domingo, 20 de julho de 2014

Conepir AL realiza Seminário Mulheres Negras: realidade e desafios


Evento marca também início da construção da Marcha das Mulheres Negras 2015 contra o racismo e pelo bem viver em Alagoas


O Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir-AL) realizará, no próximo dia 29, o Seminário “Mulheres Negras: Realidade e Desafios”. O evento acontecerá das 8h30 às 14 horas, no auditório da Escola de Magistratura de Alagoas (Esmal), situada na rua Cônego Machado, no Farol. O objetivo é marcar a passagem do Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho.

O encontro terá ainda a finalidade de iniciar a construção da Marcha das Mulheres Negras 2015 em Alagoas, que está sendo organizada pela sociedade civil e discutida em várias cidades brasileiras.

O evento foi definido durante reunião do Conepir, realizada na manhã de quarta-feira (9) no auditório da Superintendência de Direitos Humanos da Secretaria de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos. A reunião foi conduzida pela presidente do colegiado, jornalista Valdice Gomes, e contou com a participação da superintendente de Direitos Humanos, Lilian Lamenha.

O Seminário terá como palestrantes, Valdecir Pedreira do Nascimento, integrante do Odara Instituto da Mulher Negra, da Bahia, e conselheira do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Cnpir), que vai expor sobre a Marcha das Mulheres Negras 2015; Isabel Clavelin, jornalista da Assessoria de Comunicação da ONU Mulheres, que vai falar sobre Mulher Negra e Comunicação, com foco na Década dos Povos Afrodescendentes e Pequim + 20.

O seminário contará ainda com a participação da coordenadora do Núcleo Temático Mulher e Cidadania da Ufal e integrante do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim), Cida Batista de Oliveira, abordando o tema “Violência contra mulheres”, bem como da socióloga e pesquisadora do Núcleo Temático Mulher e Cidadania da Ufal, Regina Trindade, com o tema “Racismo institucional”.

Na pauta do evento também estará a realidade que a mulher negra vive no Brasil no tocante à falta de políticas públicas e o que pode ser feito para que tenham seus direitos garantidos.

25 de julho
O Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha foi criado em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, em Santo Domingos, República Dominicana.

Estipulou-se que este dia seria o marco internacional da luta e da resistência da mulher negra. Desde então, sociedade civil e governo têm atuado para consolidar e dar visibilidade a esta data, tendo em conta a condição de opressão de gênero e racial/étnica em que vivem estas mulheres, explícita em muitas situações cotidianas.

Já a Marcha tem como objetivo levar a discussão sobre o racismo e a reação das mulheres negras Brasil afora: nas comunidades, nos municípios do interior, nos quilombos, nas capitais e nos estados.

Inscrições
As pessoas interessadas em participar podem enviar os dados (nome, contatos e órgão ou entidade que representa) para o e-mail conepir.al@gmail.com

As inscrições também poderão ser feitas no ato do credenciamento.


Fonte: Divulgação

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Mandela Day



No dia 18 de julho é celebrado o Dia Internacional Nelson Mandela - Pela liberdade, justiça e democracia. A comemoração internacional foi instituída em novembro de 2009, durante Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. É a data de nascimento do líder sul-africano Nelson Mandela, Nobel da Paz e ícone na luta por igualdade racial.

terça-feira, 15 de julho de 2014

ENJUNE-Alagoas acontece nesse sábado




A Prefeitura de Maceió disponibilizou transporte para levar a juventude até a Plenária Estadual da Juventude Negra, que acontecerá em  União dos Palmares. Atenção, são 80 vagas! Os ônibus sairão da praça Visconde de Sinimbú - Centro, em frente ao Espaço Cultural da Ufal, com concentração às 7h e saída às 7h30. Também terá outra parada, por volta das 8h, após a Polícia Rodoviária Federal. O retorno está previsto para as 17h. Participem!

