria.
Atualmente, existem cinco comissões formadas no território brasileiro, interligados aos Sindicatos de Jornalistas. A Cojira tem representação em São Paulo, pioneira em 2000; no Rio Grande do Sul, criada em 2001 como Núcleo de Jornalistas Afro-Brasileiros do RS; Rio de Janeiro em 2003; Brasília e Alagoas criadas em 2007. Os jornalistas baianos também possuem interesse.
Seminário de instalação
Alagoas foi o quinto Estado da federação e o primeiro do Nordeste a implantar a Cojira, no dia 24 de novembro de 2007. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal) em parceria com a Federação Nacional de Jornalismo (Fenaj) realizou no auditório do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET/AL) um seminário para oficializar a instalação da Cojira no Estado, que integrou as comemorações da semana da Consciência Negra.
A programação foi iniciada com a execução do hino nacional interpretado pelo cantor Igbonan Rocha, acompanhado pela Orquestra de Berimbaus do Grupo Besourartes. Os jornalistas profissionais, acadêmicos de comunicação e lideranças do movimento negro que estiveram presentes, também conferiram a apresentação do afoxé Odô Iyá, do Ponto de Cultura Quilombo dos Orixás.
Para ministrar as palestras foram convidadas as jornalistas Sandra Martins da Cojira/RJ e Vera Daisy Barcellos, do Núcleo de Jornalistas Afro-Brasileiros do RS. E no encerramento foi servido um almoço à base da culinária afro-brasileira para os participantes no Restaurante Dendê da Bahia. O seminário recebeu o apoio da Fundação Cultural Palmares, Instituto Magna Mater, Centro de Educação Superior de Maceió (Cesmac), ONG Anajô, Cefet/AL, Instituto Zumbi dos Palmares (IZP), Federação da Indústria, Banco do Nordeste, Braskem, Sindprev, Shopping Iguatemi e Gerência Étnico Racial da Secretaria Estadual de Educação e Esporte.
A Cojira/AL é mais uma conquista e referencia a luta do povo afro-brasileiro, principalmente, nesse Estado onde se articulou a sede do Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga em União dos Palmares – solo sagrado e palco da resistência negra. De portas abertas para novos membros, será mais um mecanismo de discussão sobre as ações afirmativas; luta anti-racismo e respeito; apoio nas ações políticas-culturais que promovam a identidade étnica-racial; desenvolvimento de pesquisas; interlocução com a sociedade; sensibilização e formação de profissionais e acadêmicos.
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