Mulher negra

O Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha é celebrado no dia 25 de julho e foi criado no ano de 1992, durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, na cidade de Santo Domingo, República Dominicana. 

Trata-se de um marco internacional na luta e resistência da mulher negra, onde busca refletir sobre a condição de opressão de gênero e racial/étnica em que vivem estas mulheres, além de fortalecer as organizações de mulheres negras, construir estratégias para a inserção de temáticas voltadas para o enfrentamento ao racismo, sexismo, discriminação, preconceito e demais desigualdades raciais e sociais. 

Pensando nisso, o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir) realizará no dia 29 de julho, o Seminário “Mulheres Negras: Realidade e Desafios” das 8h30 às 14 horas, no auditório da Secretaria de Estado do Desenvolvimento e da Assistência Social (Seades) localizado no bairro do Poço em Maceió. 

Foram convidadas como palestrantes: Valdecir Pedreira do Nascimento, integrante do Odara - Instituto da Mulher Negra (Bahia) e do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial; e a professora Cida Batista de Oliveira, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e integrante do Conselho Estadual  dos Direitos da Mulher  (Cedim). O encontro também dará visibilidade a articulação da Marcha das Mulheres Negras 2015, que está sendo organizada pela sociedade civil e discutida em várias cidades brasileiras. 

Essa é uma grande oportunidade para refletir sobre a realidade que a mulher negra vive no Brasil e discutir sobre os avanços das políticas públicas.


Coluna Axé – 303ª edição – Jornal Tribuna Independente (15 a 21/07/2014) / Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-AL) / 
Fonte: Editora: Helciane Angélica – cojira.al@gmail.com

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Racismo nas altas esferas, quem tem medo de um negro que sabe? Professor Kabengele Munanga quebra o silêncio acadêmico

por marcos romão
kabengele-mulanga
O Professor Kabengele Munanga foi preterido na seleção dos 59 estudiosos que foram beneficiados pela bolsa do programa "Professor Visitante Nacional Sênior " da Capes.

Kabengele havia aceito a sondagem da Professora Georgina Gonçalves dos Santos, para atuar na jovem Universidade do Recôncavo Bahiano -UFRB-, através de uma posssível bolsa de pesquisador visitante nacional sênior da CAPES. Kabengele foi preterido, foi desmeritado na alta esfera de decisão, na cúpula do poder que decide no Brasil, quem foi, é e será beneficiado por bolsas para aprender ou distribuir seus conhecimentos.

Segundo palavras do Professor José Jorge de Carvalho, Coordenador do INCTI, em seu documento em apoio à Kabengele para reivindicar a bolsa:
"Com toda sua clareza do intelectual militante e engajado e sua posição político-ideológica a respeito da inclusão dos negros e indígenas no ensino superior, docência e pesquisa, talvez Kabengele fosse o único estudioso negro ou um dos pouquíssimos pesquisadores negros a concorrer a essa bolsa. Por coincidência, esse único negro foi o menos qualificado, por comparação. Estranha e triste coincidência!"

Kabengele quebra o silêncio em uma área extremamente delicada que é área de financiamento da produção intelectual do conhecimento no Brasil. Poucos ou nenhum negro ou negra brasileira, pode se arriscar ou se arriscou na área acadêmica, à questionar o possível racismo que nós da Mamapress, consideramos estar entranhado no meio acadêmico brasileiro, racismo que se tornaria visível, diante de qualquer pesquisa séria feita por qualquer aprendiz de Ciências Sociais. O endocolonialismo ou sub-colonialismo interno consegue no Brasil ser mais branco e europeu do que os europeus desejaram na década de 30, e hoje, graças as deuses africanos, esqueceram e mudaram.

Ao contrário da falácia que o negro precisa estudar para ter o seu lugar na sociedade, nós da Mamapress afirmamos, quanto mais o negro souber, em qualquer área, mais ele será uma ameaça e mais ele será discriminado.

Tomamos a liberdade de publicar a Carta Aberta do Professor Kabengele Munanga:

CARTA ABERTA DO PROFESSOR KABENGELE MUNANGA

Permitam-me, primeiramente, quebrar meu silêncio, começando por desejar-lhes um feliz 2014, repleto de sucessos e realizações.

Agradeço a solidariedade e o pronto recurso feito por vocês junto à CAPES através da Reitoria da UFRB diante da omissão do meu nome entre os 59 estudiosos beneficiados pela bolsa do programa "Professor Visitante Nacional Sênior (cfr. Edital 28 de 2013)".

Geralmente, levo tempo para me manifestar em situações aparentemente urgentes como essa que acabamos de viver. Isto é uma das minhas características que, acredito, se não for uma qualidade, é um defeito incorrigível, pois faz parte da minha pequena natureza humana. Creio, agora, que já tive bastante tempo para refletir sobre o acontecido.

Relembrando como todo começou, estava eu na véspera da minha aposentadoria compulsória na USP que aconteceu em novembro de 2012, quando a colega e amiga Professora Georgina Gonçalves dos Santos, me sondou sobre a possibilidade de ser convidado da UFRB através da bolsa de pesquisador visitante nacional sênior da CAPES. Sem hesitação, aceitei imediatamente e desde então comecei a recusar outros convites que me foram dirigidos depois. Tinha e tenho a convicção de que poderia ser mais útil para uma nova universidade como UFRB do que para as universidades mais velhas que possuem um quadro de pesquisadores e docentes mais estruturado.

Elaborei então uma proposta do programa de atividades a serem desenvolvidas, de acordo com as instruções contidas no Edital 28 do PVNS, proposta esta que foi enriquecida e consolidada pelas sugestões dos colegas Osmundo Pinho e Georgina Gonçalves dos Santos e em última instância pela própria Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UFRB, a Professora Ana Cristina Firmino Soares.

Acreditávamos que essa proposta era exequível, de acordo com a demanda do CAHL da UFRB e da minha experiência acumulada durante 43 anos como pesquisador e docente. Uma experiência começada em 1969, na então Universidade Nacional do Zaire, onde fui o primeiro antropólogo formado, passando pela Universidade Católica de Louvain (Bélgica) e pelo Museu real da África Central em Tervuren (Bruxelas), Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro (visitante), Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade de São Paulo (1980-2012), Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique (visitante) e Universidade de Montreal, Canadá, como Professor associado convidado para orientação de teses (2005-2010). Sem deixar de lado os cargos de direção na USP, como Diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia (1983-1989), Vice-Diretor do Museu de Arte Contemporânea (2000-2004), Diretor do Centro de Estudos Africanos (2006-2010) e participação em diversos conselhos, como o Conselho Universitário da USP etc. Orientei dezenas de teses e dissertações, entre as quais algumas premiadas como a tese de José Luís Cabaço, que ganhou Prêmio da ANPOCS, e recentemente a tese de Pedro Jaime Coelho Jr., que ganhou prêmio de melhor tese em Ciências Humanas, destaque USP 2013.

Modéstia à parte, sem "me achar" e sem exibição, pensava que com toda essa experiência poderia servir para uma nova universidade em construção como a UFRB. Lamento que o sonho não deu certo!
Pelo parecer da Comissão Julgadora (Edital 28- 2013), nosso programa foi deferido e recomendado à bolsa com certo elogio, classificando-me na Categoria I dos pesquisadores do CNPQ. Foi, se entendi bem, na última instância que fomos preteridos, em comparação com os demais deferidos. Em outros termos, tenhamos a coragem de aceitá-lo, nosso programa e meu CV foram considerados inferiores para sermos incluídos entre os 59 bolsistas aprovados.

Por que então tantas lamentações, pois não somos os primeiros, nem os últimos a serem preteridos? Os recursos perpetrados junto à CAPES por outras universidades mostram que outros e outras colegas não contemplado/as pela bolsa não são menos qualificado/as que Kabengele. No entanto, vale a pena, apesar da consciência, divagar um pouco sobre os critérios de comparação, pois foi por ela que fomos eliminados. Pois bem, é possível comparar propostas diferentes sem antes estabelecer entre elas um denominador comum? Qual foi esse denominador? As regras do jogo de comparação não parecem claramente definidas; a subjetividade e a objetividade dos julgadores parecem se misturar. Claro, não há nenhum demérito aos colegas cujos projetos foram beneficiados pelas 59 bolsas atribuídas. Os especialistas da Física Quântica não têm dúvida sobre a subjetividade do observador pesquisador no momento em que ele começa a interpretar cientificamente os fenômenos da natureza por ele observados.

Na esteira do raciocínio do Professor José Jorge de Carvalho, Coordenador do INCTI, em seu documento em apoio a mim para reivindicar a bolsa, com toda sua clareza do intelectual militante e engajado e sua posição políico-ideológica a respeito da inclusão dos negros e indígenas no ensino superior, docência e pesquisa, talvez eu fosse o único estudioso negro ou um dos pouquíssimos pesquisadores negros a concorrer a essa bolsa. Por coincidência, esse único negro foi o menos qualificado, por comparação. Estranha e triste coincidência!

Minha consideração especulativa poderia ser enquadrada no chamado discurso da vitimização, o que pouco me importa, pois já estamos acostumados. No entanto, os que detêm o poder de nomear os outros, ou seja, de nos nomear, são os mesmos que nos julgam, pois fazem parte do binômio saber/poder muito bem caracterizada na visão foucaultiana (Ver Michel Foucault). Neste sentido, os argumentos aparentemente científicos escondem uma relação de poder e autoridade difícil de transformar. Por isso, eu nutri certo sentimento de pessimismo que me faz acreditar que o recurso da UFRB e o apoio dos colegas não surtirão efeito de reversão da decisão da CAPES, no sentido de dar outra bolsa além das 59 concedidas. Ou seja, o recurso da UFRB e o documento de apoio do Professor José Jorge de Carvalho, coordenador do INCTI, assinado por demais colegas têm menos probabilidade de ser atendida positivamente.

Por isso, sem esperar o fechamento esperado, sinto-me no momento na simples obrigação moral de agradecer o recurso da UFRB e o apoio de vários colegas encabeçado pelo amigo e companheiro de luta, o Professor José Jorge de Carvalho. Estarei sempre disposto a colaborar com a UFRB, através de convite para participar dos seminários, proferir conferência e palestras, participar de comissões julgadoras de mestrado etc., como já o venho fazendo.

Meu muito obrigado,
Kabengele Munanga

Histórico da situação explicada em carta de solidariedade do historiador Jacques Depelchin:
O Professor Kabengele Munanga FOI EXCLUÍDO de uma seleção para professor visitante da UFRB( Universidade Federal do Recôncavo da Bahia).

Por que tanto medo do Professor Kabengele Munanga? Por que tanta raiva contra alguém que contribuiu tanto na partilha dos seus saberes? Para as pessoas pouco informadas, o Professor Kabengele Munanga se destacou na sua carreira acadêmica na USP.

Em fins de 2013 se aposentou e aceitou o convite para lecionar como Prof. Visitante Sênior na jovem universidade federal do Recôncavo da Bahia(UFRB) Baiano -UFRB. Para isso, se candidatou para uma bolsa da CAPES, Edital 28 de 2013, na Categoria de PVNS Apesar de um parecer favorável e elogioso recomendando a outorga da Bolsa pleiteada, a sua candidatura foi rejeitada, levando a um protesto de vários acadêmicos, incluindo professores da UFRB. Numa carta aberta, agradecendo este ato de solidariedade, o Professor Kabengele Munanga explica historiando o processo em que se deu o que lhe aconteceu.

Aqui, gostaria de levantar uma pergunta: alguém teria medo do Professor Kabengele Munanga e de onde viria? A necessidade de refletir sobre isso é urgente, não só para os Afro-Brasileiros, mas também para todos os Brasileiros que entendem e agem como membros duma só humanidade, pois o contexto global em que vivemos hoje, exige, com urgência, essa afirmação.

No seu livro Pele Negra, mascaras brancas, Frantz Fanon discute esta questão do medo (pp. 125-6, Edufba, Salvador 2008), focando sobre aspetos bem conhecidos pelos sobreviventes dos legados acumulados da escravidão atlântica e da colonização. Infelizmente, o próprio Fanon não entra na discussão sobre como ele superou o medo.

O medo dos adversários do Prof Kabengele Munanga é o produto, indireto, da serenidade e da franqueza com que ele tem abordado assuntos incomodantes da sociedade Brasileira, em volta das raízes do racismo, das sugestões sobre como solucionar as injustiças cumulativas herdadas dessas violências contra as partes discriminadas da humanidade.

Esse medo, quer da vitima, quer de quem tem medo da resistência das vitimas, nunca é de bom conselho. O medo dos gerentes dum sistema prisional tem uma explicação, mas, como é sobretudo visceral, a explicação a partir da razão não se aplica. Porque, como sempre aconteceu em outros casos históricos, os administradores do sistema não são preparados para enfrentar quem deveria se submeter à suas ordens, mas que, em vez, se levanta e argumenta a partir da sua consciência e com eloqüência e sabedoria uma saída honrosa para todos. Para os gerentes dum sistema injusto, as vitimas tem que se calar. Ir na contra mão dessa ordem informal é geralmente caracterizado de "impertinência" e, por isso, tem que ser punido.

Os administradores/gerentes dum legado histórico profundamente injusto tem dificuldades em parabenizar o Professor Kabengele Munanga decidir, no fim da sua careira, na pratica, dar uma lição de como corrigir as conseqüências, no nível do ensino superior, duma injustiça sistêmica contra as descendentes e os descendentes da escravidão.

Não é difícil imaginar o que se passa na mente dos adversários do Professor Kabengele Munanga. Na peça de teatro Et les chiens se taisaient, Aimé Césaire ilustrou como o rebelde escravo enfrentou o dono, no próprio quarto dele. O que aconteceu ao Professor Kabengele Munanga pode ser lido como a continuação do comportamento típico dos dominantes quando enfrentam um caso de rebeldia contra injustiça: o rebelde tem que ser punido, na medida do possível, duma maneira exemplar (leia severamente) para que outros rebeldes potenciais não sejam encorajados em imitá-lo. Historicamente, os exemplos individuais e coletivos abundam: Kimpa Vita, Zumbi, Geronimo, Abdias Nascimento, Toussaint-l'Ouverture, Cuba, Haiti, Patrice Lumumba, Amilcar Cabral, Salvador Allende, Cheikh Anta Diop, Nelson Mandela, Samora Machel, Thomas Sankara, Steve Biko, Chris Hani, Aristide, para não mencionar mais.

O Professor Kabengele Munanga, de origem Congolesa, nação de Kimpa Vita, Patrice Lumumba e outras e outros, na mente dos seus adversários, por definição, não tem direito à palavra, muito menos quando a sua fala/escrita acaba dando uma lição contundente de como superar legados históricos seculares, no Nordeste Brasileiro, para que qualquer Brasileir@ possa pensar, sonhar, e conseguir ser uma estrela, um craque intelectual.

Desde já, agradecemos a coragem do Professor Kabengele Munanga por ter continuado trilhando os caminhos das benzedeiras e dos benzedeiros sobre os quais o grande autor Ghaneense, Ayi Kwei Armah escreveu com tanta eloquencia no seu livro de ficção The Healers.

Em solidariedade,
Jacques Depelchin
Historiador
Salvador-Bahia


Fonte: Mamapress

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Maceió sediará este mês seminário sobre mulheres negras

Evento marcará passagem do Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha


Por: Marcos Jorge

Encontro que definiu a realização do seminário (Foto: Ascom)


Maceió sediará no próximo dia 29 o Seminário “Mulheres Negras: Realidade e Desafios”. O evento será realizado das 8h30 às 14 horas, no auditório da Secretaria de Estado do Desenvolvimento e da Assistência Social (Seades). Ele terá como objetivo marcar a passagem do Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho.

O encontro terá ainda a finalidade de iniciar a construção da Marcha das Mulheres Negras 2015 em Alagoas, que está sendo organizada pela sociedade civil e discutida em várias cidades brasileiras.

O evento foi definido durante reunião do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir), realizada na manhã desta quarta-feira (9) no auditório da Superintendência de Direitos Humanos da Secretaria de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos.

Trará como palestrante Valdecir Pedreira do Nascimento, que é membro do Odara - Instituto da Mulher Negra, da Bahia, e integrante do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial.  

O seminário contará ainda com a participação da professora da Universidade Federal de Alagoas e integrante do Conselho Estadual  dos Direitos da Mulher  (Cedim) Cida Batista de Oliveira.

Na pauta do evento também estará a realidade que a mulher negra vive no Brasil no tocante à falta de políticas públicas e o que pode ser feito para tenham seus direitos garantidos.


Instituído 


O Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha foi criado em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, em Santo Domingos, República Dominicana.

Estipulou-se que este dia seria o marco internacional da luta e da resistência da mulher negra. Desde então, sociedade civil e governo têm atuado para consolidar e dar visibilidade a esta data, tendo em conta a condição de opressão de gênero e racial/étnica em que vivem estas mulheres, explícita em muitas situações cotidianas.

Já a Marcha tem como objetivo levar a discussão sobre o racismo e a reação das mulheres negras Brasil afora: nas comunidades, nos municípios do interior, nos quilombos, nas capitais e nos estados.

A reunião foi conduzida pela presidente do colegiado, jornalista Valdice Gomes, e contou com a participação da superintendente de Direitos Humanos, Lilian Lamenha.


Fonte: Ascom - Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Selo especial da Umbanda é lançado em Alagoas



Os Correios em parceria com a Fundação Cultural Palmares farão o lançamento em Alagoas do selo especial Umbanda – Sincretismo Religioso Brasileiro. O evento acontece hoje (09.07), às 19h, no Museu da Imagem e do Som (MISA) localizado no bairro histórico do Jaraguá em Maceió.

O selo possui o desenho do fundador da Umbanda, Zélio Fernandino do Moraes e dois atabaques, instrumento musical e símbolo oficial dessa religião. Foi oficialmente lançado no mês de maio em quatro cidades (Brasília, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo) e será comercializado até o dia 31 de dezembro de 2017.

A cerimônia contará com a presença do presidente nacional da Fundação Cultural Palmares, do diretor regional dos Correios, além de adeptos das religiões de matrizes africanas e integrantes do movimento negro alagoano.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Copa e racismo

No próximo domingo (13.07) terá a grande final da Copa do Mundo de futebol, que tem sido considerada pela imprensa estrangeira como a “copa das copas”. A todo tempo, é vendida a imagem de harmonia entre as torcidas, dentro dos estádios, nos bares, nos transportes públicos, além da divulgação dos exemplos de solidariedade de cidadãos honestos que devolvem ingressos e objetos perdidos. 

No entanto, o desrespeito é visível e pouco criticado, quando palavrões e insultos são entoados para a presidente do país que sedia a competição, ou quando, esses mesmos anfitriões vaiam o hino do país adversário. Bom, alguns diriam que isso é liberdade de expressão e é extremamente normal. E quando o assunto é preconceito, são várias as formas de expressão e que não recebem qualquer tipo de punição, apesar da ampla campanha #copasemracismo. 

As postagens racistas, de xenofobia e até mesmo de incentivo à pedofilia, tem sido encaradas como práticas comuns, não só direcionadas às equipes e jogadores, e sim, atingindo diretamente suas famílias e culturas. As pessoas estão passando do limite, se fortalecem em frente às telas dos equipamentos eletrônicos, para disseminar o ódio.

Enquanto isso, a Fifa tenta ao longo dos anos investir em ações que promovam o combate do racismo e outras formas de intolerância, inclusive, incentivou que os jogadores e torcedores fizessem algumas selfies nas redes sociais postando a frase #DigaNãoAoRacismo. 

A partir dos jogos pelas quartas de final na Copa do Mundo, os capitães das seleções leram no idioma oficial do país a mensagem: "Rejeitamos qualquer tipo de discriminação de raça, orientação sexual, origem ou religião. Através do poder do futebol, podemos ajudar e livrar o nosso esporte e a nossa sociedade do racismo. Assumimos o compromisso de perseguir esse objetivo e contamos com você para nos ajudar nesta luta". E após a execução dos hinos, todos os jogadores titulares e o trio de arbitragem posam para os cinegrafistas e fotógrafos segurando uma faixa com a frase: "Say no to racism" (Diga não ao racismo). 

Toda iniciativa que busque promover a paz e o respeito são bem vindas, porém, as mudanças de atitudes precisam ser mais evidentes e constantes. Caso contrário, seguiremos para o mundo da barbárie. 



Fonte: Coluna Axé - 302ª edição - Jornal Tribuna Independente (08 a 14/07/2014) / Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL) 
Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

sábado, 5 de julho de 2014

Oficina capacita comunidades de matriz africana para edital do IPHAN


Comunidades tradicionais de matriz africana de Maceió concorrerão com grupos de todo o Brasil na primeira edição do Prêmio Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, lançado este ano pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). As inscrições estão abertas e podem ser feitas até 19 de julho.
Para ajudar as instituições interessadas em participar do concurso, a Fundação Municipal de Ação Cultural (Fmac), em parceria com a Superintendência Estadual do IPHAN em Alagoas, realiza uma oficina para leitura comentada e esclarecimento de dúvidas sobre o edital. A capacitação está marcada no dia 10 de julho, às 9 horas, no auditório da Superintendência do IPHAN, que fica Rua Sá e Albuquerque, 157, no bairro de Jaraguá.
A oficina será ministrada pela técnica do IPHAN e representante dos segmentos Arquivo, Patrimônio Material, Imaterial e Museus no Conselho Municipal de Políticas Culturais de Maceió, Greiciene Lopes. Ela vai fazer uma abordagem a partir da leitura do texto do edital e poderá elucidar as dúvidas apresentadas pelos participantes .
Sobre o Prêmio
O objetivo do Prêmio Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana é promover o reconhecimento das ações de preservação, valorização e documentação desse patrimônio cultural brasileiro. O concurso esta dividido em duas categorias.
A primeira categoria selecionará dez projetos para receber uma premiação de R$ 40 mil cada. Neste caso, serão contempladas ações realizadas de preservação do Patrimônio Cultural Tombado ou em Processo de Tombamento pelo IPHAN, que tenham sido desenvolvidas por associações representativas dos povos e comunidades tradicionais de matriz africana.
Na segunda categoria serão distribuídos 25 prêmios, de R$ 24 mil cada, para ações de preservação do Patrimônio Cultural que tenham sido desenvolvidas pelas associações representativas dos povos e comunidades tradicionais de matriz africana de todo o Brasil.
Apenas instituições formalizadas como pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos poderão participar da seleção. As inscrições devem ser encaminhadas via Sedex, ou serviço similar, e endereçadas aos cuidados do Departamento de Patrimônio Imaterial do IPHAN até o dia 19 de julho. Postagens enviadas fora do prazo serão desclassificadas. Para mais informações é possível contatar o IPHAN pelo endereço: povos.matrizafricana@iphan.gov.br .
Fonte: Clarissa Veiga/ Ascom FMAC